#Reflexão: Solenidade de São Pedro e São Paulo (Ano B – 4 de julho)

2 de julho de 2021

A Igreja celebra neste domingo (4), a Solenidade de São Pedro e São Paulo. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – At 12,1-11

Salmo – Sl 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)

2ª Leitura – 2Tm 4,6-8.17-18

Evangelho – Mt 16,13-19

Solenidade de São Pedro e São Paulo

“O dia de hoje é para nós dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo… Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho”, disse Santo Agostinho (354-430) em seus sermões sobre a solenidade de São Pedro e São Paulo. A história destes dois grandes homens está profundamente ligada à história da Igreja de Cristo.

Pedro foi preparado por Jesus para uma missão muito especial dentro da comunidade dos discípulos e na sua Igreja. Era fundamental que ele fosse a principal referência para os demais apóstolos e discípulos. Alguém que pudesse passar para os demais, a segurança necessária e ao mesmo tempo uma fé profunda que Jesus estava presente conduzindo sua Igreja. Assim, através de Pedro, o próprio Cristo foi organizando e conduzindo a sua comunidade de discípulos que nascia e se espalhava com o testemunho firme de todos.

Os doze apóstolos logo no início foram reconhecidos como “colunas” da Igreja (cf. Ap 21,14; Gl 2,9). E Pedro foi constituído pelo próprio Jesus como pedra de fundamento. Segundo Mateus, Jesus quis saber qual ideia as pessoas estavam tendo Dele quando todos estavam no local onde ficava a sede do poder romano daquela região: Cesareia de Felipe. Ouviu várias respostas. Uns diziam ser “João Batista”: grande homem de Deus que marcou a vida do povo; outros, “Elias”: segundo o profeta Malaquias, ele iria reaparecer antes da vinda do messias; e “Jeremias” um grande sacerdote profeta. As respostas mostravam que o povo percebia que Jesus era especial, mas alguém somente ligado a grandes personagens do passado.

Mas, Jesus queria ouvir a resposta dos seus discípulos que estavam convivendo com Ele havia um bom tempo. Pedro, em nome do grupo, dá uma resposta profunda e diferente: “Tu és o Messias, Filho de Deus”. Ele reconhece que mais que um grande profeta que anuncia o Ungido de Deus (messiah), Jesus é o próprio Messias enviado por Deus. “Filho de Deus”: Pedro demonstra ter consciência que seu Mestre não pertence a nenhuma realidade conhecida por todos: pertence a Deus! O primeiro apóstolo reconhece que Jesus é o Messias que todos esperavam e que sua ligação com Deus é a mesma entre um pai e um filho.

Para Jesus, a resposta de Pedro foi o sinal de que, realmente, o apóstolo pescador tinha dado um grande salto de fé. Nas palavras de Jesus, não foi algo que Pedro adivinhou ou descobriu por conta própria, mas uma revelação dos céus. Era o sinal de Deus que Pedro poderia ser o principal responsável em sua Igreja. E Jesus lhe confirma sua fé e sua missão.

Jesus muda seu nome de Simão (mudar nome = pessoa nova e com uma missão) para “Pedro” (Pedra em grego Petra). “Sobre esta pedra construirei a minha igreja”. A Igreja é de Cristo, é uma só e é o próprio Cristo quem vai construí-la (não é uma associação e nem fruto da iniciativa de pessoas). É para sempre, até o final da história e nem as portas do inferno vão conseguir vencê-la, porque pertence a Jesus Cristo. “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus”: É Jesus quem concede; quem tem as “chaves” tem poder de abrir e fechar; também de ligar e desligar. Jesus diz “tudo o que tu ligares…. o que tu desligares”, poder especial para alguém que tem a principal responsabilidade na sua Igreja. Quem assume esta responsabilidade, carrega este grande poder. O poder é especial e pessoal a Pedro, mas não se limita a ele, mas a todos que assumirem a direção da Igreja de Cristo.

Na 1ª leitura, ouvimos um exemplo da grande importância de Pedro para a Igreja de Cristo. O rei Herodes já tinha mandado matar à espada o apóstolo Tiago e mandou prender Pedro. A “Igreja rezava continuamente a Deus por ele”. Dois poderes em jogo: da espada e da oração. Deus intervém de uma forma espetacular. O céu vem em auxilio com um anjo que liberta sem violência e sem mortes. Pedro tem a proteção de Deus e dos seus anjos. E em sua vida, o apóstolo, pedra da Igreja de Cristo, cumpriu com grande exemplo de fé sua missão até o seu martírio em Roma. Pedro passou, mas a Igreja de Cristo continua sua missão.

Paulo é o exemplo mais concreto que é o próprio Cristo Jesus que está à frente de sua Igreja. Jesus continua escolhendo pessoas segundo os seus critérios. Saulo de Tarso perseguidor da Igreja, aos olhos de todos, não seria o mais adequado para fazer parte do grupo dos discípulos. Mas Cristo escolheu Paulo pessoalmente. Se Pedro representa o início e o fundamento da fé em Cristo vivo e ressuscitado para a Igreja, Paulo foi outra coluna importantíssima para a missão de implantar o Reino de Deus neste mundo. Era necessário levar o anúncio da salvação em Cristo para todas as pessoas e em todos os tempos.

Paulo, chamado por Jesus de um modo diferente, se sentia tão apóstolo como os demais. Assumiu com o mesmo empenho a missão de espalhar a Boa Nova da Salvação de Cristo para todos. Paulo, praticamente quase sozinho, criou diversas comunidades, escreveu cartas e plantou a mensagem do Evangelho nas principais cidades daquela época. Homem corajoso na fé e firme na esperança, Paulo de Tarso deu testemunho de Cristo a partir da sua própria vida. Foi dedicado e zeloso no judaísmo e da mesma forma, foi um cristão fervoroso e fiel a Cristo depois de seu chamado. Enfrentou dificuldades, perseguições dentro e fora da comunidade cristã, mas jamais desanimou e deixou de evangelizar.

Na 2ª leitura, ouvimos seu testemunho e consciência que lutou um bom combate, completou sua missão e guardou a sua fé. Como Pedro também Paulo percebeu que o mais importante é se deixar guiar pelo próprio Jesus que governa e conduz a sua Igreja. Animados por estes dois grandes homens da fé, peçamos a mesma coragem e perseverança para todos nós e para aqueles que nos guiam hoje à frente da Igreja de Cristo.

 

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