Catedral Metropolitana lança novo brasão

21 de junho de 2019

Dentro da Solenidade Corpus Christi, o Cura da Catedral Metropolina de Pouso Alegre e pároco da Paróquia do Senhor Bom Jesus, cônego Vonilton Aguusto Ferreira, apresentou à comunidade o novo brasão da Catedral. O brasão é um desenho especificamente criado para identificar indivíduos, famílias, instituições, regiões e nações.

O desenho e elaboração do brasão da Catedral, além do cônego Vonilton, teve a participação de Fernando J. Freitas e Luiz Augusto Parreiras Laurindo.

DESCRIÇÃO

Insígnias: Ao cimo, a Mitra Preciosa Faixada, em semelhança às armas da Arquidiocese de Pouso Alegre. Decussados, sob o escudo, a Cruz Arquiepiscopal, indicativa da dignidade de Sé Metropolitana e o Báculo Pastoral, ambos em ouro.

Escudo torneado em ouro: Amplo horizonte em gules (vermelho). No centro uma Cruz Latina, também em ouro, com a representação das cinco chagas do Senhor Bom Jesus, no centro e nos ângulos, também em gules (vermelho). Montanha, em vert (verde), em cujo cimo está a cruz ostentada. Rio caudaloso, em dois tons de azure (azul), que brotando aos pés da cruz, forma um regato ao sopé do outeiro em que nasce para, depois, voltar a correr pelas planícies.
Divisa: “O Bone Iesu, Exaudi me” (Ó Bom Jesus, ouvi-me), uma das mais antigas invocações ao Senhor Bom Jesus. Faz parte da oração Anima Christi, composta na primeira metade do Séc. XIV, como prece de contemplação à dolorosa Paixão de Jesus. Compõe a tradição litúrgica da Igreja Romana, como oração de ação de graças. O Papa João XXII a enriqueceu com numerosas indulgências a partir de 1330. Foi especialmente difundida por Santo Inácio de Loyola, que a incluiu em seus “Exercícios Espirituais”.

As inscrições 1900 e 1962 se referem respectivamente ao ano em que a Matriz do Senhor Bom Jesus foi elevada à dignidade de Catedral Diocesana e à Catedral Metropolitana (com a criação da nova Província Eclesiástica que compreende as dioceses de Pouso Alegre, Campanha e Guaxupé)

EXPLICAÇÃO

O amplo horizonte em gules (vermelho), domi-nando o núcleo do escudo, alude ao mistério da Paixão, Morte e Ressureição do Senhor Bom Jesus. Este mistério fundamental e impenetrável se presentifica em cada eucaristia, fonte e ápice da vida do Povo de Deus que reconhece neste sacrossanto templo “a casa de Deus e a porta do céu” (cf. Gn. 28,17). Ensina-nos a Constituição Dogmática Lumem Gentium, do Concílio Vaticano II: “Assim como Israel que peregrinava no deserto é já chamado Igreja de Deus, assim o novo Israel, que ainda caminha no tempo presente e se dirige para a futura e perene cidade, se chama também Igreja de Cristo, pois que Ele a adquiriu com o Seu próprio sangue, encheu-a com o Seu espírito e dotou-a dos meios convenientes para a unidade visível e social. Aos que se voltam com fé para Cristo, autor de salvação e princípio de unidade e de paz, Deus chamou-os e constituiu-os em Igreja, a fim de que ela seja para todos o sacramento visível desta unidade salutar” (15).

A Cruz latina, em ouro, com os vértices em tríade, ocupa o ponto central do escudo. Alude à representação do “Senhor Bom Jesus dos Mártires”, isto é, acravado sobre o madeiro da Cruz. No centro e nas extremidades, estão representadas as “cinco chagas”, símbolo tradicional da cidade arquiepiscopal de Pouso Alegre, presente nas armas episcopais do primeiro e do terceiro bispos diocesanos, Dom João Baptista Corrêa Nery e Dom Octávio Chagas de Miranda. A cruz, ostentada nesta posição, rememora a centralidade do mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus, pelo qual a Igreja vive e presentifica a missão salvífica do Verbo Eterno. “Em sua própria carne, Ele suportou todas as nossas culpas, to-mando sobre si as nossas transgressões, para que mor-rêssemos para o pecado e vivêssemos para a justiça. Pelas suas santas chagas, nós fomos curados” (I Pedro 2,24).

As palmas, na simbologia cristã, fazem referência ao martírio. O termo “mártir” advém do grego (màrtys) e significa “testemunha”. Segundo tradição imemorial, em Pouso Alegre se adora a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade sob o título de “Senhor Bom Jesus dos Mártires”, devoção transplantada da cidade de Matosinhos, em Portugal, pelos primeiros povoadores da várzea do Rio Mandú. Além disso, alude ao glorioso mártir São Sebastião, excelso padroeiro da Arquidiocese de Pouso Alegre, aqui recordado e louvado como especial intercessor da Igreja de Deus que peregrina nesta amada arquidiocese. As palmas alocadas ao redor da cruz recordam, portanto, o Bom Jesus dos Mártires, mas, sobretudo, apontam para o verdadeiro sentido do martírio e da santidade, isto é, referenciados na cruz e no sacrifício do único mediador, o Cordeiro de Deus, que deu a vida pela vida de muitos. Também a devoção a Nossa Senhora encontra aqui o seu sentido e relevância. Como ensina o apóstolo Paulo: “Progredi no amor a exemplo do Cristo, que também nos amou e se ofertou a Deus por nós, como sacrifício de agradável aroma” (Ef. 5,2).

A elevação verdejante alude à nossa principal distinção geográfica: as montanhas de nosso estado e, particularmente, da região sul-mineira. Sobre ela está plantada a cruz, recordando a forma como os nossos primeiros desbravadores “bandeirantes” assinalaram a posse e o início da ação civilizatória e evangelizadora em nossa região. Enfatiza a posição da cidade arquiepiscopal de Pouso Alegre no contexto eclesial de nossa região, da qual a Catedral do Senhor Bom Jesus dos Mártires é mãe e cabeça, enquanto Sé Primacial (mais antiga) e Igreja Metropolitana (mais distinguida). Recorda, ainda, o ideal de elevação, alegoria imprescindível da espiritualidade cristã, em referência ao cultivo da proximidade com Deus.

O rio caudaloso que brota da cruz, referencia o principal marco geográfico de Pouso Alegre, o Rio Mandú, afluente do Sapucaí. No vale deste importante caudal, nasce e se desenvolve, a partir de 1795, o “arraial do Senhor Bom Jesus de Matozinhos do Mandú”, atual cidade de Pouso Alegre. As águas correntes recordam os sete sacramentos, nascidos do lado aberto de Jesus na cruz e confiados à Igreja, como sinais visíveis da multiforme graça de Deus, pela ação de seu Divino Espírito, que “pairava sobre as águas” (cf. Gn. 1,2). Evoca, sobretudo, o Santo Batismo, limiar para vida da graça, na comunhão da Igreja: mãe, mestra e esposa imaculada do Cordeiro de Deus. “Com gáudio, haurireis águas das fontes do Salvador e direis naquele dia: dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, entre os povos fazei notório os seus feitos, cantai quão excelso é o seu nome” (Is. 12,3). Assim como a Graça da Redenção nasce do mistério da cruz e é aspergida, como água abundante, sobre o povo eleito da nova e eterna aliança, também a cidade de Pouso Alegre, representada pelo Rio Mandú, nasce e se desenvolve sob o signo da devoção ao Senhor Bom Jesus dos Mártires, elemento imperativo de sua fé, cultura e desenvolvimento.