#Reflexão: Solenidade de Todos os Santos (05 de novembro)
A Igreja celebra a Solenidade de Todos os Santos, neste domingo (05). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Ap 7,2-4.9-14
Salmo: 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R. cf. 6)
2ª Leitura: 1Jo 3,1-3
Evangelho: Mt 5,1-12a (Bem-aventuranças)
FESTA DE TODOS OS SANTOS
A Igreja hoje celebra a grande solenidade do dia primeiro de novembro: festa de Todos os Santos.
O povo da Bíblia sempre gostou de recordar os grandes homens e mulheres que marcaram a história de luta e também de santidade de sua gente.
Temos inúmeras citações no AT e NT sobre Abraão, Moisés, Davi, Salomão, inúmeros profetas (Samuel, Elias, Eliseu, Jeremias…), Sara, Rebeca, Raquel, profetisa Débora, etc. Homens e mulheres que o povo fazia questão de recordar e relembrar seus feitos, palavras e ensinamentos, pois o presente de um povo carrega raízes profundas de sofrimento e luta de tantas outras pessoas que já partiram.
Entre os cristãos no NT não é diferente. Os apóstolos são lembrados como representantes de Jesus Cristo e muitas são as histórias que foram preservadas de milagres e profundos ensinamentos. De fato, Jesus não deixou nada escrito, o que temos é fruto da fé e da memória dos seus apóstolos e discípulos. Nos escritos do NT, alguns personagem são lembrados como pessoas que conseguiram realizar a vontade de Deus com o máximo que uma pessoa pode fazer. São Paulo é citado como um irmão a ser imitado, como ele mesmo sugere: “sede meus imitadores” (1Cor 4,16; 11,1; Fl 3,17).
Jesus é o modelo de vida e de santidade que devemos buscar sempre praticar e viver em nossa vida. Não somente suas palavras são de vida eterna, mas também seu comportamento e exemplo. E a santidade que Jesus viveu e nos deixou como modelo de vida, é o que Deus é em plenitude: “Sede santos, porque eu sou santo”, texto de Lv 11,44 citado pelo autor de 1Pd 1,16.
Jesus é quem devemos imitar e conformar a nossa vida em vista da santidade, mas é tão bom lembrarmos de algumas pessoas dentre as incontáveis homens e mulheres que também fazem parte de nossa história de fé e que conseguiram viver esta santidade.
Quando olhamos somente Jesus como meta, pode nos apresentar como algo impossível, mas quando olhamos ao nosso redor e em nossa história, e enxergamos muitas pessoas que conseguiram viver o máximo possível do amor de Deus, a nossa jornada e a nossa esperança se fortificam, pois se tantos conseguiram se aproximar tanto de Jesus e de seus ensinamentos, também nós podemos se fizermos o que Jesus ensinou e seguir o exemplo de nossos irmãos e irmãs.
Os santos são pessoas que viveram neste mundo um projeto de vida que marcou a esperança e a fé de muitas outras pessoas. Homens e mulheres que conseguiram conformar suas vidas aos ensinamentos do Mestre Jesus. São nossos irmãos que já participam da eternidade com Deus, mas também são exemplo que todo cristão deve também praticar e viver: é possível sim viver as palavras de Jesus!
O livro do Apocalipse nos apresenta – entre outras coisas – como é o céu e todos que lá se encontram. É um lugar onde todos vivem tudo em plenitude: a alegria, a felicidade, é uma festa sem fim, pois lá encontram-se todos que conseguiram viver as palavras de Jesus. A leitura de hoje deste último livro da Bíblia recorda, no entanto, que no céu onde Deus está, é um lugar de todos que neste mundo deram suas vidas pela causa de Jesus; é o lugar da glória dos mártires que derramaram sangue na luta espiritual pela implantação do Reino de Deus.
O céu é um lugar que se conquista pela doação total nesta vida. Neste mundo, muitas coisas são adquiridas por indicação ou influência de outras pessoas, o paraíso com Deus é o prêmio para aqueles que se entregaram totalmente ao projeto de amor de Jesus. No Apocalipse, os eleitos são pessoas bem definidas, marcadas pelo Batismo (assinaladas na fronte) e definidas pelo martírio de vida ao ponto de morrer por Jesus.
Mas, como nós hoje podemos garantir este lugar na festa dos santos no céu? A receita e o caminho são os mesmos que Jesus viveu e ensinou: As bem-aventuranças do Evangelho.
Muitos na história já usaram esta lista de conselhos para justificar a miséria e a indigência, dizendo que é isto que Deus quer e isto que deseja para todos nós nos salvarmos. Jesus jamais quis dizer isso quando ensinou seus discípulos. A pobreza para Jesus é ter o necessário e o suficiente para viver.
Há na Bíblia e na história da Igreja muitos que fizeram uma escolha voluntária por uma vida sem ter nada de posse consigo. Tudo o que eles tiveram foi somente o necessário para viver e o que avançava em suas vidas, compartilharam com o próximo. Uma pobreza radical por escolha para servir melhor e mais os irmãos.
Mas, a indigência e a miséria imposta a tantos irmãos e irmãs nossos, isto não é da vontade de Deus. A riqueza de alguns, carrega o sofrimento de tantos que não tem nem o mínimo para viver.
As bem-aventuranças são um projeto de vida que Jesus nos deixou para a nossa salvação. Por isso, Jesus revolucionou o conceito daquele tempo, pois imaginavam que santidade e bênçãos estavam somente com quem tinha riquezas, poder, abundância de comida e bebida.
São santos para Jesus quem encontra-se com aquilo que é mínimo para a vida, mas também quem se solidariza e luta pelos irmão que nada possuem (são os “pobres em espírito”, quem chora e quem é misericordioso), quem luta por nobres valor para todos (paz, concórdia) e quem tem sede de justiça. As bem-aventuranças são um estado de espírito, mas também de vida e de atitudes.
Os santos são pessoas idênticas a todos nós, com os mesmos e talvez problemas piores, mas que conseguiram conformar suas vidas a de Jesus, tornando-se testemunhas do próprio Senhor.
A santidade é condição fundamental para entrar no céu. Sabemos que é um percurso nada fácil, mas podemos sempre contar com o próprio sustento de Cristo que nos chama a perfeição, mas também nos dá os instrumentos de graças e de edificação espiritual.
São muitos os santos conhecidos, mas muito mais são aqueles que não são lembrados por todos nós. São pessoas que lutaram e morreram por nobres valores: paz, concórdia, justiça e que normalmente não ocuparam as páginas dos jornais e nem são famosos. Se são desconhecidos e nem lembrados por nós, são conhecidos e amados por Deus.
Jesus decreta estas pessoas (os pobres, pacíficos, justos…) como modelos que devemos procurar viver, não porque são os melhores; como se o pobre fosse melhor do que o rico; ou o humilde melhor do que o prepotente; o pacífico melhor do que o violento. Deus ama igualmente a todos como um pai ama todos os filhos. No entanto, Jesus esteve muito mais perto destas pessoas e foram os seus prediletos, porque sempre foram esquecidos pelos outros irmãos daquele tempo como ainda hoje acontece.
Ser santo é viver uma vida conforme aquilo que Jesus viveu e ensinou, mas é impossível viver uma santidade deixando de viver o mesmo e verdadeiro amor de Jesus para com os irmãos, a começar dos mais necessitados.