Santa Luzia: a protetora dos olhos

13 de dezembro de 2023

Luzia nasceu na Itália, em Siracusa, ao final do século III. Filha de pais religiosos que lhe deram formação cristã de amor a Deus e ao próximo. É dela o pensamento: “Adoro a um só Deus verdadeiro, e a Ele prometi amor e fidelidade.”

Luzia, a santa virgem e mártir! Mártir, porque viveu um dos sinais mais fecundos da verdade da revelação. A Igreja reconhece o martírio como caminho da santidade, já que ele segue a trajetória do próprio Cristo, mártir na Cruz. Ser cristão, é ser mártir! Para a Igreja primitiva, o mártir é aquele que professa sua fé em Cristo e, por causa disso, derrama o próprio sangue. Luzia derramou seu sangue, ao abraçar pela fé a verdade de Jesus Cristo. A sua virgindade é sinal de seu desejo de consagrar a vida a Deus de forma radical e exclusiva, e assim poder reproduzir em sua vida a forma de viver de Cristo Jesus. Seu testemunho chama a atenção da Igreja e do mundo para a dignidade do ser humano e do amor.

Luzia, pequena órfã, viveu sua infância e juventude dedicando-se aos cuidados da mãe Eutíquia, que padecia de graves hemorragias internas. Na ida à cidade de Catânia, na Silícia, para rezar pela saúde da mãe na tumba de Santa Águeda, Luzia teve a manifestação de que Deus curaria sua mãe, e por isso, decidiu consagrar sua vida a Ele como cristã e fazendo o voto de virgindade. A tradição conta, que por intercessão de Santa Águeda, a mãe de Luzia foi curada de sua enfermidade e, também, Santa Águeda lhe revelara que sofreria martírio e seria venerada em toda Siracusa.

Havia nesse tempo, a promessa de casamento com um jovem pagão, que Luzia desejava se livrar. Começou, então, o sofrimento de Luzia com a denúncia de seu pretendente e a perseguição religiosa. Luzia deu o testemunho de perseverança na fé e não esmoreceu em seu propósito de dedicação a Deus, não receando expor publicamente sua confiança em Jesus. O hagiógrafo J. Alves diz: “Santa Luzia foi uma mulher corajosa, que escolheu viver na fé e arriscar sua vida ao assumir a condição de seguidora de Jesus, em um tempo em que isso era considerado crime grave.”  O imperador romano Diocleciano era implacável com quem professasse a fé cristã.

Os olhos de Luzia compõem várias lendas e histórias. Mas estão a origem etimológica de seu nome com o belo significado de origem latina ‘lux’, ou seja: luz: revela-nos Santa Luzia, portadora de luz e a protetora dos olhos. Diz J. Alves: “São os olhos as janelas, por onde a luz penetra o nosso ser, permitindo que contemplemos a beleza das coisas criadas, e acolhamos, pelo olhar nossos semelhantes”. Luzia volveu seu olhar aos mais necessitados, desfazendo-se de seus bens materiais e os distribuindo aos pobres. Luzia é a padroeira contra a cegueira física, mas sobretudo, contra a cegueira que nos impede de enxergar que Deus é nossa luz e a vida só vale a pena quando se torna um ato de amor a Ele e ao próximo!

O Papa Francisco diz: “Luzia, mártir de Siracusa, recorda-nos, com seu exemplo que a máxima dignidade da pessoa humana consiste em dar testemunho da verdade, seguindo a própria consciência custe o que custar, sem duplicidade e sem compromisso”. Francisco quer dizer com essas palavras que Luzia está do lado da luz, servindo a luz como o nome ‘Luzia’, evoca. E ainda o papa declara que o testemunho de Luzia leva-nos a “ser pessoas claras, transparentes, sinceras, comunicar com os outros de forma aberta, clara e respeitosa. Isso ajuda a espalhar luz nos ambientes em que vivemos, para torná-los mais humanos, mais habitáveis”.

O martírio de Luzia e de tantos santos e santas leva-nos a meditar sobre os nossos martírios atuais: os nossos vacilos na fé que podem ser um martírio em não perceber os sinais de Deus em nossas vidas; nossa preguiça espiritual pode ser um martírio, pois deixamos de ver o que é essencial e que dá sentido à vida. É a graça de Deus e nossa perseverança, que superamos esses martírios cotidianos e retornamos ao caminho ensinado por Jesus: sermos uma luz nos caminhos escuros da humanidade. É preciso que deixemo-nos encontrar pelo Deus Vivo que faz viver; é preciso que a fé na vida sustente o compromisso com a vida digna de nossos irmãos e irmãs descartados pelo mundo.

A festa de Santa Luzia é celebrada no dia 13 de dezembro, doze dias antes do Natal para indicar ao cristão e cristã a necessidade de preparação espiritual e sua iluminação para o Natal do Menino Deus que se aproxima.

Oração: Ó Santa Luzia, que preferistes deixar que os vossos olhos fossem vazados e arrancados antes de negar a fé. Ó Santa Luzia, cuja dor dos olhos vazados não foi maior que a de negar a Jesus Cristo. E Deus, com milagre extraordinário, devolveu outros olhos sãos e perfeitos para recompensar vossa virtude de fé. Ó Santa Luzia, protetora, eu recorro a Vós (coloque as mãos nos olhos e faça a sua intenção). Santa Luzia, protegei minha vista, os meus olhos. Santa Luzia, intercedei a Deus para curar os meus olhos e preservá-los de todo mal. Ó Santa Luzia, conservai a luz de meus olhos, para que eu possa ver as belezas da criação, o brilho do sol, o colorido das flores, o sorriso das crianças. Mas, acima de tudo, Santa Luzia, seguindo vosso exemplo, conservai os olhos de minha alma na fé, pelos quais, pela fé, com a alma iluminada, eu possa ver a Deus e seus ensinamentos para aprender contigo e sempre recorrer a vós. Santa Luzia, iluminai a minha alma com os olhos da fé, pois nosso Senhor Jesus Cristo disse: “os olhos são a janela da alma” (cf. Lc 11,34). Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo! Como era no princípio, agora e sempre, amém! Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!

Referências:

Canção Nova – Notícias – 12/12/2022

BBE News– Edison Veiga De Bend (Eslovênia) para a BBC News Brasil

Vida Pastoral – jan/fev de 2010 – ano 51- nº 270

J. Alves: Os Santos de cada dia e de Santa Luzia – novena e biografia.

Referência de imagem: https://www.vaticannews.va/pt/santo-do-dia/12/13/s–luzia–virgem-e-martir-de-siracusa.html