Igreja se prepara para iniciar a celebração de um novo ano litúrgico
No próximo final de semana, a Igreja inicia um novo ano litúrgico, todo ele acompanhado pelo evangelista Mateus. Já no próximo domingo passa a celebrar o tempo do advento. Mas é preciso ressaltar que em cada missa que participamos, ali contemplamos o mistério todo da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhora Jesus Cristo. A atenção principal sempre é a Salvação que Deus derrame sobre seu povo.
Diferente do ano civil, mas não contrário a ele, o Ano Litúrgico não tem data fixa de início e de término. Sempre se inicia no primeiro Domingo do Advento, encerrando-se no sábado da 34ª semana do Tempo Comum, antes das I Vésperas do domingo, após a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. Esta última Solenidade do Ano Litúrgico marca e simboliza a realeza absoluta de Cristo no fim dos tempos. Daí, sua celebração no fim do Ano Litúrgico, lembrando, porém, que a principal celebração litúrgica da realeza de Cristo se dá sobretudo no Domingo de Ramos e da Paixão.
Para o assessor eclesiástico da Comissão Arquidiocesana de Liturgia (CAL), padre Vanildo de Paiva, o ano litúrgico quer manifestar todos os feitos salvíficos realizados por intermédio de Jesus Cristo.
“Chama-se Ano Litúrgico o tempo em que a Igreja celebra todos os feitos salvíficos operados por Deus em Jesus Cristo. Através do ciclo anual, a Igreja comemora o mistério de Cristo, desde a Encarnação ao dia de Pentecostes e à espera da vinda do Senhor (cf. SC nº 102). Como diz Juan Javier Flores, ‘O ano litúrgico é a presença objetiva e espiritual de toda a obra da redenção, em sua unidade, que transcende todos os tempos. Em cada festa torna-se presente seu mistério, no qual a Igreja vive a Páscoa do Senhor’. Ano Litúrgico é, pois, um tempo repleto de sentido e de simbolismo religioso, de essência pascal, marcando, de maneira solene, o ingresso definitivo de Deus na história humana. É o momento de Deus no tempo, o ‘kairós’ divino (tempo da graça de Deus)na realidade do mundo criado. Tempo, pois, aqui entendido como favorável, ‘tempo de graça e de salvação’, como nos revela o pensamento bíblico (cf. 2Cor 6,2; Is 49,8a)”, escreveu.
Mas as celebrações não são apenas um saudosismo passado, mas sempre numa perspectiva escatológica.
“As celebrações do Ano Litúrgico são sempre dinâmicas e cheias da vitalidade pascal. Portanto, não se fixam no passado de nossa história salvífica como que comemorando-o apenas, mas projetam-se também no futuro, na perspectiva do eterno, e, pela sacramentalidade da liturgia, fazem do passado e do futuro um eterno presente, o “hoje” de Deus (cf. Sl 2,7; 95(94),7; Lc 4,21; 23,43; Hb 4,7), cheio de sua graça e de seu amor. Aqui pois visível, real, mística e sacramental a dimensão escatológica de todas as celebrações do Ano Litúrgico. Por tudo o que aqui se expõe, podemos então saber que o Ano Litúrgico tem como cerne o Mistério Pascal de Cristo, centro vital de todo o seu organismo. Nele palpitam as pulsações do coração de nosso Salvador, enchendo da vitalidade de Deus o corpo da Igreja e a vida dos cristãos”, afirmou.
Os mistérios sublimes de nossa fé são celebrados no Ano Litúrgico, e este se divide em dois grandes ciclos: o Ciclo do Natal, em que se celebra o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e o Ciclo da Páscoa, em que celebramos o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, como também sua ascensão ao céu e a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja, na Solenidade de Pentecostes.
“O Ciclo do Natal se inicia no primeiro Domingo do Advento e se encerra na Festa do Batismo do Senhor, tendo seu centro, isto é, sua culminância, na Solenidade do Natal do Senhor. Já o Ciclo da Páscoa tem início na Quarta-Feira de Cinzas, início também da Quaresma, tendo o seu centro no Tríduo Pascal da Morte e Ressurreição do Senhor, encerrando-se no Domingo de Pentecostes. A Solenidade de Pentecostes é o coroamento de todo o Ciclo da Páscoa. Entremeando os dois ciclos do Ano Litúrgico, encontra-se um longo período, chamado ‘Tempo Comum’. É o tempo verde da vida litúrgica. Após o Natal, como que exprime a floração das alegrias natalinas, aí aparecendo o início da vida pública de Jesus, com suas primeiras pregações e sua caminhada missionária. Após o Ciclo da Páscoa, este tempo verde anuncia vivamente a floração das alegrias pascais, as quais devem alimentar sempre a vida dos cristãos. Os dois ciclos litúrgicos, com as suas duas irradiações vivas do Tempo Comum, são como que as quatro estações do Ano Litúrgico”, explicou.
No centro do Ano Litúrgico encontra-se Cristo, no seu Mistério Pascal (Paixão, Morte e Ressurreição). É o memorial do Senhor, celebrado na Eucaristia. O Mistério Pascal é, portanto, o coração do Ano Litúrgico, isto é, o seu centro vital, em torno do qual gira toda a Liturgia, recebendo toda a sua força salvífica.