#Reflexão: 15º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 11 de julho)

8 de julho de 2021

A Igreja celebra neste domingo (11), o 15º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – Am 7,12-15

Salmo – Sl 84,9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)

2ª Leitura – Ef 1,3-14

Evangelho – Mc 6,7-13

ANUNCIAR A FÉ COM A VIDA E PALAVRAS

Marcos, no Evangelho deste Domingo, nos apresenta as condições daqueles que foram chamados por Jesus em um primeiro momento para estar com Ele e depois foram enviados. Não se trata de uma missão específica daqueles apóstolos no tempo de Jesus, mas de todos que creem e assumem a fé em Cristo. Nós também somos chamados a fazer parte desta Escola de Discípulos de Cristo e também assumirmos nossa missão.

Jesus convocou e montou o grupo dos apóstolos já no início do seu ministério (Mc 3,13ss). Eles passaram a viver com o Mestre Jesus; viram e ouviram Dele um novo ensinamento, agora era hora de começar a colocar em prática. Marcos inicia afirmando que Jesus chamou os doze (apóstolos), isto para recordar que a iniciativa e a missão nascem sempre de Jesus, ninguém faz nada por iniciativa e em nome próprio, mas é convocado e enviado por Cristo com várias orientações e condições. Aquilo que Nosso Senhor lhes pede, Ele mesmo procurou viver e testemunhar. Os discípulos deveriam repetir o que aprenderam e ouviram de seu Mestre.

São enviados em dupla para que um fosse o suporte do outro, também para confirmar as palavras que ouviram e que juntos deveriam testemunhar.

O testemunho não se reduz a palavras e expressões, mas na vivência primeiro entre os dois e depois com os outros. Os discípulos não são enviados para falar de teorias e belas palavras, mas para testemunhar. Eles deveriam tudo operar em Nome de Jesus, pois somente Ele tem o poder de vencer o mal. Assim, Jesus lhes dá este poder e Ele próprio age em cada discípulo para que possa vencer o mal.

Jesus “ordenou-lhes” (v.8). Poucas vezes encontramos da parte de Jesus em Marcos um verbo no imperativo, não é um pedido ou sugestão, mas condição fundamental (o que deveriam levar ou renunciar) para que a missão desse certo e produzisse frutos. Ao missionário, Jesus ordena para não levar nada que esteja ligado à segurança deste mundo: nem pão, nem mochila, nem dinheiro no cinto e nem duas túnicas. O discípulo que é enviado por Jesus deveria confiar na providência e acreditar na assistência de Jesus. O maior tesouro e a maior riqueza daquele que parte em missão deve ser a sua mensagem e a sua fé que devem ser vistos no total desprendimento das coisas deste mundo.

Jesus envia em missão seus discípulos, mas Ele mesmo caminha com eles; é a força que precisam para enfrentar até o mal e Ele mesmo provê tudo de que precisam.

Aos discípulos lhes é permito levar duas coisas: o bastão que servia como suporte para o caminhante (para Mateus, nem isto foi permitido); e as sandálias que distinguia um homem livre de um escravo ou vagabundo. O discípulo realiza tudo no pleno exercício de sua liberdade e escolha, tendo sua fé em Cristo Jesus como a única e a principal força para evangelizar.

Os discípulos, ao chegarem a uma vila, deveriam se hospedar na primeira casa que oferecesse acolhida. Isto já representava a confiança na assistência de Deus para aqueles que são missionários: Deus provê o necessário inclusive o alojamento. Aqueles que resolvem escolher um local melhor, já começam a negar a providência divina e revelam preocupação com outros valores (melhor casa, boa comida, cama aconchegante…).

Deus conhece nossas necessidades e sempre providencia aquilo de que realmente precisamos. A missão já deve começar na casa, na família que acolhe e depois nas praças.

O Mestre alerta sobre a rejeição à sua mensagem. O próprio Jesus foi rejeitado, os discípulos certamente vão encontrar a mesma reação em alguns lugares. O convite de Jesus de “sacudir o pó dos calçados” pode aparentar uma reação negativa pela negação da evangelização, mas a intenção é outra. Jesus convida, inicialmente, a não revidar, nem enfrentar e muito menos protestar contra as pessoas; simplesmente devem deixar aquele local. O gesto de sacudir o pó não é “contra eles”, mas “para testemunhos contra eles”, ajuda a testemunhar que os discípulos respeitam a “não aceitação” do anúncio e por isso, tudo que pertence a eles, com eles deve ficar inclusive o pó daquele chão. O fato de não revidar, nem jogar pragas ou fazer ameaça, mas respeitar a liberdade daquelas pessoas, deixa em aberto uma pequena porta de esperança.

Quando se grita e se ameaça, todas as portas se fecham. O mais importante para o discípulo não é carregar nem rancor e nem mágoa, mas deixar o negativo pra trás. Nos casos de rejeição, nem o pó dos calçados (mínima coisa) deveriam levar com eles. O importante é partir para a próxima missão, livre e leve com tudo de bom que Deus fez e operou por meio deles.

Rejeitar a Palavra de Deus não é algo novo. Os profetas também foram rejeitados. Eles são porta-voz da vontade de Deus que nem sempre são palavras de elogio. Amós (1a leitura) sofreu isto na própria pele. Ele que nunca tinha pensado em ser profeta, foi convocado, “retirado” do seu ofício comum no campo para anunciar a vontade de Deus inclusive para o rei que não apreciava nada daquilo que Deus falou através do seu profeta.

Marcos, no final do Evangelho, compartilha o bom resultado da missão dos apóstolos que não somente expulsaram demônios em nome de Jesus, como também curaram doentes. Jesus realiza curas com simples gestos e palavras, os apóstolos usavam um óleo especial e preparado por Jesus como meio de cura (conferir ainda: Tg 5,13-16), um costume que perdura na sua Igreja até hoje.

A mensagem do discípulo deve ser alegre e viva como nos propõe Paulo na 2ª leitura, cheia de esperança em relação ao amor de Deus manifestado em Jesus e através de sua vida. A fé e o testemunho são os principais instrumentos de tudo, pois a evangelização passa muito mais pela vida e por atos de fé, do que pelas palavras.

 

Faça o download da reflexão em PDF