#Reflexão: Epifania do Senhor (2 de janeiro)
A Igreja, neste domingo (2), celebra a Epifania do Senhor. Reflita e reze com a sua liturgia.
1ª Leitura – Is 60, 1-6
Salmo – Sl 71, 1-2.7-8.10-11.12-13 (R. Cf.11)
2ª Leitura – Ef 3,2-3a.5-6
Evangelho – Mt 2,1-12
DEIXAR-SE GUIAR PELOS SINAIS DE DEUS
A celebração deste domingo ainda está em profunda sintonia com o Natal de Nosso Senhor. Celebramos a manifestação de Jesus a todos os homens e mulheres em todos os tempos. A visita dos Magos do Oriente nos recorda que Jesus não veio a este mundo somente para alegrar a vida de uma família, de algumas pessoas, de uma região ou mesmo de uma nação: Jesus pertence a toda humanidade e em todos os tempos.
O Evangelho inicia com duas informações: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia”. O local confirma a tradição do nascimento em Belém, ideia que será repetida mais vezes, isso para confirmar a forte ligação de Jesus com a tradição sobre o messias como descendente de Davi, rei ungido em Belém (1Sm 16,1-13). “No tempo do rei Herodes”. Um personagem conhecido, confirmando que Jesus pertence à história conhecida.
Em seguida, Mateus introduz a história dos viajantes com “eis que magos”, eles entram na história e não compõem os dois dados anteriores. Os “magos” não eram reis ou “sábios”, mas eram bem aceitos nas cortes e muitos reis apreciavam suas previsões, por isso, eles não encontraram dificuldades de se aproximar de Herodes.
Os viajantes do Oriente eram pessoas que conheciam os astros e as estrelas, característica marcante dos povos daquela região de onde partiram. Movidos pelo conhecimento que tinham do céu, perceberam que havia uma “estrela diferente no firmamento”. Até onde descobriram, concluíram que valia a pena arriscar deixar tudo e buscar o “dono” daquela estrela diferente. O céu com suas estrelas era visível para todos, mas somente os magos perceberam que algo diferente estava acontecendo.
Os magos do Oriente representam muito bem a nossa caminhada de fé e busca de Deus. Eles saíram de longe, se orientaram com o que sabiam, se perderam na caminhada, foram a lugares errados em busca de respostas, mas não desistiram jamais. Abandonaram suas terras em busca de um rei e encontraram um menino. Buscaram nos palácios e terminaram a jornada em um local simples (Mateus diz “casa”; Lucas, um local para animais). Acharam que tudo estaria resolvido com as pessoas mais importantes da época, mas tudo só teve sentido quando encontram a família de Nazaré.
A ciência que eles tinham os conduziu e os animou em uma longa jornada, mas ela não deu todas as respostas. Chegaram até Jerusalém, pensando que lá teriam uma explicação para tudo, mas obtiveram somente parte da solução. A ciência dos magos os levou até a cidade dos profetas e do Povo de Deus, mas somente conseguiram prosseguir a busca quando tiveram contato com a Palavra de Deus. O evangelista Mateus nos conta que, de um lado, a cidade ficou agitada e Herodes ficou com medo e, de outro lado, os magos se encheram de alegria. Os viajantes do Oriente foram um grande instrumento de revelação para os grandes de Jerusalém (Herodes e sacerdotes), mas preferiram ignorar tudo.
Todos os convocados por Herodes (sacerdotes e Escribas) se mostravam entendidos nas Escrituras, mas estavam fechados em suas esperanças. Para os sacerdotes, não havia necessidade de novidades e preferiram ficar com Herodes do que seguir os magos. Eles mesmos foram instrumentos de uma Nova Esperança, mas não abraçaram aquilo que leram e conheciam (a Palavra de Deus). Os homens da religião e da Lei preferiram ficar em Jerusalém, pois lá eles já tinham o Templo, as festas, os sacrifícios e suas tradições, eles não queriam saber da novidade do menino que atraía pessoas de terras distantes.
Na cidade, a “estrela guia” não pode ser mais vista. No palácio do rei, não havia espaço para os sinais de Deus. Nos lugares onde a prepotência daqueles que se sentem grande, Deus não pôde ser visto. Onde há mentira, não brilha a luz de Deus. Porém, ao saírem da cidade dos poderosos daquela época, a alegria retornou. Antes viam a estrela somente com seus conhecimentos, ao deixarem a Cidade Santa, foram alimentados pela esperança das profecias da Palavra de Deus. Agora, a viagem deles estava animada com um novo sentido: estavam no caminho certo e estavam próximos! Os magos (estrangeiros e vindos de terras pagãs) se aproximavam cada vez mais de Jesus; os sacerdotes e a religião oficial, cada vez mais distantes.
Antes, a Cidade Santa, Jerusalém, era o centro e o ponto de chegada de todos os peregrinos; agora, com Jesus, passa a ser somente instrumento e passagem que conduz ao verdadeiro sentido de qualquer jornada. Belém, a “menor das cidades”, faz sombra a grande cidade de Jerusalém.
Eles perceberam que os sinais de Deus possuíam um sentido próprio e uma grandeza particular. Não deviam mais buscar entres os grandes, mas deixar ser guiados pelos sinais de Deus, que estão longe da prepotência, da mentira e da falsa sabedoria humana.
Os magos tinham buscado em lugares onde a grandeza dos homens brilhava e, por isso, os sinais de Deus não tinham espaço. Em Belém, tudo se revestiu de significado e sentido. Não encontraram nada espantoso ou espetacular, mas somente uma família com um recém-nascido. Os três presentes são simples e significativos: “ouro” para os reis e deuses, “incenso” para divindade e “perfume” (mirra) para um grande homem.
Mateus faz questão de lembrar que Jesus, o recém-nascido, estava com sua mãe: “acharam o menino com Maria, sua mãe” (v.11a). Em seus braços, o Eterno Rei recebe adoração e veneração. Maria é o amparo mais profundo para Jesus e, ao mesmo tempo, o trono onde o Messias é reconhecido. O destino da mãe e do filho estão selados para sempre!