#Reflexão: 2º domingo do Advento (10 de dezembro)

6 de dezembro de 2023

A Igreja celebra o 2º domingo do advento, neste domingo (10). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 40,1-5.9-11
Salmo: 84(85),9ab-10.11-12.13-14 (R. 8)
2ª Leitura:2Pd 3,8-14
Evangelho: Mc 1,1-8

Acesse aqui as leituras.

JOÃO BATISTA ANUNCIA O MESSIAS COM PALAVRAS E VIDA

            Neste caminho em preparação para o Natal do Senhor, neste final de semana temos a preciosa figura de João Batista que foi um grande sinal da proximidade do novo tempo inaugurado por Jesus. Ele representou para os primeiros cristãos, ao mesmo tempo, alguém que rompeu com muitas estruturas estabelecidas na sociedade e na religião e, também foi uma pessoa enraizada na mais profunda experiência que o povo já conhecia. Temos ainda a figura do profeta Isaías na 1ª leitura, dois grandes profetas que anunciam a esperança em tempos diferentes.

Neste tempo do Advento em que nos preparamos para celebrar o momento em que Jesus entrou em nossa história (seu nascimento em Belém), as palavras de Isaías ilustram muito bem a grande esperança dos judeus no Antigo Testamento que tem sua realização em Cristo Jesus. O profeta fala ao povo que está de saída do exílio da Babilônia. O anúncio é de consolo para um povo que estava sem esperança. A lembrança do pecado cometido por todos não impede Isaías de lembrar a sua gente que é Deus que conduz a história. O caminho do retorno pelo deserto é longo e precisa ser preparado com uma esperança forte e viva. Deus é que guiará o seu povo! Assim, Isaías é convidado a gritar forte que Deus virá com seu poder, mas será um poder de pastor que guiará a todos nos caminhos da história. Daí nasce a esperança na vinda do Messias Salvador. Ele será a encarnação da consolação de Deus, alguém que propiciará a todos a experiência do amor de Deus através do perdão dos pecados. Ele é o potente que usa de sua força para conduzir seu povo como um pastor que cuida de cada um, como os verdadeiros pastores faziam com as ovelhinhas, tanto as que estavam doentes como as ovelhas perdidas.

Jesus realiza esta esperança do povo do Antigo Testamento vindo a este mundo dentro de uma família. Mas, para este momento sem igual para a humanidade, era necessário que alguém preparasse o povo. Assim, nas palavras de Isaías podemos já enxergar também a descrição do precursor do Messias, João Batista: Ele é a voz que grita no deserto e que prepara os caminhos do Senhor.

Marcos inicia seu escrito com o nome de “Evangelho” (que significa “Boa Notícia”) e com a descrição do precursor de Jesus, o evangelista faz uma profunda ligação com o passado do povo de Deus. O Batista é o enviado por Deus, mas como “mensageiro” que vai a frente, pois virá outro atrás dele. Ele é a “voz” que grita no deserto (como Isaías na 1ª leitura). Jesus é a Palavra. João Batista entra na história com seu nome (João) e sua principal atividade (Batista), nada se diz sobre sua origem, família ou profissão. Mateus e Lucas nos dão mais informações, mas Marcos se concentra somente em Jesus. O pai de João Batista era da classe sacerdotal, mas ele foi escolhido por Deus para ser profeta; abandonou a cidade e até os costumes básicos de seu povo e passou a viver no deserto; se vestia com as mais simples roupas e se alimentou com aquilo que a providência concedia. João proclama do deserto: ele permanece fora das estruturas sociais, políticas e religiosas. O objetivo da missão do Batista é de reconciliação com Deus, mas na religião oficial, a forma tradicional era através do sacrifício no Templo em Jerusalém. Suas palavras produziam um grande impacto, pois eram acompanhadas de uma vida radical e palavras inovadoras. O tempo novo que se aproximava exigia uma decisão radical e profunda, pois algo novo estava por acontecer e todos precisavam estar atentos para essa novidade: a Boa Notícia estava próxima!

João escolheu viver no deserto e atraiu todos para aquele lugar. No meio do nada, prevalecem suas palavras e o seu exemplo de vida. João é retratado como um profeta no seu discurso e também em sua veste. Suas vestes de pele de camelo lembram as roupas de Elias (2Rs 1,8) como também afirma Zacarias (13,4). No entanto, Elias faz um discurso baseado no passado; João Batista anuncia aquele que virá (futuro). Na história do povo de Deus, depois de passar pelo Jordão, o povo subiu de Jericó para entrar na terra prometida; o profeta do deserto, João Batista, atrai a todos para fazerem o contrário: deixar suas cidades na Terra Santa, particularmente Jerusalém, e voltar ao deserto. Para o tempo novo inaugurado por Jesus, era necessário fazer uma “nova entrada”, escutar novamente Deus que falava através do profeta no deserto; era preciso fazer uma nova entrada não mais em um território, mas no “tempo novo” que o Messias Jesus iria inaugurar. O Batismo no Jordão assinalava a decisão de deixar pra traz os pecados e erros (“todos confessavam seus pecados”). Com João Batista, o tempo da consolação e de paz estava por iniciar e o povo precisava ser preparado.

Naquele tempo de João Batista, todos esperavam a chegada do Messias. Havia uma imensa ânsia de todos por algo novo e mais profundo, que realmente desse um novo sentido na vida de todos. O precursor João sabia de tudo isto e poderia ter-se calado diante da esperança que brotava em todos pensando que ele era o Salvador, mas ele não fez isto. O Batista tinha consciência de que a sua missão era nobre e especial, mas tudo tinha sentido somente e exclusivamente em função do verdadeiro Messias: Jesus Cristo.

João Batista não era o Messias e se sente indigno de realizar até um simples gesto: arrumar o calçado daquele que vem. Ele reconhece que “aquele que vem” (Jesus) é tudo em sua vida; no deserto ele centraliza seu discurso naquele que deveria ainda se manifestar, pois sabia que o sentido de sua existência estava diretamente ligado ao Messias Jesus. Sua voz, sua vida e seu testemunho apontavam para o verdadeiro sentido de tudo que era o Cristo. Ele compartilha aquilo que vive, anuncia aquilo que crê e confia Nele que é muito maior que ele próprio. João Batista descreve aquele que vem confrontando-o consigo mesmo em três aspectos: na sua qualidade (mais forte), na sua dignidade (não sou digno) e na sua atividade (João batiza em água).

Precisamos resgatar muita coisa importante em nossa vida moderna e atual. Deixar o barulho das cidades e “no deserto” do nosso coração, lá resgatar a nossa experiência com o Senhor. Tempo do Advento (um tempo de espera) é mais um momento que Deus nos concede para revermos nossos projetos e prioridades, principalmente aqueles sonhos em que Deus não participa. Resgatar a experiência da fé e da esperança Naquele que veio até nós de uma forma tão humana e especial, em forma de uma criança.

O Natal é um tempo especial se aquele que é o centro de tudo, realmente se encontra no centro de nossas vidas. Deus possui uma imensa paciência por cada um de nós como nos lembra a segunda carta de São Pedro na segunda leitura. Ele nos propicia todos os meios e o tempo que for necessário para que construamos nossa história tendo-O como principal parceiro. Para nos auxiliar em nossa história, até o tempo, Deus conduz de uma forma diferente transformando um dia em mil anos e mil anos em dia, mas o faz por nós, para o nosso bem. O autor da 2ª carta de Pedro nos lembra que estamos dentro de uma história de Deus que está ainda acontecendo. O mundo está caminhando para uma profunda e definitiva transformação com um novo céu e uma nova terra e para tanto, precisamos auxiliar nosso Deus no processo de construção dessa realidade nova: o mundo só será melhor se nós formos melhores. Pedro em sua carta nos exorta a permanecermos vigilantes na santidade, em nossa conduta e em nossas orações. Que Deus nos encontre com esses sentimentos profundos de revelam a nossa comunhão com Ele.

Faça o download da reflexão em pdf.