#Reflexão: 12º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 20 de junho)

18 de junho de 2021

A Igreja celebra neste domingo (20), o 12º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – Jó 38,1.8-11

Salmo – Sl 106,23-24.25-26.28-29.30-31 (R. 1b)

2ª Leitura – 2Cor 5,14-17

Evangelho – Mc 4,35-41

A FÉ EM JESUS QUE ACALMA O MAR

As leituras deste 12º domingo nos colocam em meio à tempestade e o medo. Como Jó e os discípulos de Jesus, também nós nos vemos atingidos por um mal que se abateu sobre todos nós: a Pandemia.

Jó encontra-se no meio de uma tempestade que representa seus problemas e angústias diante de Deus. Não obstante sua fé e sua confiança, ele se encontrava miserável (havia perdido tudo) e estava com uma doença que matava aos poucos. Ele não conseguia entender o porquê de tudo aquilo que estava passando, pois ele sempre foi fiel a Deus. Jó não se revolta, mas pergunta qual o sentido e a resposta para tantos sofrimentos.

Deus pede a Jó que tivesse confiança e fé, pois somente Ele tem poder sobre todas as coisas do mundo e sobre cada pessoa seja quando está bem quanto está com problema. Assim, Jó escolhe confiar nos desígnios de Deus, mesmo sem compreender tudo que estava acontecendo. No final, ele foi recompensado por Deus.

No Evangelho, tudo também acontece em meio a uma tempestade. Jesus tinha escolhido seus discípulos, já havia realizado alguns milagres, curas e exorcismos. No início da noite, Jesus decide ir com os apóstolos para o outro lado do lago, lá ficava a terra dos pagãos.

Aqueles homens eram pescadores acostumados com barcos e tempestades, mas aquele fim de tarde, tudo foi diferente. Marcos nos conta com detalhes que “eles tinham levado Jesus” e Ele se acomodou “na popa do barco e dormia sobre uma almofada”. Era onde ficava o leme que guiava o barco. Jesus dormia tranquilamente, mas ao seu lado tudo estava agitado por uma tempestade. Durante as noites escurecidas é que nascem os maiores medos e as perguntas mais difíceis sobre a presença de Deus. Jesus confiava na capacidade daqueles pescadores de conduzir o barco, mas eles não expressavam a mesma confiança naquele que estava dentro da embarcação. Jesus nos lembra Jonas que dormia tranquilo no ventre do barco enquanto o mar estava em meio a uma terrível tempestade. O profeta também confiava em Deus.

Os apóstolos estavam ainda no início do seu apostolado, é certo. Acreditavam em Jesus e confiavam Nele, mas enquanto tudo estava caminhando bem e sem “tempestades”. Ao iniciarem a viagem onde eles teriam que conduzir a barca para outros lugares e em terras de gente que não tinha a mesma crença que eles, tudo se apresentou desafiante e até desesperador. Mas, o mesmo Jesus estava com eles. Era preciso começar a prepará-los para o tempo em que teriam que remar movidos pela fé na presença de Cristo.

A tranquilidade de Jesus é vista pelos discípulos como um descaso. Nosso Senhor é “acusado” de abandonar os discípulos em meio à tempestade. Mas não é assim! Ele confiava nos apóstolos em fazer o que sempre faziam; os apóstolos é que tinham se esquecido de quem eram Jesus.

Os apóstolos deveriam fixar-se em Jesus: Ele estava ali com eles! Muitas vezes, nós preferimos olhar as tempestades, nos deixarmos amedrontar pelos ventos fortes, pelo mal que aparenta querer afundar nossa barca, mas não deve ser assim: Jesus está conosco! Ele prometeu permanecer conosco até o final dos tempos e nada pode ser maior que Jesus!

Colocar-se em missão, viver a vontade de Jesus e procurar “transportá-lo” aos outros, as tempestades serão inevitáveis, os desafios imensos, os problemas e perseguições constantes, mas jamais devemos nos esquecer de que Jesus está sempre ao nosso lado. Somos nós que devemos conduzir nosso barco, mas é Jesus quem nos protege e nos guia.

Os apóstolos se deixando abater pela tempestade ao acordarem Jesus, chamam Sua atenção reprovando a sua aparente indiferença. Nosso Senhor, primeiro, acalma o mar e a tempestade com o mesmo gesto e palavras que expulsou demônios e curou as pessoas: Jesus é o mesmo sempre! Mas, também chama atenção dos discípulos: por que estais com medo? Por que não tendes fé? Para Jesus, o contrário da fé não é a descrença, mas o medo de que Jesus não é o mesmo de sempre; que a pessoa está sozinha.

A Pandemia atual nos jogou neste mar de inseguranças e medos, mas Jesus está sempre conosco! Está sempre presente, mas do seu modo! Ele não intervém e não fará nada no nosso lugar, mas conosco.

Os discípulos esperavam que Ele, novamente, agisse e resolvesse tudo (como depois ele fez). Eles cobram de Jesus por não agir, demonstrando uma fé muito frágil e fraca: bastou um mar agitado para se esquecerem de quem era o Mestre Jesus. Cristo não nos protege do medo, mas nos protege no medo; Não nos tira dos desafios, mas nos protege nos desafios. Um grande desafio para os discípulos e para nós é acreditar que Jesus sempre está presente mesmo que não mais se sente sua presença física. Ele nunca nos abandona, mesmo quando não se veem mais milagres e prodígios. Eles ainda acreditavam que Jesus, sozinho, teria que resolver tudo como sempre. Jesus sempre pode fazer isto, mas Ele nos dá forças nos braços para enfrentar as ondas; nos fortalecer na luta para o barco não virar; iluminar nossa visão para encontrar terra firme. Queremos muitas vezes desistir de lutar, mas Ele será sempre a nossa energia e perseverança. Ele quer agir em nós e sempre conosco!

Senhor Jesus, que nossa fé nos torne pessoas novas e nos fortaleça diante das tempestades e dos desafios. Seja nosso guia em nosso barco e ilumine sempre nossa jornada a terra firme dos seus braços!

 

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