#Reflexão: 10º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 6 de junho)

4 de junho de 2021

A Igreja celebra neste domingo (6), o 10º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:
Gn 3, 9-15
Sl 129(130), 1-2.3-4ab.4c-6.7-8 (R.7)
2Cor 4, 13-18-5,1
Mc 3, 20-35 (Jesus em casa ensinando)

ESCUTAR A PALAVRA DE DEUS PARA SE TORNAR DISCÍPULO

Retomando a Tempo Comum, temos o Evangelho de Marcos novamente que meditaremos nos próximos domingos até quase o final de novembro. Estamos no início da vida pública de Jesus e tudo ainda está incerto entre Jesus, seus discípulos, parentes e o povo. Mas, a rivalidade entre Jesus e os principais dirigentes da religião judaica será constante até a sua crucificação.

A 1ª leitura também retrata outro início, mas neste caso, do pecado presente no mundo. Os primeiros versículos da Bíblia nos mostram como Deus criou o mundo e, principalmente, o homem e a mulher: criados a imagem e a semelhança do próprio Criador. Mas, isto não era suficiente para eles, queriam ser iguais a Deus.

A primeira consequência após pecarem foi perceber que os dois estavam nus, isto é, que não tinham nada, nem roupas. Ao ouvir Deus que se aproximava como sempre fazia, eles se esconderam. Os passos de Deus se tornaram “barulhos” e a presença despertava “medo”. Deus não mudou seu modo de ser, o casal sim. A segunda consequência do pecado foi o abismo que se criou entre Deus Criador e os pecadores. Deus se tornara um juiz que pune, castiga e severo no julgamento.

Na realidade, foram os dois que mudaram em relação a Deus. O Criador se aproxima como sempre e oferece oportunidade ao homem para se explicar e pedir perdão. Mas, Adão preferiu jogar a culpa em Eva. Ele é que julga a Deus. O pecador não arrependido sempre procura alguém para jogar sua culpa: foi “a mulher que pusestes ao meu lado”. O erro de tudo estava em Deus e em Eva.

O espaço para o diálogo e a reconciliação é oferecido também a Eva que segue o exemplo do marido: joga a culpa na serpente. Ela afirma que foi “enganada” pela serpente. O mal em nossa vida sempre age desta forma: oferece algo que não pode dar, tudo com intuito de atrair as pessoas ao pecado e assim, romper com a comunhão com Deus. O castigo no relato de Adão e Eva acontece depois que Deus ofereceu condições para eles refazerem e recomeçarem tudo novamente, mas os dois demonstraram que não queriam reconhecer o erro e procuraram justificativas para aquilo que tinham feito. Sem perdão e reconciliação não é possível existir a comunhão. Mas, mesmo diante do pecado de Adão e Eva, a última palavra é de promessa e de Deus: Uma “Mulher” irá vencer e pisar na cabeça da serpente da tentação dos primeiros pais.

No Evangelho de Marcos deste domingo, os principais da religião dos judeus passam a ver Jesus como alguém perigoso, pois não respeitava as normas e as leis do sábado e da pureza. Por outro lado, a fama de Jesus se espalhou e Ele e seus discípulos não tinham nem tempo para comer. A notícia sobre o confronto com os fariseus, as curas que Jesus estava operando e as multidões que corriam até Ele, tudo isto chegou até seus familiares que estavam em Nazaré. Seus familiares ficaram preocupados e para evitar que Jesus fosse morto por seus opositores, eles decidiram levá-lo para longe de Cafarnaum alegando que estava fora de si (louco).

As autoridades religiosas não conseguindo dar uma resposta diante de tanta sabedoria e tantos sinais de Deus como curas, milagres e exorcismos, apelam para o extremo da rejeição: “Ele está possuído por Belzebu (príncipe dos demônios)”. Isto para que o povo deixasse de buscar e seguir a Jesus.

Mas, Jesus demonstrou a incoerência. O mal tem sempre o objetivo de distanciar as pessoas do bem e de Deus. Cristo estava exatamente fazendo o contrário: semeando o bem no meio do povo com palavras e ações. No pecado de Adão e Eva, o casal após o pecado se sentia longe de Deus; Jesus sempre procurou aproximar o povo de Deus. Ademais – como afirma Jesus – o mal é mestre para semear a divisão e fazer o mal e não o bem.

O pecado de Adão e Eva foi de querer se colocar no lugar de Deus. Os escribas queriam fazer a mesma coisa ao se sentirem no direito de afirmar que Jesus agia em nome do Mal e não de Deus. Eles estavam fechados em seus “esquemas religiosos” e cegos em relação ao modo de interpretar a ação de Deus. Para eles: Aqueles que não se “enquadravam” nos seus esquemas, eram julgados como endemoniados.

O erro dos mestres da lei foi de atribuir uma ação de Deus a Satanás (Belzebu), se fechando, assim, completamente a graça de Deus. Este é um pecado contra o Espírito Santo (como diz Jesus) que não tem perdão, pois é a radical renuncia à comunhão com Deus.

Marcos retoma a informação dos parentes de Jesus, colocando que também a “mãe de Jesus” estava entre eles. O detalhe quando eles chegam onde Jesus estava é significativo: eles ficam fora e mandam chamar Jesus. Ao redor de Jesus estava a multidão, Ele ensinava a todos e esses escutavam seus ensinamentos. Jesus cumpria sua principal missão que era formar discípulos (não tanto curar as doenças).

Seus parentes queriam que Ele abandonasse tudo e “saísse” para ir ao encontro deles. Mas, Jesus convida a fazerem o contrário: eles é que deveriam entrar e fazer parte da multidão que estava sendo instruída por Ele. O Evangelho termina sem nos dizer quem aderiu ao convite de Jesus e se tornou “verdadeiramente” parente de Jesus: “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Podemos supor que, pelo menos, a sua mãe aderiu ao convite e deixou também Nazaré para ficar ao lado e acompanhar seu filho Jesus, completando a sua missão, não mais somente de mãe, mas também de discípula.

Sejamos nós hoje seus discípulos ouvindo sempre o Mestre Jesus e confiando em suas palavras. Vivendo como pessoas que buscam as coisas do alto e se colocam a serviço do próximo.