Arquidiocese emite carta por ocasião das eleições municipais

21 de outubro de 2020

Por ocasião das eleições municipais do próximo dia 15 de novembro, quando os eleitores escolherão seus representantes no poder Executivo e Legislativo, o arcebispo metropolitano, dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R, e o coordenador da Comissão a Serviço da Vida Plena, padre Odair Lourenço Ribeiro, assinam uma carta orientativa aos cristãos e pessoas de boa vontade da arquidiocese de Pouso Alegre. A vida, que é dom de Deus, é responsabilidade de todos. É preciso cuidar desse dom tão precioso. E a política pode e deve ser um grande instrumento “para que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo 10,10).

Igreja, em sua Doutrina Social, ensina que, ao pensarmos nos valores que deve ter uma política que cuide da vida, esta precisa ser fundamentada em cinco pilares: que promova a dignidade humana (garantir que todas as pessoas, da concepção à morte, tenham uma vida digna), o bem comum (os bens necessários à vida digna são para todos), a justiça social (os direitos à saúde, educação, trabalho, moradia, alimentação etc.), a subsidiariedade (as organizações políticas colaborem com os que precisam, respeitando a autonomia das pessoas e instituições) e a ecologia integral (relação profunda entre todas as criaturas do nosso planeta). Por isso, convida os cristãos e as pessoas de boa vontade a fazerem da política um espaço de construção de projetos que permitam o bem viver de todos, considerando os mais pobres e, também, a vida da natureza. (Laudato Si, n. 13)”.
Faça o download da carta aqui!
https://arquidiocesepa.org.br/webroot/upload/img/files/Carta-eleicoes.pdf

É preciso conhecer a missão e função de cada membro dos poderes Executivos e Legislativos, pois somente assim o cidadão pode exercer seu direito de voto e cobrança. Seguindo as regras eleitorais, o voto popular concede aos administradores (prefeitos e secretários) e aos legisladores (vereadores) a responsabilidade de cuidar do desenvolvimento das cidades: educação, saúde, transporte, moradia, trabalho e renda, saneamento básico, segurança pública, meio ambiente são algumas das áreas que podem melhorar ou piorar, dependendo das escolhas. Mas, isso não impede que as pessoas continuem participando das escolhas políticas, sendo ouvidas por esses seus representantes, por meio, por exemplo, do orçamento participativo e de outros instrumentos que permitam que a população participe, ativamente, das escolhas que afetarão sua vida.

O(a) prefeito(a) é a pessoa responsável, junto com sua equipe, pelo poder executivo municipal. A própria palavra explica o que essa pessoa deve fazer: executar as leis e projetos, para que a cidade “funcione”. Cada prefeitura tem sua organização, geralmente, por meio de secretarias e departamentos. Seus responsáveis principais (secretários ou diretores) são escolhidos pelo(a) prefeito(a) e dele(a) recebem as linhas gerais de como realizar seu trabalho. Para fazer isso, a prefeitura conta com um orçamento, formado pela arrecadação de impostos e taxas e repasses dos outros níveis da federação (estado e União). O(a) prefeito(a) é quem indica como e onde esse recurso será aplicado, pois é ele(a), com sua equipe que organiza o orçamento municipal. Ele pode indicar projetos de lei para serem aprovados (ou não) pela Câmara dos Vereadores. Os(as) vereadores(as) formam o poder legislativo municipal. Assim, sua primeira responsabilidade é indicar, elaborar e votar projetos de lei. São essas leis que permitirão (ou não) o desenvolvimento sustentável das cidades. A Câmara de Vereadores também é responsável por fiscalizar o que faz o poder executivo, como ele aplica os recursos, dando vida aos projetos que foram aprovados. Abrindo canais de comunicação com a comunidade, a Câmara deve elaborar leis que vão ao encontro das necessidades do povo. O orçamento municipal, elaborado pelo poder executivo, deve ser aprovado, ou não, pela Câmara dos Vereadores, por exemplo.”

Como escolher os candidatos?

1 – O primeiro passo é entender a função e a responsabilidade de cada um. Assim, não se deixar enganar com falsas promessas. Mais ainda, não aceitar, de forma alguma, atos de corrupção eleitoral, como a compra ou a troca de votos por benefícios e favores pessoais. Lembre-se, nosso voto não tem preço, tem consequências.

2 – Conhecer os candidatos é muito importante, saber quem são e como pensam, se têm condições de exercerem de forma honesta e transparente seus mandatos, além de conhecimento específico para atuarem nos poderes públicos (saber bem qual é a sua função).

3 – Observar e analisar os projetos políticos dos candidatos, de seus partidos e ou grupos dos quais são aliados. Esses projetos apresentam passos concretos e viáveis para o bem viver da população? Promovem a dignidade humana, o bem comum, a justiça social e a ecologia integral? Esses candidatos respeitam a democracia e são incentivadores da conscientização e participação do povo na vida política? Em sua campanha, utilizam bem os recursos, com transparência de quem os financia e de como gastam esse dinheiro? Respeitam os adversários políticos, dialogando com a sociedade a partir de fatos objetivos, sem estimular o uso de notícias falsas e de uma linguagem violenta contra os que não são seus aliados? (Laudato Si, n. 189)

Como ser um candidato que testemunhe os valores cristãos?

Se você optou pela vocação política, saiba que ela é um dom precioso de Deus, que você recebe e acolhe como serviço. Estar a serviço não é fácil! Mas, precisamos fazer da ação política um instrumento de construção de uma cidade melhor para todas as pessoas. Isso quer dizer uma determinação em elaborar, debater, aprovar e executar, bem como acompanhar a execução, de projetos que promovam a dignidade humana, o bem comum e cuide do meio ambiente, de forma sustentável, respeitando-se as pessoas e instituições. Faça sua campanha com honestidade, a partir da verdade e do respeito.A boa política está em construção e nós todos somos responsáveis por ela (Laudato Si, n. 177). Cuidemos da vida, dom de Deus!