Quaresma: por que vivê-la?
Dom José Tolentino Mendonça, cardeal português, escreve em sua catequese nos perguntando o porquê de começar a quaresma? Ele responde com clareza para orientar-nos. Começamos a quaresma porque precisamos “renascer”. Carregamos em nós esse “inacabamento” e a possibilidade de ser mais, por isso procuramos o que está ao nosso alcance para viver com alegria e entusiasmo a condição de discípulos de Jesus.
Somos precisados da quaresma, por isso a começamos e nela somos chamados a dar lugar ao Espírito em nossas vidas. É abrindo os caminhos a partir de dentro, da novidade no nosso cotidiano, e acreditar que é possível.
Vivemos o tempo quaresmal como oportunidade de conversão e seguimento do Evangelho, porque acreditamos no amor de Deus. Deus nos ama e esse amor põe-nos na dependência de aliança num constante florescimento. Unindo-nos ao Amor Maior, vislumbramos uma nova criatividade, um novo fôlego, uma nova respiração, que certamente nos levará a uma nova etapa de nossa vida.
Façamos este caminho da quaresma com realismo. As mudanças que importam para nossas vidas, acontecem de forma paciente. Há que estarmos preparados para um caminho de combate às muitas tentações. O papa Francisco orienta-nos que “a quaresma vem recordar-nos que o bem, como aliás o amor, a justiça e a solidariedade não se alcançam duma vez para sempre; há de ser conquistados cada dia”. Por isso, queremos alcançar com perseverança e alegria a Páscoa do Senhor Jesus pelo tripé da oração, do jejum e da caridade. “O que Deus nos pede não é o impossível, Deus nos pede coisas possíveis: O que tenho que fazer é uma coisa pequena, não uma coisa grande; o que tenho de fazer é uma coisa pessoal, não uma coisa para os outros; e o que tenho de fazer é uma coisa possível.” (#tolentinomendonca)
No Brasil, há um jeito especial de viver a quaresma, através da Campanha da Fraternidade, que neste ano foi inspirada na encíclica do papa Francisco Fratelli Tutti, com o tema: “Fraternidade e Amizade Social” e o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt 23,8). Um convite especialíssimo para a amizade social e a busca para que todos sejamos fraternos e tudo fraterno, numa fraternidade universal, tal como cantou São Francisco de Assis. O que significa dizer que somos todos irmãos? É amarmos, sobretudo o pobre, a quem Jesus tanto amou com predileção. A Campanha da Fraternidade nos ajude a ver nos pobres e necessitados verdadeiros irmãos e irmãs. São pobres: os idosos desamparados, as crianças sem família que as ampare, os moradores de rua sem perspectivas de vida digna, os indígenas abortados de suas terras e tantos outros grupos excluídos da sociedade e do convívio de amizade social.
Que nosso coração se abra à “fraternidade social que favoreça a vida em sociedade, à sobrevivência sobre a Terra, nossa casa comum, sem jamais perdermos de vista o céu, onde o Pai nos acolherá a todos como seus filhos e filhas” (Papa Francisco)
Referências:
Site: Vatican News Português, 19 de fevereiro de 2024.
Inspiração em texto de Dom José Tolentino Mendonça, no Facebook.
Referência da imagem: by Getty Images / FREDERICA ABAN / cancaonova.com