#Reflexão: Festa da Sagrada Família (31 de dezembro)

28 de dezembro de 2023

A Igreja celebra neste domingo, a Festa da Sagrada Família (31). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Eclo 3,3-7.14-17a
Salmo: 127(128),1-2.3.4-5 (R. cf.1)
2ª Leitura: Cl 3,12-21
Evangelho: Lc 2,22-40

Acesse aqui as leituras.

CELEBRAÇÃO DA SAGRADA FAMÍLIA

            Celebramos no final de semana passada o Natal de Jesus. Mais do que o nascimento de uma pessoa é a encarnação do Verbo, filho de Deus Pai que se estabeleceu para sempre na humanidade e dentro de nossa realidade. São João nos diz que a Palavra de Deus armou sua tenda entre nós, se fazendo um de nós, para depois, permanecer em nós e entre nós. A encarnação não foi um gesto bonito ou fantástico de Deus, mas algo que mais tem a aparência de nossa realidade do que um esplendor divino. Meditamos que um local de animais pode se tornar um palácio ou um templo se tem Jesus como centro, mas um palácio ou uma casa sem Jesus, não é nada.

 Bastou tão pouco para a promessa do Salvador se realizasse: um local de animais e duas pessoas enamoradas. E ao redor daquele casal, todos os desafios e problemas de nossa realidade e de tantas famílias estavam presentes.

Após o nascimento do filho, o casal se torna família, a Sagrada Família. Mas, em nada diferente de tantas famílias deste mundo. A encarnação de Jesus não foi somente como pessoa em um lugar na terra, mas também em nossa realidade mais preciosa que temos neste mundo: a família.

A Sagrada Família não teve um início de vida diferente como de muitas outras famílias: desafios, riscos, medos, insegurança, perseguição, falta de comodidade, imposição de leis dos poderosos etc. A Família de Nazaré não viveu uma fantasia. Maria e José não encenaram uma realidade, mas viveram intensamente todos os momentos, todos os riscos e todas as ausências. Jesus não se encarnou em uma realidade ideal e perfeita de conto de fadas. Não! A encarnação de Jesus foi na mais pura e real realidade humana!

Deus não escolheu vir a este mundo passando pelo ventre de uma mulher, como se Maria fosse somente um lugar casual e sem nenhuma importância: Deus escolheu viver intensamente todas as realidades humanas, principalmente as mais desafiantes. Assim, aprendemos que a ausência de estabilidade e seguranças humanas não significa a ausência de Deus.

No entanto, vemos que a Sagrada Família nunca ficou desamparada e se rumo. Se de um lado, Deus sempre estava guiando a todos, por outro lado, o Criador escolheu muito bem duas pessoas que se amavam profundamente e que estavam vivendo uma profunda experiência de amor, doação e sonhos como qualquer outro casal. O verbo para se fazer carne passou por esta relação tão preciosa a nós que é a relação de amor em uma família.

Sabemos que trazemos para toda a nossa vida as experiências positivas e negativas que vivenciamos em nossa infância e adolescência. Essas experiências não determinam, mas influenciam o nosso modo de ser no mundo: capacidade ou não de dialogar, amar, perdoar, compreender, respeito mútuo, companheirismo etc. Somos um pouco do que são os nossos pais e o que vivemos em nossos lares quando éramos crianças. Deus escolheu passar por essa realidade e por muitos anos, Jesus viveu como um filho profundamente ligado a seus pais, aprendeu com eles e intensamente viveu as fases da vida como qualquer outra pessoa.

Mas, a família de Jesus era uma família perfeita, ou sem problemas, ou sem dificuldades? O Natal que celebramos responde muito bem estas e outras questões. Deus Pai que pode tudo, não aliviou a situação do nascimento do seu Filho Jesus. Vemos uma total ausência de segurança e comodidade, uma total ausência de tudo. No entanto, aprendemos que Maria e José, tudo que afrontaram, somente conseguiram enfrentar porque estavam juntos! Esta era a força daquele casal tão especial: enfrentaram tudo, sempre juntos! Tinham consciência que, por detrás de tudo, Deus estava conduzindo tudo, guiando a Sagrada Família entre os desafios e as maldades humanas. Deus não fez desaparecer, mas os acompanhava pelos melhores caminhos. Bastava aos dois a confiança e a união entre eles.

Naquela época que Jesus nasceu, Deus não escolheu o melhor momento político para iniciar seu projeto de salvação no mundo, ou a noite ideal, nem uma estação do ano mais adequado e nem uma melhor realidade material para que seu Filho viesse ao mundo (uma casa, um berço, roupas, apoio familiar…). A única coisa que Deus escolheu como fundamental para Jesus vir ao mundo foram as duas pessoas que se amavam. É o poder do amor que vence tudo!

Esta era a força da Sagrada Família: o amor que os unia entre si e com Deus! Não tinham a favor deles praticamente nada deste mundo: nada de riqueza, nem da política e dos políticos da época, nem da religião oficial e nem estavam ao lado deles as pessoas mais importantes. Na Família de Nazaré um tinha o outro como maior dom de Deus em suas vidas.

O Evangelho nos recorda outro grande exemplo do casal de Nazaré com seu filho recém-nascido: respeito pelas coisas de Deus. Maria e José sabiam da grandeza do seu filho, mas, mesmo assim, buscaram, juntos como casal celebrar sua fé. Na época, após o nascimento do primeiro filho, o costume era oferecer pequenos animais em sacrifício (prescrição para uma família pobre) e agradecer a Deus. No meio da confusão do Templo com toda sua grandeza e esplendor, somente um casal de idosos percebeu que diante deles estava se cumprindo todas as profecias.

O casal de idosos no Templo está na mesma linha de outros personagens que compõem o Natal de Jesus como: os pastores (gente sem crédito e quase sem religião), o casal de idosos (Simão e Ana) que nada mais podiam oferecer para aquela instituição religiosa e depois, serão os magos do Oriente, também pessoas fora do mundo religioso da época que se deixavam guiar somente por seus conhecimentos e sonhos.

Os idosos Simeão e Ana fazem o que a religião daquele tempo não teve a sensibilidade de fazer: bendizem a Deus e abençoam o Menino Deus e seus pais. Os idosos estavam fora das funções oficiais da religião da época, mas fazem o que os sacerdotes deveriam ter feito. Mais uma vez, vemos que Deus faz o espetacular acontecer mas com as pessoas mais simples e os últimos, vemos uma religião que acontece na periferia da religião oficial.

Aprendemos com a Palavra de Deus que o Matrimônio é tão sagrado quanto o sacerdócio. A família é o lugar onde se aprende o primeiro e o mais belo nome de Deus: que Deus é amor. Na família é que se ensina a arte de viver; a arte de doar e receber amor.

Se em uma família falta este amor profundo que é capaz de superar tudo e todos os obstáculos, se falta a convicção que realmente Deus é conosco… a família sempre viverá uma profunda ausência que nenhuma coisa material será capaz de preencher. Os casais podem ter muitas coisas deste mundo, mas nada será maior que Deus e o seu amor entre eles.

Aprendemos com a família de Nazaré, que enfrentou constantes desafios, eles encontraram uma força especial mesmo sem ter tudo certo e seguro na vida; Mas, eles tinham a certeza de que não estavam sozinhos!

Não existe família perfeita, sem problemas, sem desafios, sem medos e receios diante dos obstáculos… Nem a família de Nazaré tinha tudo sob controle; nem estavam sempre seguros sobre o que tinham que fazer. Deus não aliviou os desafios (com um passe de mágica), mas procurou indicar sempre a melhor saída e estrada a ser percorrida.

Um dos males dentro de uma família é a sensação que eles estão vivendo sob o mesmo teto, mas não estão juntos; não vivem o mesmo sonho; o amor em gestos e palavras não existe mais… Em muitos casos, as famílias têm muitas coisas materiais, mas vazias de coisas espirituais. São pessoas estranhas que só trocam algumas coisas entre si: alimento, serviços, intimidade etc. Nunca deixe que as pessoas que você ama se sintam sozinhas em sua casa!

Faça o download da reflexão em pdf.