#Reflexão: Domingo de Ramos (10 de abril)

6 de abril de 2022

A Igreja, neste domingo (10), celebra o Domingo de Ramos. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 50,4-7

Salmo – Sl 21,8-9.17-18a.19-20.23-24 (R.2a)

2ª Leitura – Fl 2,6-11

EvangelhoProcissão – Lc 19,28-40 / Missa – Lc 22,14-23,56

Acesse aqui as leituras.

CELEBRAÇÃO DE DOMINGOS DE RAMOS

A última semana de Jesus é aberta por um momento de reconhecimento de quem é Jesus, mas, ainda de uma forma incorreta, não conforme os seus próprios ensinamentos. Ele é exaltado como Messias; como alguém que iria transformar a realidade através de uma revolução social.

A liturgia do domingo de Ramos tem dois Evangelhos. O primeiro lembra a entrada de Jesus em Jerusalém, este ano lemos São Lucas. O segundo Evangelho dentro da celebração é sempre da Paixão de Jesus. Como nossa liturgia tem seu ponto alto nas celebrações dominicais, a celebração deste domingo tem como centro a Paixão e Morte de Jesus. No próximo domingo, será o Evangelho da Ressurreição (Páscoa). As leituras da missa dos Ramos estão em sintonia com o Evangelho da Paixão.

Isaías na primeira leitura nos fala de um servo de Deus com uma missão de libertar seu povo, mas não através da guerra. É um servo obediente: “língua adestrada para falar” e “ouvido para prestar atenção como discípulo”. O diálogo com Deus (ouvir e falar) deverá também ser coloca a serviço do seu povo. A missão não é fácil! Violência de todo tipo: espancamento, humilhação e agressões. Mas, nada será maior que sua proximidade com Deus: “Senhor Deus é o meu auxiliador, por isso não deixei me abater pelo desânimo… sei que não sairei humilhado”. O profeta Isaías sem saber conseguiu traçar o melhor retrato de Jesus que se coloca a serviço da vontade de Deus, mas, jamais desrespeitando o próximo. Seu poder sempre foi para fazer o bem e mesmo diante da violência, nunca respondeu o mal com o mal.

Jesus procurou viveu uma vida esvaziada de qualquer pretensão para as coisas humanas e mundanas. Sendo Deus, se fez homem (2ª leitura). Esvaziou-se completamente para estar perto de todos a começar dos últimos, pequenos e esquecidos da sociedade do seu tempo. Escolheu viver com o necessário para que nenhuma coisa material atrapalhasse alguém se aproximar Dele. Assim, ele ofereceu o rosto bonito de Deus sem máscaras e vaidades. Acolheu a todos, sem perguntar condição financeira e até religiosa.

Jesus se interessou pelo bem do ser humano, sem rótulos e sem preconceitos. Sujeitou-se a tudo para salvar a todos. E por fim, escolheu livremente o caminho para a verdadeira salvação (dos pecados) para toda a humanidade: o caminho que conduziu a cruz. Jesus procurou preparar com cuidado os seus últimos dias em Jerusalém. Anunciou por bem três vezes que iria sofrer muito, seria entregue nas mãos dos religiosos da época e de pagão, seria humilhado e, por fim, morto, mas ao terceiro dia iria ressuscitar. Ele evitou todos os títulos que dessem qualquer ideia de triunfalismo, poder terreno, violência ou algo que inspirasse a qualquer revolta civil contra Roma. Depois dos milagres, pedia silêncio para que sua fama não se espalhasse como alguém poderoso. Sua libertação era mais profunda!

Os discípulos ao verem Jesus fazendo milagres e prodígios: curas; reavivamento de mortos; multiplicando pães e peixes; e expulsando espíritos impuros… alimentaram uma ideia errada do Mestre que seguiam. Jesus com muita paciência foi procurando destruir essa ideia de Messias somente para os problemas humanos, temporais e pessoais.

O Evangelho do domingo de Ramos inicia lembrando quando Jesus chega próximo da Cidade Santa. Certamente, como um bom judeu, esteve em Jerusalém para as principais festas judaicas. Antes e em outros tempos, foi mais um no meio do povo. Hoje, Jesus olha a cidade e o Templo Santo. O tempo para Jesus está próximo e sua entrada deveria ser diferente. Tudo está sob o controle de Jesus e tudo aconteceu conforme Ele quis: o local onde está o animal; o jumentinho; o proprietário… Nada acontece de surpresa ou sem esperar.

Jesus escolhe um jumentinho para entrar em Jerusalém. O animal no Antigo Testamento era usado pelos reis de Israel era a mula, mas Jesus prefere um animal de carga e do serviço usado pelas famílias simples. Cumprindo, assim, a profecia de Zacarias: “eis que vem a ti o teu rei, justo e vitorioso; ele é simples e vem montado num jumento, no potro de uma jumenta”. (9,9). Era necessário libertar o jumentinho. Naquele simples animal, já temos um sinal da ação de Jesus naquela cidade especial: libertar das amarras do pecado o seu povo!

Nosso Senhor chega como mais um pobre que nem possui o animal mais simples, por isso precisa emprestá-lo: “… o Senhor precisa dele, mas logo o devolverá!”. Não tem armas, mas somente sua proposta de paz: não se impõe, mas se propõe como alguém que quer o bem.

A acolhida de Jesus com ramos era um costume que os judeus usavam na celebração das Tendas, mas acolheram Jesus que vem em nome do Senhor. O povo também coloca “manto” para Jesus passar. Este era algo de precioso para as pessoas simples e os pobres. Deus que visita nossas ruas e nossas casas não para conquistar, mas para se oferecer por nós.

A leitura do Evangelho da Paixão é de uma beleza que não conseguimos entender: um Deus que tinha lavado os pés, mas isto não Lhe bastou; que tinha dado Seu Corpo como alimento, mas também não Lhe bastou. Se entrega na Cruz como um sem honra e sem nada, nu e sem forças. Mas, na Cruz não ouvimos palavras de ódio e raiva, mas de amor para com todos. Deus não quis a morte de mais um inocente; mas o sangue fora derramado por opositores do projeto de vida de Deus. Não se faz justiça com sangue, Jesus se entrega e livremente derrama seu próprio sangue para que tudo isso tenha fim!

A justiça de Deus não é dar a cada um o que é seu, mas dar a todos a Si Mesmo, Sua Própria Vida. Encarnação e Paixão se encontram nestes últimos dias de Jesus. Cristo entra na morte, como entrou na carne, porque na morte, entram toda carne (pessoas): tudo faz por amor para ser como nós e estar conosco em todos os momentos de nossa existência, até lá onde ela faz sua passagem.

Esta última semana, vemos Jesus que se despoja por completo, silencioso e em profunda sintonia com a vontade de Deus Pai. Façamos juntos este caminho meditando os últimos dias de Jesus que são, de algum modo, também os nossos dias finais aqui neste mundo.

Faça o download da reflexão em PDF