Formação dos presbíteros: ‘Novos tempos exigem adequações no processo’

11 de abril de 2018

Da CNBB –

Na primeira coletiva de imprensa da 56ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na tarde desta quarta-feira, 11, no Centro de Evento Padre Vitor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP), Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, falou das novas diretrizes para a formação dos presbíteros na Igreja do Brasil, tema central da Assembleia. O evento vai até o dia 20 de abril e conta com a participação do Arcebispo da Arquidiocese de Pouso Alegre, Dom José Luiz Majella Delgado – C.Ss.R.. Ao todo, 355 bispos participam, sendo 317 bispos ativos e 38 eméritos.

Dom Jaime explicou aos jornalistas que o objetivo da CNBB é adaptar as diretrizes em vigor, aprovadas em 2010, a partir das novas orientações da Congregação para o Clero intitulada Ratio Fundamentalis Institutionis Sacerdotalis, publicada em 2016, levando também em conta o recente magistério do Papa Francisco.

Dom Jaime Spengler – Fotos: CNBB

Segundo o Arcebispo foi designada pelo conselho Permanente uma Comissão Especial para trabalhar uma proposta de texto para ser apresentado aos bispos e trabalhado ao longo na Assembleia.

O texto aborda a chamada formação inicial dos presbíteros, isto é, o período dos seminários que prepara os candidatos ao sacerdócio, mas também trata da formação permanente dos padres. “O documento abrange toda a vida do presbítero, desde que ele se apresenta como um possível candidato ao seminário até o momento de sua morte”.

Perguntado pelos jornalistas sobre o que mudaria na formação presbiteral com as novas diretrizes, Dom Jaime esclareceu que não se tratará necessariamente de mudanças, mas adaptações às transformações da sociais e culturais que influenciam os candidatos aos ministério ordenado. “Os tempos mudam, e as exigências são novas. Novos tempos exigem adequações no processo”.

Ainda se acordo com o Arcebispo, é sentida pelo episcopado, por exemplo, a realidade de muitos candidatos ao sacerdócio que vêm da realidade urbana, ao contrário do passado, quando a maioria dos vocacionados eram provenientes do mundo rural. Muitos também entravam no seminário muito jovens e até crianças, enquanto hoje a maioria dos candidatos iniciam a formação presbiteral na idade adulta. “Essa situação traz consigo desafios à formação. Muitas vezes, uma formação deficiente no ensino fundamental, médio”.

Dom Jaime apontou, ainda, situações de candidatos que vêm de situações familiares difíceis que repercutem nos seminários. “Precisamos ir ao encontro desses jovens a fim de colaborar para que possam crescer no seu processo formativo e na sua formação de forma sadia”, destacou.

“Hoje nós acentuamos muito no processo formativo um acompanhamento personalizado de cada candidato. Talvez esse seja um dos aspectos aos quais devemos dar uma atenção especial”, acrescentou o Presidente da Comissão.
O texto que será trabalhado na Assembleia é a terceira versão elaborada pela Comissão do Tema Central, após receber as contribuições de bispos de todo o país. As diretrizes passarão por novas avaliações do episcopado antes de serem submetidas à aprovação.