Servo de Deus padre Alderigi Maria Torriani
É assim que muitos fiéis se recordam do Servo de Deus Padre Alderigi Maria Torriani, sacerdote da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG, falecido em 1977.
Um homem de Deus, perseverante na oração.
Um homem da Igreja totalmente dedicado ao progresso espiritual do seu povo.
Um homem que se fez pobre para doar-se inteiramente aos pobres.
Um presente de Deus que passou por este mundo fazendo o bem.
Seminaristas Alderigi Torriani e Joaquim Noronha
O despertar de uma vocação
Filho de imigrantes italianos, Alderigi nasceu em Jacutinga (MG) em 1895, no dia 13 de novembro. Desde pequeno, sentiu-se chamado por Deus para a vida sacerdotal. Cultivou a semente da vocação através da oração, da vida comunitária em sua paroquia e da constante participação nos sacramentos.
Depois dos estudos no Seminário de Pouso Alegre, foi ordenado sacerdote em 1920. Já no início de seu ministério sacerdotal, exerceu importantes funções. Em Pouso Alegre (MG), foi Vigário Cooperador na Catedral e Diretor do Ginásio Diocesano, atual Colégio São José. Logo depois, foi nomeado Vigário de Brasópolis -(MG), onde permaneceu por alguns meses. Por um curto período, esteve também à frente da paróquia de Camanducaia (MG), onde lançou sementes de reconciliação e de paz.
Um pastor zeloso
Em 1927, foi transferido para Santa Rita de Caldas (MG). Esta pequena e pacata cidade jamais imaginava que ao receber aquele jovem sacerdote estaria acolhendo um astro que irradiaria, de maneira clara e evidente, a bondade do grande Senhor e Salvador Jesus Cristo.
De fato, Padre Alderigi, com sabedoria e amor, dedicou toda sua vida ao povo desta paróquia e aos peregrinos que por ali passavam. A pequena igreja matriz tornou-se um santuário onde milhares de peregrinos iam para apresentar a Deus, por intercessão de Santa Rita, seus pedidos e necessidades e para louvar e agradecer as graças recebidas.
Ao mesmo tempo, neste santuário, encontravam a acolhida calorosa do bom pároco que, com sua batina preta, seu olhar penetrante, seu sorriso sincero e transparente, sua pregação catequética e sua marcante personalidade, a todos encantava.
Prova disto é que, certa vez, uma pessoa amiga escreveu-lhe um bilhetinho dizendo: “Monsenhor, sorria ao ser fotografado!”, ao que ele respondeu: “A minha vida é um sorriso: sou pároco de Santa Rita de Caldas!”.
Apóstolo do confessionário
Este santuário, graças ao zelo do bom pastor Padre Alderigi, tornou-se lugar de muitas graças e copiosas bênçãos de Deus. Mas, antes de celebrar a Santa Missa ou dar a bênção ao povo, Padre Alderigi convidava todos a um profundo exame de consciência e a se confessarem.
Padres Maurício Pieroni, Poggeto e Alderigi
Desse modo, Padre Alderigi foi, também, apóstolo do confessionário. Nele, passava horas e horas atendendo, com carinho e, às vezes, energicamente, as confissões dos fiéis. Ele sabia que somente um coração que reconhece seus pecados diante de Deus e dos irmãos e recebe o sacramento da penitência pode estar aberto para acolher as graças que vêm dos céus!
Por isso, o santuário e o confessionário tornaram-se sua casa. Ali, nos domingos e festas, Padre Alderigi se alimentava e passava o dia todo esperando e acolhendo as pessoas e, com elas, celebrando os sacramentos e anunciando a Palavra que dá vida e salvação.
Refúgio dos necessitados
Além de celebrar os mistérios da fé católica, Padre Alderigi cuidava também das necessidades materiais de seus fiéis. Todos aqueles que passavam por aflições espirituais e temporais recorriam a ele e sempre encontravam uma via segura para solucionar seus problemas. Suas grandes mãos, além de abençoar, nada retinham para si. Tudo o que possuía era distribuído a quem pedia.
Para acudir seus pobres, Padre Alderigi abriu uma conta na farmácia. Quando alguém o procurava e pedia alguma coisa, imediatamente, ele dizia para que comprasse o necessário e colocasse em sua conta. Ao final do mês, quando não tinha dinheiro para pagar tais gastos, Padre Alderigi rezava e colocava os boletos debaixo da imagem de Santa Rita. Sua confiança e esperança em Deus eram de tal modo inabaláveis que nunca lhe faltou o dinheiro necessário para saldar seus débitos.
Trigo lançado na terra
Dia do enterro de Mons. Alderigi (03/10/1977)
No final de sua vida, embora doentio e já cansado pelo peso da idade, Padre Alderigi continuava seus compromissos pastorais com dedicação e alegria. Muitas são as fotos daquele tempo que o retratam celebrando missas, casamentos e batizados sentado em uma cadeira, já que não podia se manter de pé.
Por alguns dias, esteve internado em Poços de Caldas (MG), mas teve alta e quis voltar para o seio de seu amado povo. Chegando na cidade, passou pelo santuário e foi para sua pobre casa. Pelas 23:30h repousou na paz do Senhor, com seus 82 anos, no dia 3 de outubro de 1977. A notícia abalou a cidade que parecia ter perdido um pai que a sustentou por tantos anos na fé e na caridade.
A notícia da morte de Pe. Alderigi se espalhou e, no dia seguinte, uma multidão de pessoas se reuniu para a missa de corpo presente e para o seu sepultamento na capela de São Miguel Arcanjo, no cemitério da cidade.
Fama de santidade
Em vida, Padre Alderigi já possuía uma difundida fama de santidade. Muitas são as pessoas que relatam ter recebido graças de Deus após terem pedido sua bênção e seus conselhos. No dia de sua morte, os poucos pertences que Padre Alderigi possuía foram divididos entre o povo que queria conservar uma relíquia do querido pároco.
Ainda hoje, as pessoas levam tais relíquias até aqueles que se encontram gravemente enfermos e muitíssimos são os relatos de graças alcançadas através da intercessão de Padre Alderigi. Depois de sua morte, tal fama de santidade continua a se espalhar, atingindo não só o sul de Minas, mas todo o Brasil.
Devido a esta tão grande fama de santidade, o Arcebispo de Pouso Alegre, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho – Opraem., decretou a introdução do Processo de Canonização de Padre Alderigi. Este processo se desenvolve em uma fase diocesana e, depois, na Congregação das Causas dos Santos, no Vaticano, na fase romana.
A partir da abertura deste processo de canonização, Padre Alderigi é chamado Servo de Deus. Este título indica que um processo está sendo realizado para que a Igreja reconheça, oficialmente, que ele viveu, de modo heróico, as virtudes cristãs e seja apresentado como modelo de santidade a todos os católicos.
Mais perto de seu povo
Neste ínterim, foi realizada a exumação dos restos mortais do Servo de Deus Padre Alderigi para o reconhecimento canônico e o translado do cemitério para o santuário de Santa Rita, em Santa Rita de Caldas – MG. Essa celebração foi realizada dos dias 01 a 04 de agosto de 2008.
Realizados a exumação e o reconhecimento canônico, os restos mortais do Servo de Deus foram transladados em procissão, com a participação de muitos fiéis, para o Santuário de Santa Rita, onde repousarão para sempre junto ao povo que Padre Alderigi tanto amou e pelo qual doou toda sua vida.
Em 22 de dezembro de 2018, foi celebrado o encerramento da fase Diocesana do processo de Beatificação e Canonização de padre Alderigi Maria Torriani no Santuário de Santa Rita de Caldas, com a participação do clero arquidiocesano e de centenas de fiéis.