Arquidiocese de Pouso Alegre comunica o falecimento do Pe. Antônio Van Baalen.

21 de março de 2024

A Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) comunica o falecimento do Pe. Antônio Van Baalen no dia de ontem (20/03). O velório terá início hoje (21/03) a partir das 12h. A Missa de corpo presente será amanhã (22/03) às 14h e, em seguida o sepultamento. Os funerais ocorrerão no distrito de Santana de Caldas em Caldas – MG. Rezemos pelo seu descanso eterno!

 

Notas Biográficas – Pe. Antonius Jacobus Maria Van Baalen

Antonius Jacobus Maria Van Baalen nasceu em Roterdã, Reino dos Países Baixos (Holanda), aos 28 de abril de 1928. Foram seus pais Johannes Reinier van Baalen (*1895+1962) e Maria Elisabeth Gerarda Philippa (*1894+1948). Seus avós paternos foram Pieter Cornelius Van Baalen e Anthonetta Jacoba Steijger e maternos Pieter Philippa e Elizabeth Catharina Steijger. Do matrimônio de seus pais, contraído em 18 de junho de 1924, nasceram seis filhos, dos quais Antônio foi o terceiro (Johannes Reinier, Petrus Canisius, Antonius Jacobus, Elibertus Johannes, Gerardus Johannes e Johannes Cornelius). Recebeu o batismo no mesmo dia do nascimento na Igreja Paroquial de Nossa Senhora de Lourdes, de Roterdã. Em 1932, a família transfere-se para a cidade de Haia. De pais profundamente católicos, freqüentou sempre escolas confessionais, onde viu surgir a vocação sacerdotal. Entre seus colegas de bancos escolares encontrava-se aquele que seria o Pe. Arnaldo Nulle (*1927+1996), padre assuncionista que viveu por muitos anos em Espírito Santo do Pinhal-SP e chegou a ser pároco em Ibitiúra de Minas. No início da juventude, viveu o horror da Segunda Guerra Mundial: nessa ocasião, expondo-se a um grande risco, sua família recebeu em casa um filho de pais judeus que haviam sido deportados para campo de concentração nazista. Completou seus estudos fundamentais com os padres jesuítas na prestigiada “Schola Carolina”, de Haia. Coincidindo com a reconstrução pós-guerra, cresceu mais e mais, em paralelo com a vocação sacerdotal, o desejo de ser missionário “além fronteiras”. Tornando-se escoteiro, em um dos acampamentos promovidos por este movimento, em 1947, conheceu um grupo de jovens liderados pelos seminaristas da diocese francesa de Troyes. Essa Igreja Particular, criada no século IX, era considerada “terra de missão” em face descristianização e da escassez de clero. Através do contato com este grupo de seminaristas, surgiu a tão desejada oportunidade: tornar-se sacerdote e missionário. Assim, em julho de 1948, ingressou no Seminário Diocesano de Troyes, na região francesa da Champagne, para cursar filosofia e teologia. Na despedida de casa, uma triste ocorrência: o falecimento da mãe, em decorrência de um derrame.  Entre os anos de 1948 e 1954 cursou filosofia e teologia no Seminário Maior da diocese de Troyes. Recebeu todas as ordens menores e o diaconato na Catedral Diocesana. Concluídos os estudos eclesiásticos, foi ordenado sacerdote, na mesma catedral de São Pedro e São Paulo de Troyes, aos 29 de junho de 1954, pelas mãos do Bispo Diocesano, Dom Julien Le Couëdic. Viveu as primícias do ministério sacerdotal na mesma diocese, inicialmente como coadjutor na Paróquia de Payns, função para a qual foi nomeado em 20 de agosto de 1954. Ao 01 de julho de 1955, foi transferido para a mesma função na Paróquia de Chesley. Em 30 de outubro de 1957 é nomeado Vigário Ecônomo da Paróquia Saint Jean Baptiste de Vanlay. Permanece nessa paróquia até 28 de setembro de 1960, quando é nomeado pároco da Paróquia Saint Maurice, de Coclois, da qual toma posse a 9 de outubro. Nos primeiros meses de 1964, decide deixar a diocese de Troyes, transferindo-se para a Holanda, seu país natal. Inicialmente, se estabelece em Noordwijk, em companhia do amigo Pe. Piet van den Bosch, pároco local. Em 18 de agosto de 1964, recebe “uso de ordens” na diocese de Roterdã e a missão de colaborador na Paróquia Santa Bárbara, na mesma cidade, destinada aos católicos de língua francesa. Incardina-se, efetivamente, na diocese de Roterdã aos 6 de julho de 1967. Em 25 de novembro de 1970 é designado cooperador, aos finais de semana, na Paróquia dos Santos Mártires de Gorcum, na cidade de Brielle, da mesma diocese. Concomitantemente, desde 1972 até aposentar-se em 1993, exerce a função de diretor do departamento pessoal do tradicional hospital católico “São Francisco”, de Roterdã (Sint Franciscus Ziekenhuis). Em 28 de abril de 1993, é designado vigário paroquial da Paróquia São Jerônimo, de Noordwijk, onde fixa residência, atendendo, sobretudo, a capelania do asilo de idosos. Durante muitos anos, teve oportunidade de visitar diversas regiões do mundo. Conheceu o Brasil em 1977, desembarcando no Rio de Janeiro na manhã do dia 10 de janeiro. Visitou então o Seminário Nossa Senhora da Assunção, dos padres Agostinianos da Assunção, em Espírito Santo do Pinhal-SP, onde residia seu amigo de infância, Pe. Arnaldo Nulle, bem como seminaristas da região sul mineira, inclusive de Ibitiúra de Minas e do Bairro Bocaina, pertencente a Caldas. Nos anos seguintes, fruto de seu espírito missionário, voltou algumas vezes a Pinhal, colaborando na formação dos religiosos assuncionistas. Em 1982, por ocasião da quaresma, estando no Seminário de Pinhal, recebe um convite inusitado: Pe. Arnaldo recebera uma comissão do distrito de Santana de Caldas, da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio de Caldas, em busca de um padre para oficiar a Semana Santa naquele ano. Já haviam, segundo expuseram, percorrido diversas casas religiosas e contatado vários padres, sem sucesso. O superior do seminário, embora temendo desapontá-los, afirmou já estarem todos os padres compromissados, com a exceção de um padre holandês, ali hospedado, mas impossibilitado de atendê-los por não falar sequer uma palavra em português. A comissão, temerosa de não cumprir sua missão, aceita prontamente esse “limite” e convida o Pe. Antônio para presidir a Semana Santa como fosse possível. Assim, o Pe. Van Baalen conheceu Santana de Caldas, aí chegando pela primeira vez no dia 2 de abril de 1982. A Semana Santa daquele ano foi inteiramente oficiada em francês e traduzida ao povo por dois seminaristas assuncionistas, para grande felicidade e mesmo curiosidade da comunidade local. O amor recíproco entre o sacerdote holandês e a comunidade santanense foi “à primeira vista”. Segundo afirmou muitas vezes, encontrou a plenitude de sua vocação missionária, junto ao povo humilde e piedoso de Santana. Comprometeu-se a voltar para a semana santa do ano seguinte e, retornado à Holanda, matriculou-se num curso de português da Universidade de Roterdã. Com bastante êxito, a semana santa de 1983 já foi celebrada em português, para a surpresa de todo o povo. Suas visitas tornaram-se regulares por ocasião da Páscoa e, a partir de 1998?, também do Natal. Suas visitas a Santana, totalmente às suas expensas, embora com a missão específica de presidir as celebrações litúrgicas nos dois tempos fortes da vida da Igreja, notabilizaram-se pelo reavivamento da fé, florescimento pastoral e benefícios sociais para a comunidade privilegiada pela sua assistência. Liturgia, catequese, pastorais familiar, vocacional e da juventude foram suas prioridades, sobretudo no campo da formação. Na esfera social destaca-se o projeto de abastecimento de água potável, inaugurado em 30 de março de 1999, a construção de um pavilhão de 600m2, denominado “Cenáculo Shalom”, inaugurado em 22 de dezembro de 1999, expressivas doações à Vila Vicentina e ao Colégio Estadual de Caldas, bolsas de estudo, viagens de grupos de jovens ao exterior e outras benemerências, obtidas às suas expensas ou com recursos por ele captados. Em uma de suas prolongadas estadas no Brasil, ocupou, por alguns meses, a função de Administrador Paroquial da Paróquia São Benedito, de Ibitiúra de Minas, nomeado por Dom José D’Angelo Neto, aos 28 de março de 1990. Em 22 de junho de 1999, a Câmara Municipal de Caldas concedeu-lhe o título de “Cidadão Honorário Santanense”. Convites para a permanência definitiva de Pe. Antônio em Santana foram formalizados durante muitos anos, no entanto, a partir do natal de 1999, tornaram-se mais insistentes na medida em que era percebida a dificuldade crescente, em face da idade, para que o  Pe. Antônio realizasse suas duas visitas anuais. Em abril do ano 2000, por ocasião da Semana Santa, o convite foi formalizado através de um abaixo-assinado, expressando o desejo de todo o povo. Por ocasião do Natal, ele decidiu atender à solicitação da comunidade santanense, respondendo afirmativamente. No mês de fevereiro, adquiriu a propriedade onde passou a construir sua residência. Ocasião memorável assinalada por inesquecíveis festejos, no início da noite de 26 de julho de 2001, quinta-feira, dia em que se celebrava a padroeira Sant’Ana, , o Pe. Antônio Van Baalen chegou definitivamente a Santana, instalando-se em sua nova residência. Após diversos entendimentos com a autoridade eclesiástica, aos 5 de setembro de 2001, através de documento assinado pelo Bispo Auxiliar, Dom José Francisco Rezende Dias, Pe. Antônio recebeu “uso de ordens” na Arquidiocese de Pouso Alegre, para exercer seu ministério especificamente na comunidade de Santana. Na mesma data, acompanhado pelo pároco de Caldas, Pe. Sebastião Pereira Dal Poggetto, Dom José Francisco presidiu solene celebração eucarística, em Santana de Caldas, assinalando a chegada de Pe. Antônio para aí residir com o pleno consentimento do arcebispo, Dom Ricardo Pedro. No dia 19 de abril de 2004, a comunidade de Santana celebrou, com grande solenidade seu jubileu áureo sacerdotal, com a presença dos bispos, clero, seminário e uma multidão de fiéis. Aos 6 de agosto de 2004, Dom Ricardo Pedro, através de provisão, estendeu o exercício ministerial de Pe. Antônio a todo o território da Arquidiocese de Pouso Alegre, passando este a colaborar ativamente no atendimento de toda a Paróquia de Caldas. Em 29 de junho de 2014, foram celebrados seus 60 anos de vida sacerdotal.  A saúde do Pe. Antônio Van Baalen, coerentemente com a idade de 73 anos que contava quando de sua mudança definitiva para o Brasil, inspirou durante as décadas seguintes alguns cuidados. Embora nos primeiros 10 anos ou mais tenha exercido com intensidade o serviço pastoral, suas forças físicas foram sendo minadas pelo envelhecimento, com a acentuada deficiência auditiva e um estado quase permanente de prostração. Nos primeiros anos de sua permanência, sofreu sérios problemas cardíacos, tendo estado internado por semanas no Hospital Santa Lúcia, em Poços de Caldas. No ano de 2015, descobriu um tumor cancerígeno entre o esôfago e estômago. Embora se apresentasse como procedimento de alto risco, submeteu-se a uma cirurgia aos 10 de outubro, em Campinas, que, com pleno sucesso lhe assegurou maior longevidade. No ano seguinte, em 6 de maio de 2016, submeteu-se a outra cirurgia para a retirada da vesícula.  No início de fevereiro de 2019, em decorrência de uma queda, sofreu complicações pulmonares, tendo ficado internado em Poços de Caldas por vários dias.

Texto: Arquivo Arquidiocese de Pouso Alegre.