#Reflexão: 7º domingo do Tempo Comum (19 de fevereiro)

13 de fevereiro de 2023

A Igreja celebra o 7º domingo do Tempo Comum neste domingo (19). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Lv 19,1-2.17-18

Salmo: 102(103),1-2.3-4.8.10.12-13 (R. 1a.8b)
2ª Leitura: 1Cor 3,16-23
Evangelho: Mt 5,38-48

Acesse aqui as leituras.

SANTIDADE CONSTRUÍDA NO AMOR

Os ensinamentos de Jesus deste domingo têm como ponto de partida as Bem-aventuranças. Jesus convida os discípulos e o povo a entrarem em uma lógica diferente e “revolucionária”, um modo de vida que nos aproxima, verdadeiramente, da nossa vocação humana: somos todos filhos e filhas de Deus! Como as Bem-aventuranças, as palavras de Jesus não são fáceis, mas este é o caminho para todos aqueles que querem ser discípulos de Jesus: viver o que Ele mesmo praticou.

No livro de Levítico (1ª leitura), temos a base de nossa realidade como pessoas de fé: a medida de nossa santidade é nosso Deus e Pai. Esta é a nossa realidade original, pois fomos criados a imagem e semelhança de Deus e por isso, devemos conformar nossa vida tendo a santidade de Deus como modelo. O ódio é aquilo de mais animal que temos em nossa natureza. Deixar-se arrastar pelo ódio e seus derivados (vingança, violência…) é sufocar a nossa condição de filhos e filhas de Deus. Já o autor deste livro afirma que as nossas energias, devemos gastar para vivermos o amor.  A medida que as pessoas do AT conheciam para valorizar o amor, era a própria vida, por isso que o autor sagrado convida a todos a viverem intensamente o amor, do mesmo modo que alguém ama a sua própria vida. Para nós cristãos, a medida do amor é aquela que Jesus teve por toda a humanidade.

Na carta aos Coríntios (2ª leitura), Paulo lembra que somos mais do que criaturas neste mundo: somos Templos de Deus. Em nós habita nosso Deus e, por isso somos filhos e filhas de Deus. O ódio somente obscurece a presença de Deus em nós e pode até destruir este templo de Deus. Por isso, devemos viver uma sabedoria diferente daquele que vive o mundo: não mais baseada no ódio e na vingança, mas em Jesus Cristo. Com Ele aprendemos o sentido de nossa vida na medida em que vivemos o seu maior ensinamento que é o amor, sendo assim, Jesus e ninguém mais deve ser o modelo de nossa vida e de nossas atitudes.

Com Jesus, aprendemos que nosso Deus é plena bondade e amor. Tudo foi feito por amor e salvo por amor. Quem experimenta essa realidade ensinada por Cristo, consegue perceber o caminho proposto por Ele no Evangelho deste domingo. Não é um caminho fácil, mas é o caminho que nos aproxima de Deus e nos dá o verdadeiro sentido de nossa existência neste mundo.

Jesus, neste domingo, cita mais dois Mandamentos para ilustrarem o seu novo ensinamento que tem como base o amor de Deus. A reciprocidade de atitudes era considerada uma necessidade e o único modo de combater o mal entre as pessoas. Quando alguém sofria algo de ruim através de outra pessoa, esse poderia requerer (como compensação) o mesmo tanto, era “olho por olho, e dente por dente”. Jesus pensa diferente, vai além e diz: “eu, porém vos digo”, isto para definir que o seu ensinamento é muito mais profundo e amplo. Ele não cancela nenhum ensinamento antigo e nem mesmo qualquer Mandamento, mas ensina que devemos ir além.

Na 1ª leitura afirma que não se deve “resistir ao mal” (isto é, revidar, fazer a mesma coisa), mas combater o mal com o bem. O discípulo de Jesus é chamado a testemunhar e viver sempre o amor conforme o Mestre: se alguém sofre uma violência, não deve fazer a mesma coisa, mas “mostrar a outra face”, procurar ajudar a pessoa que está mergulhada no ódio a descobrir o caminho do bem; se alguém exige algo, demonstre que seus valores vão além das coisas materiais. O manto usado por Jesus era o mínimo que uma pessoa tinha para enfrentar as noites frias de inverno, a túnica, era a “roupa do corpo”, Nosso Senhor ensina que nem mesmo esse mínimo, seus discípulos deveriam estar apegados. Se alguém ainda exigir caminhar “mil passos”, vá além e amplie sua caminhada com tal pessoa.

Não é o caso de se adequar ao nível da pessoa ou simplesmente concordar com alguém que se apresenta como adversário, mas sim, não pagar com a mesma moeda e muito menos demonstrar apego às coisas materiais. Em todas as situações, o discípulo é chamado a praticar o Mandamento Novo do Amor. As pessoas comuns brigam por opiniões, roupas, por medidas e por dinheiro, o nosso tesouro maior vai além destas realidades pequenas e quase insignificantes da nossa vida.

Jesus ainda insistindo sobre o tema do ódio e do amor, apresenta outra passagem das Escrituras. O ensinamento do AT era concentrado sobre o “amor ao próximo”, mas as pessoas entendiam que “próximo” era aquele que fazia parte da mesma fé e seguia os mesmos costumes religiosos, assim todo “não judeu” recebia os piores sentimentos por parte dos religiosos naquela época. Jesus vai além e amplia o conceito de amor e de próximo: são todas as pessoas que estão ao lado independentemente de sua fé ou país.

Para Jesus, o amor é aquilo que experimentamos de mais belo e profundo da parte de Deus. Ele nos ama através de sinais evidentes como o sol e a chuva, que são dados a todos: em Deus não há distinção entre seus filhos, Ele abençoa a todos com os elementos fundamentais para nossa existência. Deus faz surgir o sol e cair a chuva quando somos bons e também quando não o somos: Deus não muda seu modo de ser em base da nossa vida, Ele ama a todos sempre e da mesma forma. Doar o melhor que tem de si para o próximo, essa é a nova lógica de Jesus que se inspira em Deus Pai que nos dá tudo de bom sem pedir algo em troca. Entre nós sim, existem divisões e diferenças, ódio e vingança, amigos e inimigos.

A revolução no modo de vida de Jesus, que Ele ensina aos discípulos não está em continuar esta lógica do mundo que sempre criou mais violência, ódio e morte, em relação àqueles que se colocam como nossos inimigos, Jesus convida a fazer como Deus age com todos: abençoando com seu amor, amar os inimigos e rezar pelos que nos perseguem, não é uma fraqueza ou ignorância diante do mal, mas é a forma de romper com o mal que destrói a nossa vida e os nossos relacionamentos uns com os outros. O ódio é alimentado com a violência entre as pessoas que geram mais violência e ódio, isso tudo está ligado a nossa natureza e para muitos é o único caminho que se deve percorrer. Mas, Jesus insiste que somos filhos e filhas de Deus que é amor pleno por todos. Por isso, o amor não deve ser vivido com moderação, como algo que se troca somente com quem se recebe amor, mas indiscriminadamente com todos que fazem parte de nossas vidas.

Não são palavras fáceis e nem simples de se colocar em prática, mas quem de fato, já experimentou o profundo amor de Deus, sabe que o melhor caminho para todos é fazer a mesma coisa que Jesus fez e faz por todos nós: Ele nos ama e nos perdoa sempre! De fato, se tentarmos colocar em prática o que Jesus nos ensina, somente com a nossa “medida de amor” e a nossa capacidade de amar, conseguiremos   pouco, porém, na medida em que experimentamos o amor Deus se torna mais fácil compartilhar com os outros os mesmos sentimentos e a mesma realidade.

No fundo, a nossa dificuldade de praticar o amor e o perdão para o próximo está diretamente ligado a nossa experiência do próprio amor e do perdão de Deus. Quem se sente amado e perdoado por Deus, terá mais condições de seguir este caminho revolucionário, ensinado por Jesus. Por fim, Jesus ensina que o caminho da perfeição para todos está em conformar nossos sentimentos e a nossa vida a Deus. Nosso Senhor não nos pede para sermos perfeitos na mesma medida (iguais) a Deus, mas nos inspirarmos em Deus como modelo de vida (Sede perfeitos “como” Deus é perfeito). A nossa meta de vida e de sentimentos deve ser como a de Nosso Deus e Pai e não segundo nossa realidade humana (e até animal). O caminho da perfeição, no fundo, é nos aproximarmos da nossa vocação original e mais nobre, que é sermos filhos e filhas cujo Pai é Amor eterno e perfeito.

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