#Reflexão: 25º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 19 de setembro)

13 de setembro de 2021

A Igreja celebra neste domingo (19) o 25º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – Sb 2,12.17-20

Salmo – Sl 53(54)

2ª Leitura – Tg 3,16-4,3

Evangelho – Mc 9,30-37

ÚLTIMO E SERVO DE TODOS

O Evangelho deste domingo, novamente, nos apresenta Jesus em caminho. Nosso Senhor apreciava ensinar os discípulos enquanto caminhava, curava e acolhia as pessoas. Jesus sempre à frente e os discípulos atrás, seguindo os passos do Mestre. Mas, em muitas situações, a impressão que se tem é que Jesus e os discípulos estavam na mesma estrada, mas percorrendo caminhos diferentes. Não foi fácil para Jesus ensinar seus discípulos sobre os valores e o que esperava a todos em Jerusalém, principalmente, como seria o Seu próprio fim.

Durante este percurso, os discípulos escutavam, mas não entendiam a profundidade das palavras de Cristo. Estavam com Ele, mas não vivendo como discípulos: cada um tinha seus próprios projetos. A falta de entendimento, o temor e o silêncio dos discípulos revelavam o abismo que ainda existia entre eles e o Mestre.

Jesus revela sua paciência e grandeza quando percebe que todos estavam construindo projetos pessoais e seguindo a lógica deste mundo, mesmo estado ao lado Dele. Podemos imaginar a tristeza de Jesus em relação aos seus discípulos, pois mesmo sendo tão claro, eles não estavam dando ouvidos a tudo o que Ele ensinava. Eles ouviam e acolhiam em suas mentes e coração somente o que lhes interessava e não aquilo que Jesus ensinava.

Não basta estar junto com Jesus e até segui-Lo através de nossos movimentos, grupos e Igreja. O discípulo é aquele que escuta e aprofunda a palavra que lhe é oferecida. Muitos ainda são como os apóstolos: fazem parte do rebanho do Senhor, mas nutrem projetos e sonhos pessoais em que, muitas vezes, Deus é somente um instrumento e meio para se chegar até os objetivos.

Percebendo a distância entre o que Ele ensinava e o que os apóstolos discutiam, Jesus resolveu, em um momento oportuno e dentro de uma casa, esclarecer as coisas. Jesus ofereceu aos apóstolos mais uma oportunidade para falarem, mas todos optaram pelo silêncio. Marcos nos diz que os apóstolos estavam discutindo entre eles quem seria o “maior”. Certamente, eles perceberam o grande poder que Jesus demonstrava e eles imaginavam um imenso reino que o Mestre Jesus iria criar, assim, já começavam a discutir cargos neste “império”. Mas, “Jesus se senta e chama os apóstolos”, queria falar de um jeito mais direito e profundo.

O anseio de ser o primeiro e o maior em relação aos outros é uma tentação para os discípulos. Todos nós apreciamos estar no centro das atenções, receber elogios e destacar-se em relação aos outros. Jesus não podendo “trazer” os apóstolos para a sua forma de ver as coisas, Ele “entra” na lógica deles, não para concordar com o modo deles pensarem, mas para ensinar como ser grande conforme seus ensinamentos e aos olhos de Deus.

Mais uma vez, Jesus propõe, tudo é apresentado como uma proposta: “Se alguém quiser…” (como no domingo passado), nada é imposto, mas oferto como graça e dom, cada um precisa aceitar, abraçar e colocar em prática. Jesus não impõe, mas propõe como projeto de vida conforme a lógica e o modo de viver Dele próprio. Não ensina aos discípulos algo distante e difícil, mas aquilo que Ele próprio vivia.

A lógica do mundo é ser o primeiro, estar sozinho e acima de todos. A lógica e o modo de vida de Jesus vão em outra direção: para ser o primeiro, é necessário ser o último e servo de todos. Quem são os “últimos”? Naquele tempo, os grandes na sociedade eram os ricos, os poderosos e os cultos; já os últimos eram os pobres, os doentes, os desprezados e os estrangeiros. Na religião judaica daquele tempo, os grandes e os primeiros eram os “santos”, os justos e os puros, e do outro lado estavam os pecadores, os impuros, os pobres e os doentes. É exatamente lá entre os últimos da sociedade que sempre Jesus esteve e convida os discípulos a estar. Mas, Jesus frisa claramente: Não basta estar “somente” no último lugar com os pobres, é necessário ainda ser servo de todos. “Servir os últimos” é o caminho para servir a todos que mais precisam e experimentar a misericórdia de Deus.

E Jesus dá um exemplo do que Ele estava falando. Toma uma criança, com um gesto de profunda união (o abraço une duas pessoas como se fossem uma só) e diz que quem acolhe uma criança em seu nome, também acolhe a Ele e a Deus Pai. Para Jesus, servir os últimos e acolher com abraço são a mesma coisa. Os discípulos pensavam em “maior”, Jesus apresenta um “menor” (criança) como caminho.

A acolhida e o serviço aos últimos é o caminho mais rápido para se chegar a Jesus. Quem acolhe o próximo, a começar daqueles que são os últimos em nosso mundo, está acolhendo Nosso Senhor em pessoa. A nossa fé deve nos ajudar a aprofundar estes dois princípios para se chegar a Jesus: o serviço ao próximo e a acolhida.

Sabemos que o egoísmo e o individualismo são os principais valores do mundo de hoje. Proclama-se que cada um tem o direito de ser feliz, mas sozinho e individualmente; o próximo e os mais necessitados (os últimos) são vistos como um peso, perturbam a paz e o sossego dos outros.

Na 2ª leitura, Tiago alerta que o ciúme (desejo obcecado de posse) está no centro de conflitos e maldades humanas; as guerras são paixões humanas levadas ao extremo que chegam a cancelar o outro e o torna um inimigo a ser combatido. A verdadeira sabedoria diante de Deus se consegue com a concórdia, com a misericórdia, sem parcialidade e fingimento. A paz somente se consegue semeando a paz. Jesus propõe a solução para nós e para a humanidade: o serviço àqueles que são os últimos de nossa sociedade. Assim, o melhor caminho para experimentarmos o amor de Deus é através da caridade e da acolhida do próximo a começar por aqueles que mais precisam de nossa ajuda e de nosso amor.

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