#Reflexão: Domingo de Ramos (10 de abril)

A Igreja, neste domingo (10), celebra o Domingo de Ramos. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 50,4-7

Salmo – Sl 21,8-9.17-18a.19-20.23-24 (R.2a)

2ª Leitura – Fl 2,6-11

EvangelhoProcissão - Lc 19,28-40 / Missa - Lc 22,14-23,56

Acesse aqui as leituras.

CELEBRAÇÃO DE DOMINGOS DE RAMOS

A última semana de Jesus é aberta por um momento de reconhecimento de quem é Jesus, mas, ainda de uma forma incorreta, não conforme os seus próprios ensinamentos. Ele é exaltado como Messias; como alguém que iria transformar a realidade através de uma revolução social.

A liturgia do domingo de Ramos tem dois Evangelhos. O primeiro lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, este ano lemos São Lucas. O segundo Evangelho dentro da celebração é sempre da Paixão de Jesus. Como nossa liturgia tem seu ponto alto nas celebrações dominicais, a celebração deste domingo tem como centro a Paixão e Morte de Jesus. No próximo domingo, será o Evangelho da Ressurreição (Páscoa). As leituras da missa dos Ramos estão em sintonia com o Evangelho da Paixão.

Isaías na primeira leitura nos fala de um servo de Deus com uma missão de libertar seu povo, mas não através da guerra. É um servo obediente: “língua adestrada para falar” e “ouvido para prestar atenção como discípulo”. O diálogo com Deus (ouvir e falar) deverá também ser coloca a serviço do seu povo. A missão não é fácil! Violência de todo tipo: espancamento, humilhação e agressões. Mas, nada será maior que sua proximidade com Deus: “Senhor Deus é o meu auxiliador, por isso não deixei me abater pelo desânimo... sei que não sairei humilhado”. O profeta Isaías sem saber conseguiu traçar o melhor retrato de Jesus que se coloca a serviço da vontade de Deus, mas, jamais desrespeitando o próximo. Seu poder sempre foi para fazer o bem e mesmo diante da violência, nunca respondeu o mal com o mal.

Jesus procurou viveu uma vida esvaziada de qualquer pretensão para as coisas humanas e mundanas. Sendo Deus, se fez homem (2ª leitura). Esvaziou-se completamente para estar perto de todos a começar dos últimos, pequenos e esquecidos da sociedade do seu tempo. Escolheu viver com o necessário para que nenhuma coisa material atrapalhasse alguém se aproximar Dele. Assim, ele ofereceu o rosto bonito de Deus sem máscaras e vaidades. Acolheu a todos, sem perguntar condição financeira e até religiosa.

Jesus se interessou pelo bem do ser humano, sem rótulos e sem preconceitos. Sujeitou-se a tudo para salvar a todos. E por fim, escolheu livremente o caminho para a verdadeira salvação (dos pecados) para toda a humanidade: o caminho que conduziu a cruz. Jesus procurou preparar com cuidado os seus últimos dias em Jerusalém. Anunciou por bem três vezes que iria sofrer muito, seria entregue nas mãos dos religiosos da época e de pagão, seria humilhado e, por fim, morto, mas ao terceiro dia iria ressuscitar. Ele evitou todos os títulos que dessem qualquer ideia de triunfalismo, poder terreno, violência ou algo que inspirasse a qualquer revolta civil contra Roma. Depois dos milagres, pedia silêncio para que sua fama não se espalhasse como alguém poderoso. Sua libertação era mais profunda!

Os discípulos ao verem Jesus fazendo milagres e prodígios: curas; reavivamento de mortos; multiplicando pães e peixes; e expulsando espíritos impuros... alimentaram uma ideia errada do Mestre que seguiam. Jesus com muita paciência foi procurando destruir essa ideia de Messias somente para os problemas humanos, temporais e pessoais.

O Evangelho do domingo de Ramos inicia lembrando quando Jesus chega próximo da Cidade Santa. Certamente, como um bom judeu, esteve em Jerusalém para as principais festas judaicas. Antes e em outros tempos, foi mais um no meio do povo. Hoje, Jesus olha a cidade e o Templo Santo. O tempo para Jesus está próximo e sua entrada deveria ser diferente. Tudo está sob o controle de Jesus e tudo aconteceu conforme Ele quis: o local onde está o animal; o jumentinho; o proprietário... Nada acontece de surpresa ou sem esperar.

Jesus escolhe um jumentinho para entrar em Jerusalém. O animal no Antigo Testamento era usado pelos reis de Israel era a mula, mas Jesus prefere um animal de carga e do serviço usado pelas famílias simples. Cumprindo, assim, a profecia de Zacarias: “eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta”. (9,9). Era necessário libertar o jumentinho. Naquele simples animal, já temos um sinal da ação de Jesus naquela cidade especial: libertar das amarras do pecado o seu povo!

Nosso Senhor chega como mais um pobre que nem possui o animal mais simples, por isso precisa emprestá-lo: “... o Senhor precisa dele, mas logo o devolverá!”. Não tem armas, mas somente sua proposta de paz: não se impõe, mas se propõe como alguém que quer o bem.

A acolhida de Jesus com ramos era um costume que os judeus usavam na celebração das Tendas, mas acolheram Jesus que vem em nome do Senhor. O povo também coloca “manto” para Jesus passar. Este era algo de precioso para as pessoas simples e os pobres. Deus que visita nossas ruas e nossas casas não para conquistar, mas para se oferecer por nós.

A leitura do Evangelho da Paixão é de uma beleza que não conseguimos entender: um Deus que tinha lavado os pés, mas isto não Lhe bastou; que tinha dado Seu Corpo como alimento, mas também não Lhe bastou. Se entrega na Cruz como um sem honra e sem nada, nu e sem forças. Mas, na Cruz não ouvimos palavras de ódio e raiva, mas de amor para com todos. Deus não quis a morte de mais um inocente; mas o sangue fora derramado por opositores do projeto de vida de Deus. Não se faz justiça com sangue, Jesus se entrega e livremente derrama seu próprio sangue para que tudo isso tenha fim!

A justiça de Deus não é dar a cada um o que é seu, mas dar a todos a Si Mesmo, Sua Própria Vida. Encarnação e Paixão se encontram nestes últimos dias de Jesus. Cristo entra na morte, como entrou na carne, porque na morte, entram toda carne (pessoas): tudo faz por amor para ser como nós e estar conosco em todos os momentos de nossa existência, até lá onde ela faz sua passagem.

Esta última semana, vemos Jesus que se despoja por completo, silencioso e em profunda sintonia com a vontade de Deus Pai. Façamos juntos este caminho meditando os últimos dias de Jesus que são, de algum modo, também os nossos dias finais aqui neste mundo.

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Padre Andrey falece após complicações em tratamento

Pe. Andrey Cássio Nicioli Silva, membro do clero arquidiocesano, faleceu na tarde desta segunda (18), no hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo (SP), devido a complicações após um transplante de medula óssea.

Chancelaria da arquidiocese lançou no início desta noite nota do falecimento do padre Andrey. Confira na íntegra.

 

NOTA DE FALECIMENTO

“CHAMOU-ME PELA SUA GRAÇA” (Gl 1,15)

Com profundo pesar, comunicamos o falecimento, em São Paulo, no Hospital da Beneficência Portuguesa, neste fim de tarde do dia 18 de outubro de 2021, do Revmo. Sr. Padre Andrey Cássio Nicioli Silva, com 38 anos de idade, 05 anos de ordenação presbiteral, filho único do casal Antônio Moreira da Silva e Vânia Luzia Nicioli Silva, que é irmã de Dom Darci Nicioli, Arcebispo de Diamantina.

Padre Andrey esteve internado desde final de julho para seu transplante de medula, que obteve o êxito esperado, porém os desdobramentos pós-transplante evoluíram para sinusite e septicemia.

Nascido em 01 de novembro de 1982, em Jacutinga, MG, foi batizado pelo Côn. Vieira, em 21 de dezembro do mesmo ano e crismado por Dom Ricardo Pedro em 20 de dezembro de 1997.

O despertar vocacional se deu pelos 13 anos de idade, realidade que amadureceu ao longo de bom tempo, vindo a cursar o propedêutico na Congregação do Santíssimo Redentor, no ano de 2001, na qual permaneceu até 2004.

Deixando a Congregação, iniciou uma experiência de trabalho e estudos, graduando-se em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCamp), em 2008, e tendo trabalhado na EPTV Sul de Minas.

O processo vocacional foi se desenvolvendo e, mais tarde, após um caminho com as inquietações do chamado e acompanhado por alguns padres da sua paróquia, retornou para a formação sacerdotal, desta vez na Arquidiocese de Pouso Alegre, entrando para o Seminário Nossa Senhora Auxiliadora em 07 de fevereiro de 2011.

Admitido às ordens sacras em 25 de setembro de 2013, foi instituído no ministério do Leitorato em 26 de maio de 2014 e no Acolitato em 01 de dezembro de 2014. Recebeu a ordem do Diaconato em 28 de novembro de 2015, na Catedral Metropolitana, e a ordenação presbiteral em 24 de setembro de 2016, em sua terra natal, na Igreja de Santo Antônio, ambas pela imposição das mãos de Dom José Luiz Majella Delgado, C.Ss.R.

Exerceu seu ministério diaconal na paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata, e em setembro de 2016, tornou-se seu vigário paroquial. Desde abril de 2019, era vigário paroquial na paróquia São José Operário, em Pouso Alegre. Foi colaborador no Tribunal Arquidiocesano no ofício de Auditor e teve presença marcante em sua Equipe de Nossa Senhora, bem como nos Cursilhos de Cristandade. Coordenador da Pastoral da Comunicação Arquidiocesana, desenvolveu um trabalho dedicado, inclusive nas redes sociais da Arquidiocese, bem como um programa diário na Rádio Difusora HD, abdicado em julho em vista do seu tratamento. Colaborou, também, na Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB e atuou como Assessor Eclesiástico da Comissão para a Comunicação e Cultura do Regional Leste 2 - CNBB.

O Senhor que o chamou por sua graça para estar com Ele consagrado no sacerdócio (cf. lema de ordenação) o chama agora, definitivamente, a estar com Ele, Pastor Eterno, recebendo a recompensa dos justos, aquela recompensa de “gente boa” (jargão que marcava suas interlocuções!).

Rendemos graças ao Pai, em meio às lágrimas da separação tão prematura, por sua vida entregue à Igreja Particular de Pouso Alegre e por seu sacerdócio que fez bem ao povo de Deus a ele confiado.

O Arcebispo Dom José Luiz Majella, o clero e toda nossa Arquidiocese apresentam a solidariedade fraterna aos parentes e familiares, em especial aos seus pais, Sr. Antônio e Sra. Vânia, e ao tio bispo, Dom Darci Nicioli, assegurando as preces pelo consolo que brota da certeza da Ressurreição.

Apresentamos, com a exortação evangélica: “Estive doente e cuidaste de mim” (Mt 25, 36), a eterna gratidão ao Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, às suas equipes médicas, enfermeiros e outros profissionais e pessoas do convívio desse tempo de internação que interagiram e se mantiveram de prontidão em suas necessidades e, nesses longos meses, não mediram esforços nos cuidados necessários e que, com profissionalismo, exerceram seu sacerdócio medicinal. Reconhecimento e gratidão, também, aos profissionais da saúde e atendentes dos laboratórios e unidades hospitalares em Pouso Alegre, desde a descoberta da mielodisplasia, pelos serviços prestados e atenção dada, facilitando o tratamento para a realização do transplante. Gratidão a todos, desde o doador anônimo da medula aos que se empenharam nas mais diversas formas, para que se obtivesse a doação e se realizasse todo o processo do transplante, desde sua origem até aqui, bem como aos que se dispuseram na busca da compatibilidade.

Um profundo “Deus lhe pague” a todas as pessoas, comunidades, paróquias, movimentos, pastorais, ministérios, equipes diversas, internautas, “Pascons”, amigos e amigas, fiéis das paróquias onde Pe. Andrey se fez presença sacerdotal, que se desdobraram em preces, atenções, preocupações e não deixaram de assegurar suas proximidades em oração. DEUS LHES PAGUE!!!

O Arcebispo Metropolitano, Dom José Luiz Majella, que acompanhou passo a passo, em constante contato com familiares através de Dom Darci, consternado com a realidade dolorosa que vivenciamos em nossa Igreja Particular, pede que em seu sufrágio seja oferecido o santo sacrifício da Eucaristia e que as orações de todos alcancem os sofridos corações de seu pai e de sua mãe, junto aos demais familiares, com o conforto da fé.

No mistério da dor e da morte, em que nos silenciamos profundamente, rezamos com Jó: “O Senhor o deu, o Senhor o tomou. Bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21).

Louvado seja o sacerdócio de Pe. Andrey, que, em pouco tempo de existência, marcou a vida de tantos fiéis e fez o bem! Tu és Sacerdote para sempre!

Por sua Graça... Descanse em Paz, querido Pe. Andrey!

 

O féretro seguirá diretamente para Jacutinga e a missa de corpo presente será celebrada 15h, nesta terça-feira, dia 19, na Matriz de Santo Antônio. Logo em seguida, haverá o sepultamento.

 

Chancelaria do Arcebispado

 Pouso Alegre aos 18 de outubro de 2021.