#Reflexão: Sábado Santo, Vigília Pascal e Ressurreição do Senhor (30 de março)

28 de março de 2024

A Igreja celebra Sábado Santo, Vigília Pascal e Ressurreição do Senhor, neste sábado (30). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 1,1-2,2
Salmo: 103(104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. cf. 30)
2ª Leitura: Rm 6,3-11
Salmo: 117(118) 1-2.16ab-17.22-23
Evangelho: Mc 16,1-7

Acesse aqui as leituras.

VIGÍLIA PASCAL (2024)

A nossa fé pascal não é um mito, um conto de fadas, mas uma história de amor. É a descoberta de um Amante, Deus, que possui um Amor que vence a morte: mas também nos oferece esse Amor, para que na nossa vida possamos ser amados e praticantes do amor.

Queridos irmãos e irmãs, com palavras, ações, sinais, com o nosso corpo e os nossos sentidos, mas também com o fogo, a água, o pão e o vinho celebramos a Ressurreição de Cristo Jesus, a vitória da vida eterna sobre a morte, sobre a nossa morte como seres humanos fracos, frágeis e mortais. “Cristo ressuscitou! Ele ressuscitou verdadeiramente!”: este é o nosso grito, a nossa fé, a nossa esperança e a razão da nossa caridade. Sim, como diz o Apóstolo: “se Cristo não ressuscitou, a nossa fé é vã… e podemos ser considerados entre os mais miseráveis ​​da terra” (1Cor 15,17.19).

Depois de ter escutado toda a nossa história nas leituras desta vigília como a história da salvação que Deus realizou para nós, vimos que tudo tem o seu ponto alto na ressurreição de Jesus, momento único na história de uma história de Deus Pai. É o que percebemos lendo os primeiros anúncios da ressurreição de Jesus feitos por Pedro, Estêvão e Paulo nos Atos dos Apóstolos, a ação de ressuscitar Jesus, seu Filho Único dentre os mortos é a resposta final de Deus Pai. E um pouco mais tarde, também se acrescentou que esta ação de Deus Pai foi realizada através do poder do Espírito Santo (cf. Rm 8,11).

Deus Pai, fonte do amor único e criador, só Ele poderia vencer a morte.

A longa vigília, em que ouvimos as Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, permitiu-nos contemplar a história da salvação, a ação de Deus, desde o início até ao cumprimento das suas promessas em Cristo. Esta vigília tem sobretudo um propósito: fazer-nos compreender a Páscoa, a ressurreição, e tornar-nos participantes deste mistério, o mistério da vitória de Deus sobre a morte, do “Deus que é amor” (1Jo 4,8.16). Isto é tudo o que precisamos acreditar que este amor é tudo que permanece, que contém algo de eternidade, um amor que pode nos permitir dizer no presente e no futuro: somente o amor pode vencer inclusive a morte.

Nos dias anteriores nos concentramos na história da Última Ceia quando Jesus nos deu o sinal do seu amor, a Eucaristia. Depois, na Paixão vivida por Jesus (Sexta-feira Santa), lembramos da entrega total de Jesus, mesmo diante do silêncio do Pai. Para os homens, para Pedro, para Judas, para os outros dez, para os sumos sacerdotes, para o poder político romano, com a morte de Jesus tudo teve um fim comum: um túmulo com uma pedra rolada na entrada e tudo acabou. Segundo Mateus diz que até guardas vigiavam o túmulo para que tudo ficasse encerrado atrás de uma pedra e não tivesse nenhuma novidade (cf. Mt 27,62-66).

A Vigília Pascal inicia com um grande silêncio que não significa um vazio ou ausência de algo, mas silêncio de expectativa, pois no interior da terra, um “grão de trigo” morto por amor de todos, começa a germinar vida nova. É silêncio de vida nova! Jesus que conhecia coisas do céu e da terra, que apontou o infinito, não poderia encerrar sua história em um buraco na terra.

Mas, na madrugado do terceiro dia – ouvimos no Evangelho de Marcos – três mulheres, de manhã cedo, quase clandestinamente, naquela hora em que passa das trevas para a luz, vão cuidar do corpo de Jesus com o pouco que elas têm. Mas, tudo inicia com um sentido negativo, de ausência. Faltava luz, era escuro ainda; faltava embalsamar o corpo de Jesus como se devia, faltava alguém para rolar a pedra. A história recomeça com a aparente parte mais fraco do grupo de Jesus: as mulheres. São Marcos já tinha dito antes que eram mulheres que serviam desde o tempo da Galiléia. Pessoas acostumadas a doação e a caridade, entendiam da força do amor que se doa totalmente. Movidas por profundos sentimentos e um sentido de perda, ainda querem realizar um último ato de despedida, de entrega, vão ao sepulcro do Amado Jesus. Receberam tanto, queriam ainda oferecer algo melhor para o final da Sua vida.

Amam-no até na morte, seu mestre, e descobrem que o tempo do amor é mais longo que o tempo da vida. E tudo acontece de surpresa em surpresa: “olhando viram que a grande pedra já havia sido movida”.

Com espanto, desorientação, medo, elas entram, frágeis e indomáveis, e encontrando outra surpresa, desta vez, maior: um jovem mensageiro (tudo é novo e jovem, naquela manhã) com um anúncio de uma inesperada boa notícia: Jesus, que vistes crucificado, ressuscitou!” Este é o grito da Igreja, o grito litúrgico. Deus, Pai de Cristo, aquele que Jesus invocou com fé e chamou: “Abba, Pai” (Mc 14,36), respondeu-lhe depois da morte. As mulheres deveriam ter se alegrado, mas em vez disso ficaram em silêncio. O jovem insiste com ela: “Ele não está aqui!”.

Que palavra profundas e encantadoras: “Ele não está aqui!”, Ele vive, mora, mas não aqui no sepulcro. Ele está vivo, é um Deus a ser surpreendido na vida, nas ruas, nas casas, em todos os lugares, exceto entre os mortos.

O Sepulcro vazio é a constatação de algo novo, mas somente com o anúncio do “jovem mensageiro” é que tudo tem sentido. A ressurreição de Jesus é uma revelação que somente o céu (mensageiro) poderia nos dar e não uma conclusão ou um raciocínio de alguém. É fruto da fé dos primeiros discípulos que nos foi dada e passada como revelação de Deus.

Jesus estava morto, realmente morto, como morre o homem e todo animal. Mas Deus o ressuscitou da morte e lhe deu a vida divina, a vida eterna. Deus Pai não ressuscitou um cadáver, não ressuscitou um morto, mas devolveu a Jesus a vida doada até o fim, mas agora, vida divina, vida eterna.

Jesus tinha definido a sua morte como um Batismo que iria receber (cf. Lc 12,50). Assim, todo homem que morre na fé em Cristo está imerso neste mesmo Batismo, e na sua própria morte encontra a morte de Jesus. A nossa morte está mergulhada na sua morte, e como a Jesus, nós também seremos ressuscitados dentre os mortos por uma ação de Deus Pai que nos dará vida e nos tornará plena e radicalmente seus filhos e filhas.

E depois ainda outra surpresa: a imensa confiança do Senhor que lhes confia, tão desorientadas, o grande anúncio: “Ide e dizei”, com os dois imperativos específicos da missão. De discípulas sem palavras, a missionárias de discípulos sem coragem. Acrescenta ainda: “Ele vos precede na Galileia”. Vos precede, como novo Pastor sem fronteiras, espaço e lugar; avança à frente da longa caravana da humanidade rumo à vida eterna.

A história de Jesus não terminou com as mãos dos homens que O assassinaram, mas tudo tem um novo sentido com as “mãos” de Deus que rompe a imensa pedra colocada no sepulcro. A ressurreição de Cristo não é uma história que continuou só com os apóstolos, mas de Cristo Jesus eternamente presente na história. A ressurreição de Jesus Cristo não é algo que acontece no outro lado da vida, mas em nossa vida e história, como algo novo, diferente e cheio de esperança para nós!

Uma Feliz e Santa Páscoa a todos!

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