Sínodo dos Bispos continua: leitura do relatório continental

20 de fevereiro de 2023

O Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade está em nova fase. Após ouvir as dioceses e outras instâncias de organização da Igreja Católica, a secretaria do Sínodo organizou um texto com uma síntese dos relatórios continentais. Esse texto foi disponibilizado ao público e se pediu que as equipes diocesanas fizessem uma leitura buscando identificar: intuições comuns, experiências iluminadoras, tensões ou divergências, questões para a próxima fase e prioridades para a Primeira Sessão da Assembleia sinodal, a ser realizada em outubro de 2023.

A equipe da Arquidiocese de Pouso Alegre é formada pelo coordenador arquidiocesano de Pastoral, padre Edson Aparecido da Silva; a secretária arquidiocesana de pastoral, Lucimara do Carmo Aparecido; o representante da vida religiosa, padre Luiz Francisco Marvulo Martins, CMF; o casal Lidiane Schmidt dos Santos Machado e José Luiz de Souza Machado; representando a Escola Diaconal Santa Dulce dos Pobres, Djalma Pelegrini; e a leiga Suzana Costa Coutinho. O grupo foi o responsável por coordenar e animar a fase da escuta na Arquidiocese e realizar a síntese das mais de 200 respostas enviadas pelas pastorais, conselhos, pessoas e instituições da Arquidiocese.

Ao receber o relatório com as sínteses continentais, a equipe apresentou sua contribuição para esta nova fase. Para conhecer o Documento da Etapa Continental, acesse: https://www.synod.va/content/dam/synod/common/phases/continental-stage/dcs/Documento-Tappa-Continentale-POR.pdf

Segue aqui um resumo da contribuição da Equipe da Arquidiocese de Pouso Alegre:

 

Convergências:

  1. a caminhada sinodal e a reflexão sobre ela que alimenta o sentimento de pertença à Igreja;
  2. a existência dos diversos conselhos;
  3. o profundo vínculo entre sinodalidade e liturgia;
  4. a afirmação do valor de todas as vocações na Igreja e a reflexão sobre o modo de exercitar o poder e a autoridade, no exemplo de Jesus.

 

Também há preocupações comuns, como:

  1. o desejo de um profundo diálogo ecumênico e a necessidade de formação a este respeito;
  2. a necessidade de reconhecer a interconexão entre os desafios sociais e ambientais e a missão da Igreja;
  3. o desejo de maior formação no campo da doutrina social da Igreja;
  4. a escassa presença da voz dos jovens e das mulheres.

 

Entre as tensões e divergências, indicamos:

  1. os medos e as resistências da parte do clero e a passividade, temor e cansaço dos leigos;
  2. a liturgia demasiada centrada no celebrante, a participação ativa dos leigos, o acesso das mulheres a papéis ministeriais;
  3. a falta de processos comunitários de escuta e discernimento;
  4. os grupos que experimentam um sentido de exílio são diversos (mulheres, jovens entre outros);
  5. apesar das mulheres permanecem a maioria dos que frequentam a Igreja, a maior parte dos papéis de decisão e de governo são desempenhados por homens;
  6. uma tensão entre a pertença à Igreja e as próprias relações afetivas;
  7. o anúncio do Evangelho numa sociedade consumista que não conseguiu garantir a sustentabilidade, a equidade ou o sentido de realização;
  8. os organismos (conselhos) não sejam só consultivos, mas lugares em que se tomam decisões com base em processos de discernimento comunitário.

 

Assim, percebemos como questões ou interrogações a serem enfrentadas e tomadas em consideração nas próximas fases do processo:

  1. Como transformar o desejo profundo e enérgico de formas de exercício da liderança que sejam relacionais e colaborativas, e de formas de autoridade capazes de gerar solidariedade e corresponsabilidade em estruturas e práticas concretas?
  2. Como vivenciar uma espiritualidade que acolha as diferenças e promova a harmonia, valorizando os contributos de cada um?
  3. De que forma a sinodalidade colabora para sermos uma Igreja, seguidora de Jesus, capaz de se deixar interpelar pelos desafios do mundo de hoje e de lhes responder com transformações concretas?

 

A partir dessas leituras, cremos serem pontos relevantes para a Primeira Sessão, em outubro deste ano:

  • A sinodalidade da Igreja como fundamento para a missão de anunciar Jesus;
  • A valorização das vocações e ministérios na comunidade e nas demais instituições eclesiais;
  • A promoção do diálogo intra e extra eclesia, permitindo testemunhar o seguimento de Jesus.

 

Desta forma, seguimos juntos, com renovada esperança, para a terceira e última etapa, a universal, com a Assembleia dos Bispos a ser realizada em Roma, em outubro de 2023 e, novamente, em 2024.

 

Texto: Suzana Costa Coutinho