Padres reúnem-se virtualmente para uma manhã de espiritualidade

11 de junho de 2021

Os padres da arquidiocese de Pouso Alegre se reuniram virtualmente na manhã desta sexta-feira (11) para um momento de espiritualidade e oração. Neste dia em que a Igreja celebra o Sagrado Coração de Jesus, Ela também pede que se reze pela santificação do clero. Esse momento foi conduzido pelo pároco da Paróquia Santo Antônio, em Piranguçu, padre Douglas Aparecido M. R. dos Santos. 

Na acolhida aos padres, Dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R. recordou o sentido e objetivo desse momento.

“Hoje somos colocados na presença do Senhor para renovar a memória do nosso encontro com Ele, renovar aquele primeiro chamado que todos nós trazemos no nossos corações. Queremos dar um novo vigor na nossa missão de servir o Povo de Deus na arquidiocese de Pouso Alegre. Essa situação de pandemia tem dificultado nossa vida, podendo dar lugar ao cansaço e ao desanimo, abrindo espaço a um deserto interior da aridez. E esse tempo pode envolver nossa vida sacerdotal na sombra da tristeza, principalmente quando estamos exercendo o ministério nas ações litúrgicas e nos deparamos com nossas igrejas quase que totalmente vazias, isso nos inquieta e nos deixa triste. Permanecer retirados com o Senhor. Possamos nos lembrar que somos responsáveis pela santificação do meu irmão no sacerdócio. Lembremos de motivar o Povo de Deus para que eles rezem por nós, rezem pela nossa santificação. Assim eles sentirão que o caminho de santificação é para todos, não apenas para alguns”. 

Toda a reflexão do padre Douglas foi conduzida sobre a temática da esperança, que constitui a vocação cristã, mas, de modo especial, o ministério presbiteral é o ministério da esperança.  

“A caridade é amor pleno de esperança: profecia do indefectível amor de Deus que anima e sustenta infalivelmente cada amor do próximo. A caridade é o princípio da esperança e flui dela motivada e ativada da vivência de amor a Deus e ao próximo. O nosso ministério presbiteral reconhece que da caridade teologal nasce a caridade eclesial. Assim como a caridade está intrinsecamente ligada à esperança, assim também é a fé. Luz para compreender a esperança. Precisamos ser homens de fé. A esperança constitui a vocação cristã. A nossa esperança não é contingente, mas esperança da vida, esperança da redenção e da beatitude. É a esperança da glória, da ressurreição”.

Segundo ele, o padre oferta a esperança. Não bastam as palavras, mas há a necessidade do testemunho. A esperança tem em Deus o seu princípio, mas a base dessa esperança é o homem. E o padre precisa dar testemunho dessa esperança.

Temos a esperança de Deus e do seu Reino. Nossa vida é marcada por tantos projetos, tantas ideias. O imediatismo ofusca a esperança. O padre vive da esperança, de uma única esperança, que não se liga a desejos periféricos. O padre não vive só de esperança, mas é também um ser de esperança. O ministério precisa ser de esperança. Cristo é a nossa esperança, fonte e meta de toda nossa esperança. Esperamos com a esperança de Cristo. A esperança do padre não provém dele mesmo, mas é fomentada pelo Espírito Santo”.

Leia alguns trechos da reflexão do padre Douglas:

– “Somente na fé podemos reconhecer a promessa e o dom de Deus. Em Cristo, a esperança do homem encontra o Deus da esperança (Rm 15, 13). A esperança cristã é a profecia do ’não ainda’, revelado no já da Páscoa de Cristo para a humanidade, para a Igreja, para o cristão. O padre é alguém que acreditou por primeiro e, por isso mesmo, não se deixa levar pelos sofrimentos do tempo presente, já que busca incansavelmente descobrir os sinais de Deus no mundo”.

– “A vida de Jesus é o sinal da grande esperança. A esperança é, verdadeiramente, esperança quando tudo se faz escuridão e o vento sopra contrário. A cruz é a página mais tenebrosa da dor do mundo, mas também a provocação e o desafio mais forte à esperança”. 

– “A ressurreição é outra face da cruz: é a resposta de Deus à esperança do crucificado. A ressurreição é o cumprimento da esperança, a sua ratificação, a confirmação que vem do Pai. A cruz não é abandono do crucificado por parte do Pai, mas abandono do crucificado nas mãos do Pai: abandono de amor que o Pai acolhe e transforma em glorificação e redenção”. 

– “O padre é solicitado pelo Evangelho e habilitado pela Graça para ser esse homem de esperança. O padre é chamado a ser o sacramento de esperança, sinal legível e eterno, da vida da salvação anunciada com a própria vida: precisamos ser os arautos da fé na realidade que esperamos”. 

– “O modo da onipotência de Deus entra na fragilidade do homem, fazendo-a explodir do seu interior com a ressurreição do crucificado. A hora das trevas, vivida na esperança do amor, revela ao mundo a aurora do terceiro dia, o dia do ressuscitado. A cruz faz florir a esperança no deserto da desolação”.

– “Esperamos com a esperança da Igreja, que é esperança de todos e para todos. A única esperança faz a unidade de Igreja e a constitui sacramento de esperança: sinal de unidade e de salvação de todo o gênero humano. A esperança é a paixão do possível. A esperança faz de nosso ministério o lugar da fidelidade do Reino”. 

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