#Reflexão: 5º domingo do Tempo Comum (04 de fevereiro)

30 de janeiro de 2024

A Igreja celebra o 4º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (04). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Jó 7,1-4.6-7
Salmo: 146(147),1-2.3-4.5-6 (R. cf. 3a)
2ª Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23
Evangelho: Mc 1,29-39

Acesse aqui as leituras.

 

JESUS CURA PARA O SERVIÇO E A EVANGELIZAÇÃO

Todos nós, certamente, em algum momento de nossa vida, já perguntamos qual o sentido de tudo e por que temos que enfrentar nesta vida doenças, sofrimentos, desilusões e, por fim, a morte. Quando nos sentimos atingidos por algo fora do normal da nossa vida, nos questionamos sobre o sentido da nossa existência e alguns até se colocam contra Deus. Pois bem, as leituras deste domingo nos ajudam e nos dão algumas respostas para as estas questões.

Na primeira leitura temos a história de um personagem que representa muito bem o ser humano amargurado pelas experiências mais negativas da vida. Jó diante de tantos sofrimentos faz diversas perguntas a Deus; é um homem sofredor e abatido e por isso, interroga sobre diversas questões que ele não consegue entender e por isso, apela a Deus quase que acusando-O pelos sofrimentos em sua vida. Ele tinha perdido tudo: bens, servos e até mesmo esposa e os filhos, encontrava-se coberto pela pior doença da época, a lepra, e por fim, vários amigos foram atormentá-lo com discursos negativos contra Deus.

A resposta e a conclusão para todas estas questões, nós encontramos no final de seu livro, mas ao terminar o elenco de questões na leitura deste domingo, Jó faz uma pequena oração que já é um caminho para descobrir o sentido de tudo que temos que enfrentar em nossa vida: “a minha vida nada mais é que um sopro”.

Peregrinar por este mundo, enquanto aqui estivermos, é fazer a experiência da fragilidade de nossa realidade humana. O mundo e os seus desafios, sofrimentos e limites nos ensinam que não somos feitos para permanecermos para sempre nesta realidade. Enquanto estivermos por aqui, vivemos momentos de luz, mas também de escuridão; de alegrias, mas também de tristezas. Deus nos reserva algo muito maior e melhor para cada um de nós!

No Evangelho deste domingo de Marcos encontramos Jesus em uma casa. Duas outras realidades vimos anteriormente: Jesus encontra discípulos no trabalho à beira do “mar da Galileia” (eram pescadores); depois anuncia sua mensagem e liberta um homem do mal em um local de oração, na sinagoga; saindo de lá,

o Mestre Jesus mostra que o seu ensinamento continua na realidade das pessoas com seus sofrimentos e alegrias: vai à casa de Pedro e lá enfrenta o sofrimento de uma família.

Na casa de Pedro, todos imediatamente falam da doença de sua sogra que identificam pela febre que ela tinha. Jesus também quer ser uma presença importante e profunda em cada família, dentro de cada lar. Jesus apenas entra e imediatamente ocupa a atenção de todos e juntos com Jesus, também daquela pessoa doente. Aquela mulher não pode participar do Sábado na sinagoga, pois estava doente e qualquer doença era vista como presença do mal ou fruto do pecado. O doente, em muitos casos, era considerado impuro pelo simples fato de estar doente. Jesus não concorda com estas ideias.

Se aproxima, toca e levanta a mulher (gestos que recorda a ressurreição) e devolve àquela pessoa a sua dignidade. Doente, ela não podia preparar nada para aquela visita ilustre, mas Jesus não se importa com isto: as pessoas e suas realidades de doença e sofrimento é que são o centro de Suas preocupações.

Interessante que em Marcos, as pessoas curadas, muitas delas, em seguida à cura se colocam ao serviço, com a sogra de Pedro não foi diferente. É a resposta mais profunda que alguém pode dar a Jesus em sinal de agradecimento: servir a Deus e aos irmãos. A cura resolve um problema, mas a graça que atua na pessoa deve se tornar fecunda, a fé que levou a pessoa a conseguir um “milagre” deve produzir frutos, o bem que Deus fez na vida daquele que necessitava de uma ajuda deve ser também um bem na vida de tantas outras pessoas. Este é o discípulo e o fiel que Jesus deseja ao seu lado.

Marcos nos diz que algo impressionante aconteceu após o milagre na sinagoga e na cura da sogra de Pedro: “toda cidade estava reunida diante da porta” da casa de Pedro. A presença de Jesus em cada família, as graças que Ele traz e concede a todos, deve produzir evangelização. Não somente nos lugares de oração (igrejas…), mas também das casas e das famílias devem brotar momentos de evangelização e anúncio da Boa Nova. A porta é sinal sempre de comunicação e abertura daqueles que estão dentro com o mundo e a realidade. Portas abertas que acolhem e doam o melhor das pessoas para todos.

Parecia que, para aquele povo tão carente de curas e milagres, tudo estava perfeito, mas o evangelista Marcos nos diz que não foi assim. Ainda naquela noite, Jesus levantou-se a noite, deixou todos na casa e foi sozinho para um lugar deserto. Com certeza tinha ficado até tarde evangelizando e curando as pessoas, mas Ele se retira para rezar. Como de costume, não sabemos o conteúdo da oração, mas algo profundo aconteceu.

Jesus não veio somente para curar e produzir milagres (uma espécie de “milagreiro” ou “curandeiro”), sua presença e suas palavras também são profundas e mais transformadoras que suas curas.

Jesus sempre nos dá este belo exemplo da intimidade com Deus. Ele estava sempre em comunhão com o Pai, mas nada substituía o seu momento de oração, onde os dois em profunda troca de amor, se comunicavam. Jesus era/é Deus, mas as forças humanas de que necessitava para operar tudo, não vinham somente do repouso, mas de suas orações. Ele sabia que deveria oferecer o melhor para as pessoas com palavras e gestos. Durante todo o dia, todos “tirando” Dele o melhor de Deus, por isso, Jesus se retira para na intimidade com o Pai se reabastecer do seu amor e de sua vontade. A oração tem esse poder de nos colocar na intimidade com Deus, pois são nestas ocasiões que recebemos o melhor de Deus e principalmente o que Ele quer de nós.

Naquela noite, Jesus reviu seu projeto de Reino de Deus com o Pai e decidiu que deveria partir daquele lugar. Havia inúmeras pessoas a serem curadas e libertadas do mal lá na casa de Pedro, mas era preciso ir além, em outras vilas e cidades. Entra em cena Pedro e os discípulos de Jesus que, certamente, estavam ainda maravilhados com tudo que Jesus tinha feito. Encontrando o Mestre, praticamente, O repreendem pelo seu desaparecimento: “Todos estão te procurando!”

Os discípulos ainda estavam ligados ao fascinante e ao maravilho dos milagres, do prestígio e da fama que Jesus estava tendo, mas o Mestre deles não tinha vindo para isto. Pedro e os discípulos queriam comandar sobre Jesus, dizer o que  Ele tinha que fazer, estavam cobrando mais ação, pois havia muitos necessitados.

Aqueles pobres discípulos queriam se colocar à frente de Jesus, guiá-Lo, mas a Sua missão era muito maior e Nosso Senhor não poderia ser exclusivo daquelas pessoas e naquele lugar.

Jesus, se Ele voltasse, para a casa do seu 1ª discípulo, mesmo que fosse por uma boa causa e valores (curar as pessoas), Ele sabia que estaria entrando por um caminho somente da fama e do prestígio como alguém que faz “coisas extraordinárias”, mas poderia ser o início do fim de sua missão. Renunciar aquilo que se apresenta como o “máximo” para ficar a serviço da vontade de Deus. Como também precisamos muito deste discernimento!

Evangelizar! Esta era a missão principal de Jesus e deve ser a nossa também, pois a Boa Nova de Jesus, que somos chamados a proclamar, tem a capacidade de transformar a vida de todos, tornar cada pessoa missionário e missionária, verdadeiramente discípulos de Jesus. Deus não precisa de pessoas que digam o que Ele precisa fazer, mas de discípulos como Paulo na segunda leitura que coloca como sentido único de sua vida, a evangelização: “Ai de mim se não evangelizar!

Como Jesus, precisamos também nós de momentos de oração e intimidade com Deus para nos reabastecermos de seu amor e de suas graças para que assim, enfrentarmos os desafios de nossas vidas, mas principalmente sermos verdadeiramente discípulos e evangelizadores conforme a vontade de Deus.

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