#Reflexão: 1º domingo do Advento (27 de novembro)

23 de novembro de 2022

A Igreja celebra, no dia 27, o 1º domingo do Advento. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 2,1-5

Salmo: 121(122),1-2.4-5.6-7.8-9 (R. cf. 1)
2ª Leitura: Rm 13,11-14a
Evangelho: Mt 24,37-44

Acesse aqui as leituras.

VINDA DE JESUS, DIA DE ALEGRIA E LIBERTAÇÃO

            Iniciamos um novo caminho e ano litúrgico neste domingo. As quatro semanas do Advento nos ajudarão nesta estrada para acolhermos com alegria e simplicidade o Nascimento de Jesus. Mais do que nunca precisamos preparar o nosso coração para o Natal de Nosso Senhor, pois precisamos de muitos graças e bênçãos de Deus particularmente nestes últimos tempos.

Neste tempo de recolhimento e oração, somos convidados a rever nossa vida e nossos valores confrontando com os ensinamentos de Jesus e com suas propostas de vida. O mundo possui inúmeros projetos de alegria e de felicidade, mas estão se revelando limitados e frustrantes, pois fundamentam tudo em uma alegria que se esgota na realidade material e física, restrita a momentos e a algumas pessoas. O projeto de Reino de Deus inicia neste mundo, envolve todas as pessoas e nos conduz a verdadeira felicidade que ultrapassa nossa existência e história. Jesus, com sua vinda, procurou nos ensinar o caminho que somos convidados a redescobrir nestes dias e percorrer em toda nossa vida.

Na primeira leitura, o profeta revela o sonho de Deus para toda a humanidade. Será um tempo de união, de encontro, de alegria e de fraternidade. Tempo onde tudo será feito para o bem do próximo: as espadas serão transformadas em instrumentos para produzir pão; as lanças serão convertidas em foices para a colheita. A Palavra e a lei de Deus guiarão o povo de Deus. Todos serão especialistas não na arte da guerra, mas em produzir paz e o bem estar pra todos. Mas, é necessário caminhar nos caminhos do Senhor, seguir seus passos e se deixar guiar por seus ensinamentos e mandamentos.

            Palavras corajosas do profeta que pregou o contrário daquilo que o povo estava fazendo: o país se preparava para a guerra. Aquilo que era fundamental para a subsistência da sua gente (arado e foices) estava sendo transformado em armas de guerra: Esperança inútil de uma paz que o povo de Deus nunca conheceu.

No tempo de Jesus, Israel não se encontrava em guerra e o país possuía uma aparente tranquilidade. Tudo estava acontecendo conforme a tradição e os costumes judaicos isto tudo com a aprovação do estado romano. Exatamente esta aparente serenidade oferecida pelo império romano que Jesus procurou questionar e alertar seus discípulos e o povo que o seguia.

Jesus representava o novo projeto de Deus que era algo que ia além de tudo que todos estavam acostumados ver: Recolocar o ser humano no centro de tudo e acima de tudo. O mundo na época de Cristo progredia aparentemente muito bem, mas as pessoas (principalmente os excluídos) encontravam-se abandonadas pelo Estado e até mesmo pela religião judaica. O Reino de Deus inaugurando com a vinda de Cristo tinha como principal proposta o amor que brota de Deus, mas que deveria contagiar a todos. Assim, Jesus fez a opção de estar no meio das pessoas e ali ensinar o que significava a misericórdia de Deus.

Resgatando uma situação conhecida de todos (história de Noé), Jesus exorta que o novo de Deus nem sempre é percebido pela maioria das pessoas. A presença de Deus (Filho do Homem) era algo que já estava acontecendo, mas poucos tinham percebido, como nos dias de Noé. Naquele tempo, tudo transcorria como de costume e todos viviam suas vidas fazendo o que sempre foi feito: comiam, bebiam, casavam-se até o momento em que o Dilúvio teve início. Segundo Jesus, as pessoas não estavam fazendo nada de anormal ou errado, mas havia um grande problema: na vida de todos, Deus não tinha mais espaço. As pessoas viviam suas vidas sem se importar com Deus e os seus mandamentos. O livro da Gênesis nos diz que o pecado tinha se espalhado por todos os lados e o mundo tinha se corrompido. As pessoas tinham perdido a sensibilidade pelas coisas de Deus.

            Vivemos um tempo semelhante ao de Noé. As pessoas têm tempo para tudo menos para as coisas de Deus. Muitos levam uma vida como se tudo se resumisse a este mundo e esta existência e quando se deparam com algo que rompe esta normalidade, veem desabar tudo que lhes dava segurança. Noé e seus familiares estavam sintonizados com Deus e viveram suas vidas como os outros, mas buscando sempre estar em comunhão com Deus.

No tempo do Dilúvio, a destruição foi geral e indiscriminada; segundo Jesus no Evangelho, no tempo da vinda do Filho do Homem tudo será pesado conforme a história de cada um. O juízo de Deus levará em conta como cada pessoa conduziu sua vida. Assim, dois homens estarão trabalhando normalmente, um será tomado e outro deixado. Da mesma forma duas mulheres em seus afazeres domésticos: uma será tomada e outra deixada. Mesmo sendo pessoas da mesma família e com profundos laços, o destino de cada será independente.

Jesus convida a vigilância, pois tudo acontecerá sem que se saiba o momento exato. Vigiar para Jesus é estar atendo não ao momento quando tudo chegará ao seu final, mas em como cada um está conduzindo sua própria existência. Não é um convite para ficar olhando para o céu (em busca de sinais), mas uma analisar como cada um está vivendo sua vida. A tranquilidade e a serenidade podem ser somente sinais de um bem estar para as coisas deste mundo, mas também um grande sinal de uma vida vazia da presença de Deus.

Com uma imagem muito usada por Jesus, o alerta continua para vigiar contra a vinda do ladrão. Para aqueles que estão em comunhão com Deus, será um tempo de encontro e de lucro, pois a salvação eterna se aproxima; para aqueles que estão apegados a este mundo, a vinda de Nosso Senhor será como se fosse um ladrão. Para esses últimos, será tempo de tristeza, de perda e um grande vazio.

            Paulo na segunda leitura também convida todos a não se apegarem às coisas deste mundo. Segundo ele, nós somos cidadão dos céus e por isto devemos caminhar como filhos da Luz sem temer as forças deste mundo, pois se estamos em paz com Deus ninguém poderá nos acusar de nada.

Por fim, Jesus convoca seus seguidores à vigilância constante, pois tudo pode acontecer a qualquer momento. Cabe a cada fiel construir sua vida como Noé viveu seus dias: procurando responder a vontade de Deus e conduzindo sua vida em meio aos outros de sua terra. Precisamos redescobrir o caminho da luz deixado por Jesus, iluminar nossos passos com as Palavras e principalmente, marcar nossa existência com o testemunho de nossa fé.

O tempo do Advento é o momento em que somos convidados a um recolhimento para esvaziar nossos corações de tantas coisas inúteis deste mundo, e dessa forma, preparar nossa vida para renovar, mais uma vez, a presença de Deus que um dia veio a este mundo em uma criança e a cada momento de nossa existência se aproxima de nós em cada pessoa que encontramos em nossa estrada.

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