Clero da Província Eclesiástica se reúne para manhã de formação

2 de junho de 2021

O clero da Província Eclesiástica de Pouso Alegre (dioceses de Campanha, Guaxupé e Pouso Alegre) esteve reunido virtualmente na manhã desta quarta-feira (2) para uma manhã de formação e partilha da vida pastoral. O assessor foi o padre Vanildo de Paiva, que trabalhou a temática “Aprendizagem pastoral na pandemia”. 

Acolhendo a todos os padres, o arcebispo metropolitano de Pouso Alegre, dom José Luiz Majella Delgado-C.Ss.R., falou da importância de momentos como este. 

“Aprender deve ser sempre uma qualidade nossa. Estamos aprendendo tantas coisas com essa pandemia, e esse momento será uma aprendizagem pastoral”. 

Segundo padre Vanildo, é preciso ver a oportunidade que a pandemia oferece para crescimento e amadurecimento. Assim, a Igreja precisa ficar atenta aos sinais dos tempos e ter a coragem de se reinventar quantas vezes forem necessárias.

“Como em várias fases difíceis do cristianismo, hoje somos convidados a ouvir o Espírito Santo. É preciso praticar a conversão pastoral, saindo da pastoral da manutenção. É preciso sair da Síndrome de Nicodemos, da indisposição de sair das suas concepções velhas e arcaicas, não querendo nascer de novo (Jo 3)”.

Ainda segundo o palestrante, a pandemia obriga a todos a não apenas pensar diferente, mas a agir diferente.

“A conversão pastoral não pode ser apenas metodológica, mas começa no nosso coração, na nossa mudança de mentalidade. Enquanto não mudamos o nosso ‘ser pastores’, o ser igreja, continuaremos com ‘puxadinhos’ aqui e ali, sem grandes resultados de acordo com as demandas de hoje. Há um equívoco que muitas vezes caímos, que é o de mudar apêndices, sem começar de nós mesmos”. 

Padre Vanildo usou duas imagens para ilustrar o tempo que o mundo tem vivido: a do Êxodo e do Exílio.

“O êxodo nos traz a idéia de transição e passagem, que é o que estamos vivendo; nos traz a ideia de focar no essencial, vendo o que eles levaram para a viagem e travessia (sentimento de desapego); há um protagonismo de Deus na caminhada, ou seja, não confiarmos apenas nas nossas eficiências como projetistas pastorais, mas Deus que vai conduzindo; há uma reorganização da vida comunitária sobre base de justiça e fraternidade, isto é, a reorganização passa por uma ética de justiça social. Já o Exílio foi uma experiência drástica na história do Povo de Deus. Do Exílio aprendemos que na dificuldade a Glória de Deus deixa o templo, aprendemos a centralidade da Palavra de Deus e aprendemos a resistência e a força para a reconstrução”.

Padre Vanildo apresentou alguns desafios do momento atual, que exigem seriedade, decisão e coragem. 

– o protagonismo dos leigos: sair de um modelo clericalizado. A pandemia colocou padres e leigos frente aos mesmos problemas e desafios existenciais e pastorais, onde é preciso fazer uma releitura da eclesiologia sob o prisma da cetegoria “povo de Deus”. 

– uma Igreja samaritana, à serviço da vida: a crise pandêmica expôs as vulnerabilidades existenciais e sociais. O perigo de morte está bem próximo de todos, onde há uma urgência em se privilegiar a defesa da vida.  

– A centralidade do essencial: de que estão servindo os excessos? Vive-se um colapso geral e um ativismo (Síndrome de Marta). A vida cristã tem se sustentado, em muitos casos, à revelia das complicadas estruturas pastorais. 

– O lugar preferencial dos pobres: há um empobrecimento da população, exigindo da Igreja uma nova consciência social e novas maneiras de conceber as relações humanas e o acesso de todos aos bens necessários. 

– força transformadora da Liturgia: o terreno da Liturgia foi um dos mais afetados nesse tempo de pandemia. A pandemia ajuda a pensar o lugar da Liturgia na vida cristã e a necessidade de haver uma fecunda interação entre oração, vida e cotidiano. 

– a sacramentalidade da Palavra de Deus: somos a Igreja da Palavra e do Pão. É preciso avançar na consciência da sacramentalidade da Palavra. 

– A missionariedade e a Igreja em saída: a missão define a essência da Igreja. Passar da concepção de missão como movimento, mas como jeito de ser Igreja. Igreja da presença, da acolhida, do cuidado, do afeto junto às famílias.

– A importância das novas mídias: há uma nova cultura, a digital, que muda a linguagem, mentalidade e hierarquia de valores. Estamos interligados continuamente. É preciso uma formação do clero e dos cristãos, não resumindo a Pastoral da Comunicação a uma pastoral da técnica. 

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