Arcebispo, padres e diáconos realizam atualização teológica

28 de outubro de 2021

Nos dias 26 e 27 de outubro, aconteceu o curso de Atualização Teológica sobre antropologia teológica e pandemia do COVID-19 para o clero e os diáconos da arquidiocese, promovido pela Pastoral Presbiteral. Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R., arcebispo metropolitano, participou do evento ministrado por dom Leomar Brustollin.

O curso aconteceu na modalidade virtual e foi assessorado por dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS). Ele é doutor em Teologia Sistemática pela Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma. Além disso, tem experiência acadêmica como professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador do curso de pós-graduação em Teologia nessa instituição. Dedica-se ao ensino, pesquisa e extensão em Antropologia Teológica, Catequética e Pastoral Urbana. É autor, coautor e organizador de obras que tratam de Catequese, Mariologia, Escatologia, Pastoral e Ética.

Participantes da atualização teológica, promovida pela Pastoral Presbiteral nos dias 26 e 27 de outubro.

O tema do encontro foi “A condição humana diante da pandemia na perspectiva cristã”. Ao longo de suas colocações, dom Leomar apresentou referências, questões e ideias para ajudar os participantes a fazerem leituras possíveis para interpretar à luz da fé cristã católica a pandemia do COVID-19. Em quatro palestras, o arcebispo de Santa Maria falou sobre a realidade atual da sociedade, no contexto da pandemia; a antropologia teológica, descrevendo o conceito de pessoa e ideias de Edith Stein e da Gaudium et spes, e perspectivas pastorais para a atualidade da Igreja.

“A questão da antropologia é fundamental para entendermos também a nossa pastoral e a nossa evangelização. Atrás de nós, tem sempre uma concepção antropológica. Quem é o ser humano para nós? Nós, geralmente, estamos mais preocupados com questões teológicas, filosóficas, mas qual é a antropologia que sustenta a minha ação pastoral? Essa é uma boa pergunta para mim, acima de tudo, e para você também. Quem é o ser humano com o qual eu estou interagindo todo tempo? Quem é o meu interlocutor? Nisto, ninguém sobra, nem idoso, nem criança e nem jovem. Quem é esse interlocutor? Por isso, a pedagogia da escuta ajuda a entender, nunca pressupor. Ouvir é sempre uma atitude, e escutar é, mais ainda, aprofundar essa capacidade. De fato, a antropologia é uma caixa de ressonância para vermos quais são as nossas opções pastorais em tempos de pandemia e de pós-pandemia. Nenhum de nós sabe como vai ser. Nenhum de nós sabe. Novidades virão? Sim. Alguém fala de um novo modelo civilizatório. Vai ocorrer? Bom, aguardemos! Uma coisa é certa: não voltaremos a 2019. Aquela condição já não existe mais. Estamos mais frágeis, não só fisicamente ou biologicamente, mas, especialmente, psiquicamente.  Então, aqui é um alerta”, disse dom Leomar.

Dom Majella considerou que dom Leomar auxiliou os participantes da atualização teológica a refletirem sobre a realidade da pandemia do COVID-19 e o que ela desvela da sociedade, principalmente o ser humano e a pessoa, a partir da referência da Cruz de Jesus. “Como o ser humano está sendo valorizado diante de tudo isso que vivemos no tempo presente? (…) Como cristãos, nós não podemos deixar de nos orientar pela Cruz. Precisamos ser capazes de nos orientar pela Cruz de Jesus, porque ela é para nós o sinal da libertação, da redenção, da vida nova”, disse o arcebispo de Pouso Alegre. Além disso, ele destacou a importância da amizade e o amor nas relações humanas, a partir da encíclica Fratelli tutti, do papa Francisco, a qual foi abordada no curso. “Nessa carta, o papa chama a nossa atenção, sobretudo para a importância de vivenciarmos a amizade e o amor entre nós. A humanidade está perdida por falta de fraternidade”, disse dom Majella.

“Nós não podemos viver indiferentes à dor! Não podemos! Como cristãos, nós queremos assumir a dor da humanidade, porque estamos juntos. Somos humanos. Queremos assumir a dor da humanidade, trazendo para o cotidiano a resposta que é Jesus Cristo, a nossa esperança, a vida nova. Mas, para isso, precisamos construir uma fraternidade, que significa acolher e amar a todos, independentemente de estar aqui ou ali ou vindo de cá ou de acolá. Acolher e amar a todos! O amor é para nós um serviço que leva as pessoas a viverem como pessoas, um serviço gratuito, que brota do nosso interior, porque assim Jesus nos ensinou. Amar como Jesus amou”, comentou dom Majella sobre a realidade da pandemia do COVID-19.

Ouça o comentário de dom Majella:


 

Para o diácono Júlio César dos Santos Júnior, em exercício diaconal em Marmelópolis (MG), a atualização teológica “(…) foi de uma grande riqueza, pois estamos vivendo tempos difíceis. A pandemia do COVID-19 abalou todas as estruturas sociais e também eclesiais”.

“Numa visão escatológica, dom Leomar nos provocou com um olhar para a esperança, que provém de Deus, tendo a certeza de que Deus é solidário à condição humana. Tal olhar não extingue a pandemia, mas cria, em nós, forças para superá-la. Foi muito importante acolher a fala de dom Leomar, que nos provocou para recuperarmos a referência da Palavra (a própria pessoa de Jesus), como texto fundador e norteador de toda vida cristã, para que, assim, superemos as dificuldades do tempo presente”, disse o diácono Júlio.

Ouça o comentário do diácono Júlio:

 

O padre Júlio César Bernardes, pároco da paróquia de São Francisco de Paula, em Poço Fundo (MG), destacou, a partir da fala de dom Leomar, a importância da espiritualidade cristã neste tempo de pandemia.

“A espiritualidade cristã preencherá os nossos vazios existenciais e nos levará a compreender que a fé não é magia. A fé é inserção no seguimento à pessoa de Jesus, em meio às dores, às angustias da vida, tendo a certeza de que Ele é conosco, até na hora do ocaso da nossa existência. A Igreja passou por várias pandemias. Desde a peste negra até a gripe espanhola, a Igreja sempre nos apontou o Cristo Crucificado como esperança de nossa vida. Podemos descer da cruz as pessoas crucificadas pelas dores do mundo, por meio da caridade. Toda a Igreja espera o reino que virá. Por isso, devemos nos perguntar: quem somos nós diante daquilo que virá, diante do reino a ser consumado em Cristo? A condição humana diante da pandemia é de reencontro com o mistério livre e soberano de Deus, anunciado por Cristo. Somente Cristo responderá aos anseios mais profundos da nossa existência. Cristo plenificará a nossa existência, pois ‘Nele nos movemos, existimos e somos’”, disse o padre Júlio.

Ouça o comentário do padre Júlio:

 

Para o padre Mauro Ricardo de Freitas, pároco da paróquia de Santa Rita de Cássia, em Extrema (MG), o curso foi muito positivo, pois ajudou a fazer uma leitura cristã do tempo presente, marcado pela pandemia, e a encontrar perspectivas para sairmos melhores desta crise.

“’Sair melhor do que entramos’. É nesta perspectiva que estamos refletindo sobre a nossa condição humana na pandemia e no pós-pandemia. Enfrentar com maturidade e fé os desafios que nos foram colocados nestes tempos é a nossa tarefa. Precisamos fazer uma leitura desta realidade a partir da nossa fé e do ensinamento da Igreja”, comentou o padre Mauro.

Ouça o comentário do padre Mauro Ricardo:

 

Dom Majella agradeceu a dom Leomar por ter provocado um diálogo com os participantes de seu curso para construir caminhos para a edificação de relações novas entre o clero e as pastorais, principalmente a perspectiva da cultura do encontro, apresentada pelo papa Francisco.

Dom Leomar, dom Majella e padre João Luiz Ferreira Peçanha, ao final do curso, em 27 de outubro. Padre João Luiz e dom Majella agradeceram a dom Leomar pela assessoria no curso.

Além disso, o arcebispo de Pouso Alegre agradeceu a participação dos padres e diáconos no curso, desejando que seja edificada na arquidiocese uma vida nova, uma nova cultura nas relações e ações pastorais, a partir de Jesus Cristo e abrindo mão de fechamentos.

No encerramento do curso, dom Majella comunicou aos padres e diáconos que, a partir de 2022, os encontros e cursos da Pastoral Presbiteral voltarão a ser presenciais, diante da situação mais favorável em que se encontra a pandemia do COVID-19.

 

Com imagens e informações fornecidas pela Pastoral Presbiteral e por participantes do evento.