#Reflexão: Maria, mãe de Deus

27 de dezembro de 2021

A Igreja, nesta sexta-feira (31), à noite, e sábado (1/janeiro), de manhã, celebra a Solenidade de Santa Maria, mãe de Deus. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Nm 6,22-27

Salmo – Sl 66,2-3.5.6.8 (R. 2a)

2ª Leitura – Gl 4,4-7

Evangelho – Lc 2,16-21

Acesse aqui as leituras.

 

O EXEMPLO DE MARIA

A celebração do dia 1º de janeiro possui dois temas que caminham juntos: a paz e Maria, mãe de Deus. Um grande desejo para o ano que se inicia e uma dádiva de Deus para toda a nossa vida.

A primeira leitura recorda a bênção que o povo de Deus passou a receber de Aarão, sacerdote de Deus. Na bênção, a promessa principal de proteção, graça e paz se encontra no rosto (na face) de Deus. Não há outra origem para a paz que desejamos, senão no rosto paterno de Deus. Aprendemos com a história do povo da Bíblia e com a própria vida de Jesus que ter paz não é não ter problemas ou desafios e até riscos, mas estar com Deus, ter o olhar cuidadoso e amoroso de Deus Pai.

Paulo, na 2ª leitura, lembra que todas as promessas de Deus realizadas em Jesus aconteceram em um tempo que foi o momento mais alto da história (“plenitude dos tempos”). Neste momento máximo de manifestação de Deus, depois de ter falado de diversos modos (por meio da natureza e depois pelos profetas), Ele mesmo veio em nosso meio para nos falar pessoalmente. No Natal do Senhor, descobrimos que Deus não quis falar de um modo grandioso, espetacular e maravilhoso, nem por meio de grandes sinais e milagres, mas, simplesmente, veio a este mundo em uma criança, algo tão humano e simples que todos nós nos identificamos.

O Natal de Jesus, que celebramos dias atrás, nos recorda a simplicidade de Deus e como tudo aconteceu: sem grandezas, Deus, maravilhosamente, entrou em nossa história sem fazer barulho. No silêncio do presépio, poucas foram as testemunhas daquela noite na qual Deus, definitivamente, estabeleceu o seu rosto entre nós.

O rosto de bênção divina, que o Povo de Deus sempre buscou, nos foi dado por Maria. Ela foi escolhida para doar, de sua própria natureza humana, a face de Deus para a humanidade. Se todos nós carregamos conosco os traços de nosso pai e mãe, Jesus possuiu somente os traços humanos da parte de Maria. Aqueles que viram o sorriso de Jesus, o olhar amoroso e carinhoso de Deus viram também o olhar e o sorriso de Maria, sua mãe.

Ela possui uma história inseparável de seu filho: deu à luz o Messias na gruta de Belém e O acompanhou até os seus últimos momentos aos pés da cruz quando Jesus “nascia” como nosso redentor. O início e o fim de Jesus neste mundo estão definitivamente marcados em uma história de entrega e amor: da gruta de Belém ao sepulcro; do menino envolto em faixas (Lc 2,7) ao Jesus enrolado em um lençol no sepultamento (23,53).

No Evangelho desta celebração, recordamos ainda o momento em que os pastores correram para ver o que lhes fora anunciado pelo anjo de Deus. Os simples e pobres de Deus são os principais portadores das boas notícias divinas. Os pastores, desprezados pela religião da época como pecadores e ladrões, são convidados a serem testemunhas do nascimento do Salvador. Também no Templo, não são os sacerdotes, mas dois idosos (Simeão e Ana) é que reconhecem, acolhem e revelam Jesus Menino como promessa realizada de Deus.

Tudo no Evangelho de hoje é revestido de luz e alegria, mas tudo permanece na simplicidade própria do Natal de Jesus. Um simples sinal é oferecido aos pastores: um menino enrolado em faixas e deitado em uma manjedoura. Os pastores acostumados com ambientes semelhantes são convidados a redescobrir a grandeza de Deus em um recém-nascido em um local usado para alimentar os animais. Não é a grandeza do sinal que revela Deus, mas o coração em Deus que propicia perceber a sua presença até nos simples sinais.

Sobressai mais uma vez nesta cena do Natal a simplicidade de todos em um lugar, o mais singelo, que Deus escolheu para começar a se revelar. Se vê com os olhos, mas, no nascimento de Jesus, sobressai o olhar especial que somente o coração daqueles que estão em Deus é que são capazes de enxergar.

Não encontram uma criança somente – nos diz Lucas – mas encontram Maria, José e o Menino Jesus: eles encontram uma família com um pai, uma mãe e uma criança que acabou de nascer. É a realidade humana escolhida por Deus e, somente ela, para iniciar seu projeto de salvação. Jesus, antes de doar tudo que conhecemos Dele (palavras e exemplo), quis aprender, dentro de um lar, tudo que é de mais significativo para nós. Antes de nos dar tudo de si, Ele recebeu tudo de seus pais.

Acostumados com as coisas simples e pequenas de Deus, Maria e José se espantam com as palavras dos pastores que se tornam os primeiros a anunciar a realização das promessas de Deus para o povo da esperança. Tinham sido colocados longe da religião da época, mas não estavam longe de Deus.

Por isso, temos, ao final, o exemplo de Maria, que, diante daqueles acontecimentos, ao mesmo tempo, simples e grandiosos, guardava tudo em seu coração. O que ela guardava e meditava? No coração e na meditação, é que fazemos os mais belos encontros com Deus; descobrimos sua presença e a sua vontade. Meditar é aprofundar e descobrir a grandeza de tudo de Deus na simplicidade de pessoas, fatos, gestos, palavras e momentos.

Graças à Maria, o rosto de Deus se tornou eterno entre nós. O próprio Jesus nos ensinou que Ele permaneceria presente entre nós, em cada pessoa, principalmente, nos mais necessitados e pobres. As bênçãos de Deus continuam acessíveis a todos nós, em cada irmão e irmã, em cada gesto simples, revestido de afeto e amor, exatamente como Jesus nos ensinou. Esta é a raiz mais sublime deixada por Jesus para termos e permanecermos sempre em paz.

UM FELIZ E ABENÇOADO ANO NOVO A TODOS!

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