#Reflexão: Quarta-feira de Cinzas (2 de março)

28 de fevereiro de 2022

A Igreja, nesta quarta (2), celebra a Quarta-feira de Cinzas. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Jl 2,12-18

Salmo – Sl 50 (51), 3-4. 5-6a. 12-13. 14.17 (R.Cf.3a)

2ª Leitura – 2Cor 5,20-6,2

Evangelho – Mt 6,1-6.16-18

Acesse aqui as leituras.

 

QUARTA-FEIRA DE CINZAS E CAMPANHA DA FRATERNIDADE

Iniciamos, com a celebração da Quarta-feira de Cinzas, o tempo da Quaresma em nossa Igreja. Tempo de especial convite para a conversão através da penitência. Não é um tempo triste e nem de medo, mas de recolhimento espiritual e de mudança de vida. O pedido especial que ouviremos em nossas celebrações por 40 dias será de conversão: abandonar o que é pecado em nossa vida para seguir o caminho deixado por Jesus.

O profeta Joel (1ª leitura) nos ajuda a entrar no clima da Quaresma com um forte convite a mudança interior: “Voltai para mim com todo o coração”… “rasgai o coração”. O profeta também convida a um gesto exterior de penitência e sacrifício. Todos são convidados a manifestar o arrependimento pelos pecados, desde as crianças até os mais próximos de Deus, os sacerdotes.

Sabemos as consequências do pecado em nossa vida. Ele nos distancia de Deus, que é sempre fonte de bênçãos. O pecador se coloca longe de Deus e se torna cada vez mais frágil e fraco. Longe de Deus, a luz que ilumina a nossa vida vai se apagando. Deus Pai jamais nos abandona, mas respeita as nossas decisões. No pecado, sofremos pelos nossos erros. Deus, como Pai, sofre a ausência do seu filho como na parábola do Filho Pródigo. Por isso, o caminho é sempre o arrependimento, que é a decisão de deixar o pecado para voltar para Deus.

Conversão é um desejo firme que nasce em nós e que nos move a buscar a Deus. O perdão de Deus é um ponto de chegada de um caminho que começa quando nos arrependemos de nossos erros e procuramos a Deus. Jesus, no Evangelho, nos mostra que tudo em nossa vida deve nascer do profundo do nosso coração e não ser somente um ato externo e de palavras.

Além do desejo e da firme vontade de mudança de vida, Jesus nos ensina como viver as três práticas comuns para os judeus de sua época, que, para nós cristãos, têm um sentido mais profundo.

Jesus nos apresenta que devemos fazer a caridade, buscando ajudar as pessoas mais necessitadas, como expressão de nossa comunhão com Deus. Não devemos chamar atenção e nem buscar nenhum prestígio pessoal. No tempo de Jesus, os pobres e miseráveis eram em grande número e muitos podiam dar somente “esmolas”, o pouco do pouco que tinham. Hoje, muitos podem ajudar os mais necessitados, que, atualmente, são em menor número. Porém, o princípio é o mesmo: ajudar sem ter nenhuma vantagem e prestígio pessoal. Fazemos isso movidos por amor a Deus presente em cada pessoa e não para alimentar nosso orgulho e buscando aplausos, pois, como diz Jesus, quem age assim já tem sua própria recompensa, que não é aquela que vem de Deus.

A oração é outra forma especial para buscarmos nossa mudança de vida e conversão. Sabemos que rezar é buscar uma especial comunhão com Deus. Desligamo-nos um pouco das coisas do mundo para nos sintonizarmos em Deus. O único sentido para quem procura rezar é estar mais próximo de Deus, assim, não tem sentido rezar para ser visto pelas pessoas. Reza-se para ser ouvido por Deus! Jesus condena a atitude daquele que está mais interessado em ser visto pelas pessoas como uma pessoa religiosa e que “reza bonito”. A oração ideal que Jesus nos ensina é aquela que nasce do profundo do nosso coração. Assim, ela nem precisa de palavras e muito menos a pessoa precisa ser ouvida ou vista pelos outros quando reza.

O jejum é um exercício de penitência com o qual a pessoa, livremente, renuncia a algo especial para oferecer a Deus. Nosso Deus Pai não precisa de nosso jejum. Nós é que precisamos disso para termos mais controle sobre a nossa liberdade e vontade. Nós é que devemos controlar nossos desejos e impulsos. Por isso, renunciamos a algo para termos mais controle sobre nós. O sacrifício nos ajuda a fortalecermos nossa comunhão com Deus. Não tem sentido alguém fazer um sacrifício (penitência) e, de alguma forma, exibir isso para os outros e buscar elogios como uma pessoa religiosa e piedosa. Quem busca prestígio humano com caridade, oração e o jejum já tem seu prêmio entre as pessoas e não em Deus.

A Quaresma também é um momento para olharmos o nosso mundo com um olhar de fé. Um dos convites deste tempo da Quaresma é a conversão. Somos chamados a dar respostas também às diversas realidades no mundo que vivemos. Todos os anos, neste tempo, temos a Campanha da Fraternidade (CF) que nos ajuda a olharmos o mundo com um olhar de pessoas de fé. Sem abandonar o espírito da Quaresma, somos convidados a dar respostas a situações que vivemos e fazem parte de nossa vida. A CF 2022 nos propõe o tema da educação. É um convite a refletir sobre a formação humana, tão necessária para as pessoas e que acontece nas escolas e na universidade. A fé também pode contribuir para que a educação seja cada vez mais humana e justa para todos.

Por fim, o nosso tempo da Quaresma inicia-se com a celebração da imposição das Cinzas. Tal gesto é, primeiro, um profundo desejo de buscar mais a conversão e a mudança de vida. As cinzas são o que resta, o que fica após um incêndio ou quando se queima algo. São a realidade última, mais inferior, a que as coisas são reduzidas. Deve ser assim o nosso espírito na Quaresma: recomeçar com humildade o caminho de fé e de conversão, buscando a Deus com coração aberto e arrependido das faltas e pecados.

Faça o download da reflexão em .pdf.