#Reflexão: 27º domingo do Tempo Comum (08 de outubro)

3 de outubro de 2023

A Igreja celebra o 27º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (08). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 5,1-7
Salmo: 79(80),9.12.13-14.15-16.19-20 (R. Is 5,7a)
2ª Leitura: Fl 4,6-9
Evangelho: Mt 21,33-43

 

Acesse aqui as leituras.

 

VINHA DO SENHOR SERÁ DADA A QUEM TRABALHAR COM AMOR

As leituras deste domingo, novamente, trazem o tema do trabalho em uma vinha. Esta é a terceira parábola contada por Jesus usando esta realidade que era muito comum no seu tempo e uma atividade no campo executada por quase todas as famílias, inclusive às mais simples. Da vinha o agricultor obtinha a uva, mas também o vinho: alimento e bebida que sustentavam as famílias e alegrava o coração de todos.

No AT, a vinha passou a ser símbolo do próprio povo de Israel, pois exigia muito cuidado e dedicação, mas que no final, no tempo da vindima (colheita da uva), todo esforço compensava todo cansaço. O profeta Isaías (1a leitura) conta uma história sobre uma vinha de um amigo para ilustrar o comportamento do povo de Deus. O profeta afirma: “a vinha do Senhor é a casa de Israel” que no final, não produziu bons frutos, mas uvas amargas. Há muitas semelhanças entre a história de Isaías e a parábola de Jesus, mas os pontos diferentes são mais significativos no ensinamento de Jesus.

Nas duas histórias, destaca-se a dedicação dos patrões para com suas vinhas: eles investem muito na preparação da terra, limpam o terreno e depois, com uma torre oferecem toda proteção as suas propriedades. Na história de Isaías, há um detalhe a mais em relação à parábola de Jesus: o proprietário arranca também as pedras. Isto recorda os povos estrangeiros que estavam na terra que Deus iria dar ao seu povo. Essas nações foram expulsas de Canaã e o povo pode ocupar a Terra Prometida. Tudo isso, graças à intervenção e ao poder de Deus.

Isaías diz que a vinha, apesar de toda dedicação do seu proprietário, no final, ela produziu somente frutos amargos que não serviam para nada. O proprietário, desgostoso e frustrado, resolveu abandonar a vinha e permitir que ela fosse devastada pelos animais selvagens e invadida por pragas. Segundo o profeta, a vinha é o povo de Israel que abandonou o seu Deus e assim, sofreu todo tipo de consequências e catástrofes, pois, de fato, longe de Deus, tudo de ruim acontece. Os empregados enviados foram os profetas. A principal falha do povo de Israel foi de não produzir frutos de justiça, pois são estes frutos que Deus esperava colher em sua vinha depois de todo esforço para com seu povo.

Na parábola que Jesus conta no Evangelho de Mateus deste domingo, alguns detalhes devem ter chamado atenção dos seus ouvintes, pois todos certamente, conheciam a história do profeta Isaías da 1a leitura. O evangelista lembra que o público que O escutava era composto pelos sacerdotes e anciãos do povo, pessoas que conheciam muito bem as Escrituras Sagradas.

O proprietário na parábola de Jesus, após ter investido muito em sua vinha, resolveu arrendá-la a outras pessoas para que esses trabalhassem e a fizessem produzir frutos. Neste caso, a vinha produziu seus frutos no tempo certo e provavelmente a produção foi muito boa. Conforme o combinado entre o proprietário e os vinhateiros, o proprietário foi exigir a sua parte na produção, pois essa era a forma de se pagar a vinha ou o terreno arrendado. Mas os encarregados foram maltratados, humilhados e alguns pagaram com suas vidas e nada conseguiram levar para o dono da vinha. O proprietário da vinha, no entanto, se mostra com uma “estranha” paciência, pois mandou ainda outros servos. Mas, tudo se repetiu como anteriormente e os novos empregados nada conseguiram de pagamento para o dono da vinha.

Outros proprietários e donos de vinhas não teriam agido com tanta paciência: teriam enviado a polícia já na primeira situação negativa e processado os arrendatários da vinha, mas não estamos falando de uma vinha qualquer e nem de um proprietário comum.

A parábola de Jesus ganha um suspense quando o proprietário da vinha manda seu próprio filho, sozinho e desarmado para tentar receber a parte devida no contrato. É o momento em que ouvimos o dono da vinha que afirma ter esperança que “hão de respeitar o meu filho”. Esse foi enviado sem nenhum sinal de violência e vingança, mas como porta-voz e representante do Senhor da Vinha. Mas, o destino desse Filho foi semelhante aos dos servos. Neste momento ouvimos também os arrendatários da vinha que reconhecem o filho como herdeiro e, movidos pela cobiça, resolvem executá-lo fora da vinha para tomar posse definitiva daquilo que não lhes pertencia. Nós sabemos como foi o final da vida de Jesus: idêntico ao do filho da parábola.

A vinha no ensinamento de Jesus continua sendo o povo de Deus, mas com uma grande e nova realidade. Esse povo (a vinha) produz seus frutos conforme a vontade de Deus, mas estava sendo explorado por seus dirigentes (sacerdotes e anciãos) que agiam como posseiros da Vinha do Senhor (“povo de Deus”). Não queriam saber de dar a parte que cabia a Deus, eles desejavam ter tudo somente para uso deles. Deus, o verdadeiro dono da Vinha, tinha tentado tocar o coração deles através dos profetas, mas nada conseguiu; Jesus era a última chance que o Verdadeiro Proprietário do povo de Deus estava dando aos sacerdotes e dirigentes do povo.

Jesus faz algo interessante em relação àqueles que eram os responsáveis pela religião judaica em seu tempo. Devemos recordar que essa parábola foi contada por Jesus quando Ele estava no lugar mais sagrado dos judeus: o Templo de Jerusalém. Nosso Senhor resolve pedir que eles mesmos julgassem os arrendatários homicidas na parábola que Ele tinha contado. Os sacerdotes e anciãos deram um veredito severo para os arrendatários assassinos da parábola, mas a resposta desses não foi totalmente confirmada por Deus: Eles afirmaram que os arrendatários deveriam ser executados de uma forma horrível e a vinha repassada a outros.

Quando Jesus retoma a palavra, Ele não confirma o caráter de vingança conforme os sacerdotes e anciãos tinham afirmaram, pois o Deus de Jesus não é vingativo, mas Deus fará o que eles mesmos tinham dito: a vinha será tirada da mão deles e dada a outros.

A vinha na parábola de Jesus continua sendo o povo de Deus, mas não mais e somente Israel: ela se transformou em Reino de Deus que tem sua especial presença na Igreja de Cristo. Ela sempre vai produzir frutos, pois pertence a Jesus. Os dirigentes religiosos judeus administravam o povo de Israel com se tudo fosse deles sem se importar com a vontade de Deus, por isto, foram excluídos do Novo Tempo que Jesus inaugurou, uma vez que eles mesmos negaram Jesus como sendo o Filho Amado de Deus Pai.

Neste novo tempo da Vinha do Senhor (o Reino de Deus e sua Igreja), os frutos desejados por Deus continuam sendo de justiça e de paz. Mas, outros frutos devem também ser produzidos na Vinha do Senhor. E São Paulo na 2a leitura nos ajuda a entender quais frutos devemos produzir dentro desta Vinha do Senhor: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável”.

 

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