#Reflexão: Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria (20 de agosto)
A Igreja celebra a Assunção da Virgem Maria, neste domingo (20). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Ap 11,19a;12,1-6a.10ab
Salmo: 44(45),10bc.11.12ab.16 (R. 10b)
2ª Leitura: 1Cor 15,20-27a
Evangelho: Lc 1,39-56
FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
A festa da Assunção de Maria é uma solenidade que toca profundamente a nossa realidade humana. Não é somente uma festa de Maria, mas uma esperança para todos nós que compartilhamos da mesma realidade enquanto criaturas de Deus.
A Assunção de Maria é uma festa do valor do corpo. Na nossa fé, professamos a ressurreição do corpo, isto é, Deus não desprezará a nossa realidade total como filhos e filhas, corpo e alma. Tudo que nós somos neste mundo, participará da alegria eterna com Deus, como São Paulo nos lembra na segunda leitura, nos recordando sobre a nossa fé na ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição.
Este nosso corpo tão frágil e marcado por tantos limites e muitos pecados, um dia – assim acreditamos – estará em uma realidade de perfeita comunhão na presença de Deus. Realidade que Maria, Mãe de Jesus, em vida já pode experimentar. Em Maria, tal maravilha é antecipada como graça e dom, para aquela que, neste mundo, foi morada do Eterno Deus.
Ela foi preservada da mancha do pecado, por isso, o Anjo de Deus, Gabriel chama Maria de “cheia de graça”, assim era preciso, para que Jesus tive toda a realidade e natureza humana sem a presença do pecado. Um corpo puro para acolher a pureza de Deus; um corpo cheio de graça para gerar, na graça, aquele que é a expressão do amor de Deus. Maria passa a Jesus o melhor da natureza humana, sem pecado e perfeito em Deus, como assim acreditamos, um dia seremos com Deus na eternidade: um corpo ressuscitado.
Na encarnação do Filho de Deus, Maria dá sua carne para que toda promessa do Antigo Testamente se tornasse realidade e visível a toda humanidade. O abraço do homem Jesus, tem tudo do abraço de sua mãe Maria. O Sangue único de Jesus que jorrou e lavou o mundo do pecado é o mesmo sangue de Maria. O DNA de Jesus, partícula humana que nos particulariza no mundo, é o mesmo DNA de Maria.
Maria é a plena beleza entre as criaturas, pois é plena de Deus. Cheia de graça para nutrir em seu ventre, Jesus que depois foi a fonte de graça para as pessoas. Dessa forma, o corpo de Maria torna-se o lugar por excelência da presença de Deus na terra. Lugar físico onde o Filho de Deus se torna um homem. Substituindo o Templo Sagrado, Maria se torna um Templo que vai ao encontro, como no Evangelho, ao visitar sua prima Isabel que somente ao ouvir a voz de Maria, sente já a presença de Jesus Salvador.
Uma Mãe que aprendeu o sentido profundo da doação. Não se apegou ao seu Filho como propriedade exclusiva, mas o preparou para ser de todos. No Evangelho, vemos Maria, que corre depressa para servir uma pessoa. Corre apressada, pois o amor tem pressa de servir e levar Aquele que é o sentido da sua vida. Duas mulheres portadoras de promessas especiais: Isabel, já na velhice, quando não havia mais esperança, recebe um dom de gerar um filho, graça de Deus para ela e Zacarias que se transformará em graça para o povo de Deus, pois terá a missão de anunciar e apontar o Messias esperado; Maria ainda antes de se casar, é agraciada com um dom do Criador de gerar o Filho de Deus.
Nenhuma criatura no mundo teve uma ligação com Deus tão profunda e fecunda como teve Maria. Adão e Eva foram frutos da ação criadora de Deus. Em Maria, tudo aconteceu no seio da mais santa criatura da terra: Maria, Mãe de Jesus. Uma nova criação, um novo momento único na humanidade onde tudo começa a ser novo e especial no corpo de uma jovem mulher de Nazaré. É a única criatura que existiu no mundo que pode se dirigir ao Senhor Deus, centro do universo, e chama-Lo de Meu Filho e Meu Deus!
Jesus, antes de doar-se completamente aos outros, recebeu tudo da humanidade de sua mãe, Maria. Ela doou o melhor da humanidade para formar o corpo do seu Filho Jesus. Ela O alimentou e O aqueceu como faz toda mãe. Ofereceu o melhor de si para que em um lar, o Filho de Deus pudesse experimentar a maravilha de fazer parte de uma família.
Foi também discípula, ouvindo atenta Aquele que ela mesma ensinou as coisas pequenas, belas e significativas da vida dentro de sua casa. Aos pés da cruz, ela também estava lá no meio de outras mulheres, mas como única e exclusiva Mãe do Redentor. No seu silêncio, faz a experiência que seu Filho Jesus abraçou com toda liberdade e paixão: entrega total e sem limites. Antes de Jesus se entregar nos braços do Pai na Cruz, sua Mãe já o havia entregue a toda humanidade.
Maria aprendeu desde cedo que devia preparar seu filho Jesus para toda humanidade. Que havia uma vontade muito maior que o seu desejo de Mãe: ver o seu Filho sempre bem. Na vida de Maria, tudo teve início com a frase: “faça-se segundo a sua Palavra (vontade)”, na Cruz, ela renova esta mesma entrega a Deus.
O Corpo de Maria, inegavelmente, foi envolvido por Deus para nele e a partir dele, a humanidade conhecesse o Salvador. Assim, Maria e o seu corpo estão profundamente envolvidos na obra salvadora de Deus.
Por isso, desde o início da caminhada cristã, acredita-se que Maria não teve um final como mais um neste mundo. Um corpo especialmente preparado para ser mãe do Filho de Deus não poderia conhecer a corrupção da carne reservado como a nós, simples pecadores. O Criador não jogaria fora ou desprezaria aquilo que Ele próprio criou e preparou de um modo tão especial para ser a Mãe do Salvador. O final da vida de Maria estava completamente vinculado ao destino do seu próprio Filho Jesus e não como mais uma simples criatura neste mundo.
O autor do Apocalipse, para expressar uma realidade que está além da história deste mundo, nos mostra uma Mulher no céu. Está grávida, prestar a dar à luz. Onde Deus e a humanidade celebram o máximo da vida, também aparece o Mal (dragão), mas nada consegue, pois a Mulher é protegida no céu: está cercada com tudo que há de mais forte da parte de Deus. A Mulher permanece criatura, mas plenamente de Deus, intocada pelo Mal, pois é protegida no céu e na terra. Certamente, João se inspirou na Mãe de Jesus, Maria, para representar esta realidade tão humana, mas plenamente pertencente a Deus.
Como Cristo Jesus, seu Filho, venceu a morte e não conheceu a corrupção do corpo, mas ressuscitou, Maria, sua mãe, teria sido preservada do destino comum dos homens. Ao término de seus dias, ela foi elevada de corpo e alma aos céus. Final digno para aquela chamada pelos Céus de “cheia de graça”; esperança para todos nós que somos filhos e filhas no próprio Filho de Deus e de Maria.