#Reflexão: 5º Domingo do Tempo Comum (6 de fevereiro)

31 de janeiro de 2022

A Igreja, neste domingo (6), celebra o 5º Domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 6,1-2a.3-8

Salmo – Sl 137(138),1-2a.2bc-3.4-5.7c-8 (R. 1c.2a)

2ª Leitura – 1Cor 15,1-11 [mais breve: 1Cor 15,3-8.11]

Evangelho – Lc 5,1-11

Acesse aqui as leituras.

POR CAUSA DE TUA PALAVRA

Depois da frustrante experiência na sinagoga da sua cidade, Jesus continuou sua missão, pregando a Palavra de Deus em outros lugares e cidades. Mais e mais pessoas começaram a procurar Nosso Senhor também para escutá-Lo e não somente devido aos milagres que Ele produzia.

Lucas, no Evangelho deste domingo, nos diz que Jesus, evangelizando ao longo da margem do Lago de Genesaré, encontrou novamente Simão Pedro e outros pescadores. Jesus estivera já na casa de Simão e lá curou sua sogra. Entre eles (Jesus e Pedro), já existia algo de confiança e segurança.

O Evangelho nos apresenta dois grupos distintos: a multidão que seguia e ouvia Jesus e o grupo de pescadores. Jesus procura, pouco a pouco, inserir os pescadores no grupo dos ouvintes da Palavra, dedicando especial atenção a Simão Pedro.

Jesus, observando a multidão e identificando haver duas barcas, solicitou a embarcação de Pedro para que, um pouco longe da margem, pudesse evangelizar. Ele não ordenou, mas pediu. Como é próprio de Nosso Senhor, Ele sempre convidava e solicitava, não ordenava e obrigava ninguém a fazer algo por pressão. Não havia ameaça ou coação, mas um convite a realizar uma parceria. Da barca de Simão, Jesus ensinou a multidão.

Os pescadores não faziam parte do grupo que estava escutando Jesus, pois estavam limpando as redes depois de uma noite de trabalho que não trouxe nenhum fruto. Podemos imaginar o cansaço de uma noite de labuta no lago e a frustração por terem trabalhando em vão. Eles conheciam todos os particulares da pesca, mas isso de nada adiantou. Eles não conseguiram pescar.

Após evangelizar a multidão, Jesus se voltou novamente para Pedro e lhe fez outra proposta que deve ter soado muito estranha para todas as pessoas. Jesus propôs para Simão Pedro retornar ao lago e jogar as redes novamente para a pesca. A reação de Simão, inicialmente, foi natural e espontânea.

Nesta passagem de Lucas, sobressai muito a figura de Simão Pedro. Ele foi sempre nomeado com precedência em relação aos outros discípulos. Jesus conversava se dirigindo diretamente a ele, o que apresenta um profundo testemunho de fé dele diante do pedido de Jesus. Simão era pescador e, por toda sua vida, até aquele momento, fazia o seu trabalho com o máximo de atenção. Entretanto, nem sempre, tudo tinha o mesmo resultado, como naquela noite em que as redes nada conseguiram apanhar.

O pedido de Jesus não foi estranho e difícil de ser realizado. Ele solicitou que Pedro fizesse algo que conhecia, com os meios que sabia utilizar, porém, em uma circunstância diferente. Simão esclareceu que eles já haviam tentado tudo e nada conseguiram. Ademais, era dia e, normalmente, se pescava a noite para os peixes não identificarem as redes. Jesus, primeiro, pediu a Pedro para ir além do costumeiro e da lógica profissional.

Pedro se encontrava em uma situação particularmente embaraçosa, pois todos sabiam que aquilo que Jesus pedira era fora do normal e, certamente, segundo a maioria, destinado ao fracasso. Porém, Simão se jogou totalmente nas palavras de Jesus: “(…) Mas, por causa de tuas palavras!”.

Jesus não pediu coisas estranhas e anormais, mas confiança em sua palavra e em sua orientação. Sem Jesus e sem sua palavra, a atividade dos pescadores seria estranha. Tudo aconteceu, porque foi sugerido por parte de Jesus. Simão Pedro, diante das pessoas que lá estavam, desafiando o normal, lançou as redes novamente no lago. Lucas nos diz que a pesca foi abundante. Da confiança e da barca de Pedro, os peixes foram repartidos e o milagre se tornou fruto e alegria para os outros.

Diante de tudo aquilo, Pedro, publicamente, se lançou aos pés de Jesus. Sua atitude foi de alguém que se reconheceu longe de Deus (pecador). De sua pequenez diante de Jesus, como Isaías (na 1ª leitura), se sentiu diante do chamado e da missão: “um pecador em meio a um povo pecador”. Até aquilo que Pedro sabia fazer se revelou limitado e quase inútil em relação à Palavra de Jesus. A mesma Palavra, que antes alimentou as multidões, se transformou em alimento para muitas pessoas com a pesca milagrosa.

Outros companheiros de profissão de Simão são lembrados por Lucas. Entretanto, o diálogo foi mais estreito com Simão, que representava os demais. Jesus lhe propôs outro ofício que nasceria daquilo que ele sabia fazer, mas de outro modo e em outro lugar: “Doravante serás pescador de homem!”. A palavra “pescador” não traduz bem o original, pois Lucas não usa o mesmo verbo de antes (“lançai as redes para pescar!”). Outra tradução seria: “Doravante serás aquele que vai resgatar homens para vida”. O termo é usado quando alguém está se afogando e é “resgatado para vida” (salvo). Diante no novo pedido de Jesus, todos abandonaram tudo: os barcos e os peixes em abundância que haviam acabado de recolher para seguir Jesus.

Mais do que o milagre da pesca em abundância, sobressai neste Evangelho o princípio da parceria que Jesus propôs inicialmente para Pedro, que se tornou também comum aos outros pescadores. Fazer tudo dando o melhor de si com uma profunda confiança em Jesus. É necessário romper com a simples confiança somente em nós, como se tudo dependesse de cada um somente. É fundamental escutar o que Jesus nos tem a sugerir e propor. Mais do que milagres, Jesus precisa de nós como instrumentos, como também de nossas barcas, de nossas mãos e bocas. O maior milagre não deverá ser para nós somente, mas em nós e por meio de nós para outras pessoas.

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