#Reflexão: 1º Domingo do Advento (Ano C – 28 de novembro)
A Igreja inicia novo ano litúrgico neste domingo (28), celebrando o 1º Domingo do Advento. Reflita e reze com a liturgia deste dia.
1ª Leitura – Jr 33,14-16
Salmo – Sl 24,4bc-5ab.8-9.1014 (R.1b)
2ª Leitura – 1Ts 3,12-4,2
Evangelho – Lc 21, 25-28.34-36
VINDA DE JESUS, DIA DE ALEGRIA E LIBERTAÇÃO
Com este domingo, a Igreja inicia um novo tempo de reflexão e meditação. O Advento e o Natal nos oferecem mais uma vez a oportunidade de mergulharmos no passado em relação a tudo o que aconteceu com Jesus, desde antes do seu nascimento. As leituras nos apresentam um convite a sairmos de nossas cidades, nos dirigirmos à periferia de uma vila, a contemplar uma família com um recém-nascido. O Natal nos questiona e balança nossas estruturas que se apresentam tão seguras e suficientes. Por que Deus escolheu nascer em uma realidade com quase nada daquilo que desejamos e esperamos? Teremos oportunidade de aprofundar este mistério mais adiante.
No Advento, as leituras nos ajudam a entender muita coisa do passado, mas também nos lembram de nossas esperanças em relação ao futuro. Na primeira leitura, Jeremias nos traz uma profecia sobre o Messias. Na boca do profeta, Deus nos fala que um dia surgirá alguém da casa de Davi: um rebento pequeno e frágil, mas que trará a promessa de vida. Ele portará a todos: justiça, segurança e estabilidade da parte de Deus.
Em Jesus, cumprem-se todas as promessas do passado. Ele plantou em nossa história – e já está germinando – um reino diferente: humano e divino. Os primeiros cristãos, desde o início, entenderam que a história iniciada por Jesus desde o seu nascimento (mas, sobretudo com a Sua Ressurreição) desencadeou na história um momento novo. O mundo e tudo que existe estão caminhando em uma direção: para o encontro final com Deus. Muitos acreditam que a história faz o seu percurso sem Deus e que os acontecimentos ao nosso redor são fruto do mero acaso. Porém, para nós que cremos, é Deus quem governa tudo e todas as coisas!
Os primeiros cristãos tinham entendido isso desde o início, por isso – como vemos na segunda leitura – Paulo sugere a seus irmãos na fé a avançarem ainda mais na caridade mútua, tornarem-se irrepreensíveis e santos na presença de Deus, pois um dia Jesus virá com toda sua glória, com todos os seus santos. Enquanto o dia da manifestação plena de Jesus na história não chega, Paulo nos convida a procedermos como agrada o Senhor.
Jesus, no Evangelho de Lucas, nos adverte sobre a sua vinda (como Filho do Homem sobre as nuvens), mas, principalmente, o que tudo isso deve significar para nós que cremos Nele.
No início, Jesus disse que “haverá sinais” nos astros. Sinal é algo que representa outra coisa, que é sutil, e, por isso, nem sempre muito evidente. Porém, quem tem sensibilidade consegue enxergar mais a fundo e além, como um médico ao examinar um paciente: cada sintoma significa algo e a soma deles dão a entender um prognóstico. Tais sinais serão vistos no Sol, na Lua e nas estrelas. Naquele tempo, os grandes impérios possuíam divindades ligadas aos astros (o Império Romano adorava o deus Sol). Essa referência aos astros sugere que os poderosos seriam destronados de seus poderes.
Esses astros representavam para o povo da época de Jesus tudo aquilo que era estável e fixo. Entre tantas dúvidas, a única certeza que se possuía era que, após o pôr do Sol, viria a noite e, depois, viria o dia. As pessoas estavam convencidas que o mundo não iria mais mudar: tudo tinha se estabilizado e se tornado perene. Ainda hoje, temos muitas pessoas que pensam que o mundo não terá outro destino e que a história não terá um desfecho final, pois tudo se tornou definitivo, imutável, sendo os homens os governantes do destino da terra. Isso é uma falsa sensação de estabilidade, pois a história está em constante mudança e um dia terá sua conclusão.
Jesus alerta que, para aqueles que estão ligados a esta estabilidade do mundo onde nem Deus e nem a humanidade fazem parte, a proximidade do encontro com Deus, que se antecipará com a vinda do Filho do Homem, terá dias de aflição, angústia, medo ao extremo diante do abalo das forças deste mundo. Assim, nós estamos caminhando para um tempo de plena realização da vontade de Deus, no qual a humanidade será o valor principal neste mundo e as forças negativas e os maldosos vão desaparecer. O mundo, que decretou o abandono de Deus, está em ruinas e sem direção, mas, na realidade, sabemos que tudo está nas mãos de Deus Pai!
Este tempo de profundas mudanças deverá ser para nós um tempo de alívio e consolo. Jesus convida seus discípulos a se alegrarem e levantar a cabeça, pois, para todos que creem Nele, será um tempo de alegria e de libertação. De fato, sabemos que não é fácil ser cristão e praticar os valores deixados por Jesus. Não somente aqueles que estão a serviço do mal, mas até cristãos tentam convencer a todos que a estabilidade deste mundo (tecnologia, riquezas, poderes terrenos…) é o único bem de que dispomos.
Para nos ajudar em nosso caminho, Jesus procura nos orientar e nos exorta a estarmos atentos: Vigiai! Para que o nosso coração não seja como daqueles que não têm Deus e perderam a esperança, pois se tornaram pesados e tristes, não devemos viver como os pagãos, dados aos vícios e escravos de coisas materiais. Sabemos de nossas responsabilidades e quantas preocupações diárias possuímos, mas nada disso deve pesar em nosso coração, pois sabemos que tudo está sendo governado por Deus, inclusive a vida de cada pessoa que se entrega em Suas Mãos. Devemos estar atentos para não viver e esperar somente as coisas deste mundo. Que não sejamos pegos de surpresa, como em uma emboscada ou em um laço. Nem as seduções e nem o mal presentes no mundo devem nos desviar do caminho deixado por Jesus.
Por fim, Jesus nos deixa a receita principal: vigiar em todo o tempo e rezar sempre. A oração deve nos colocar sempre em comunhão com nosso Deus, nos tornar íntimos Daquele que possui e comanda tudo que existe. Mais do que pedir que Deus venha em nosso auxílio e em nosso socorro, a prece pessoal e comunitária deve nos ajudar, a cada dia, a nos entregarmos aos poucos e constantemente a Ele, enquanto estamos neste mundo até quando estivermos definitiva e eternamente nos braços e junto ao coração Dele.
Muito bom receber as reflexões dominicais do pe Dirley! Vai enriquecer muito nossas homilias.