#Reflexão: 13º domingo do Tempo Comum (26 de junho)

23 de junho de 2022

A Igreja celebra, no dia 26, o 13º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: 1Rs 19,16b.19-21

Salmo: Sl 15(16),1-2a.5.7-8.9-10.11 (R. 5a)
2ª Leitura: Gl 5,1.13-18
Evangelho:Lc 9,51-62

Acesse aqui as leituras.

CONDIÇÕES PARA CAMINHAR COM JESUS

            Evangelho deste domingo é considerado o momento decisivo na vida de Jesus em São Lucas. Depois de um bom tempo de pregação na Região da Galileia (região do Norte) passando por várias vilas, mas principalmente na cidade de Cafarnaum, Nosso Senhor decidiu iniciar seu caminho definitivo e final para Jerusalém (região do Sul). Pregar onde Ele conhecia muito bem – na Galileia – representava certa tranquilidade: não havia representação dos religiosos de Jerusalém; o povo já o conhecia e sua fama tinha atingido outros lugares e regiões até fora da região, mas Jesus não veio a este mundo somente para isto.

            Jerusalém representava não somente o lugar do conflito definitivo, mas também do sofrimento, da humilhação e da aparente derrota (morte). Era algo exatamente o oposto de tudo que até aquele momento Jesus e seu grupo tinham experimentado. Cristo sabia o que Lhe esperava em Jerusalém, mas não os seus discípulos. Lucas exprime com palavras decisivas e expressivas este momento, por isto Jesus “toma a firme decisão” de dirigir-se para Jerusalém, na língua original está: “ele endureceu sua face” ao se colocar a caminho de Jerusalém. Decisão radical e irreversível!

Para este momento crucial e profundo, Jesus procurava discípulos e fiéis que aceitassem caminhar com Ele, mas seguindo as mesmas condições e exigências (Evangelho de domingo passado). Os primeiros que são chamados a caminhar com Jesus são os apóstolos e discípulos, denominados de “mensageiros”. Eles receberam a missão de ir à frente de Jesus (no grego está: “à frente de sua face”) para preparar a sua chegada (não “pousada”, isso nunca foi preocupação de Jesus!). Lucas nos informa que não houve acolhida por parte dos Samaritanos, pois aquelas pessoas perceberam que “ele estava indo para Jerusalém” (no original: “tinha a face de ir para Jerusalém”). O evangelista não nos dá muitos detalhes, mas os discípulos não conseguiram reproduzir bem a “face de Jesus” e talvez eles tivessem insistido sobre certos detalhes que acabaram gerando a rejeição por parte dos Samaritanos.

Interessante a reação de dois que eram mais próximos do Mestre. Tiago e João chegam até sugerir – sem saber o que estavam dizendo – uma punição contra os samaritanos. Sabemos que os judeus detestavam o povo da Samaria, pois eram considerados como impuros, idólatras, inimigos e traidores do Povo de Deus. Jesus várias vezes cita os samaritanos, mas sempre com a intenção de destruir este preconceito e discriminação. Os dois apóstolos sugerem uma repreensão exemplar achando que possuíam ou eram capazes de tal ação. Pobres discípulos! O poder que receberam de missão não tinha nada ver com vingança ou ódio. Por fim, eles é que são repreendidos por Jesus, pois onde há ódio e espírito de vingança tem tudo de humano e nada de Deus.

            Bela a atitude de Jesus: simplesmente se dirige a outro lugar. Ele respeita quem decide não acolher sua presença e sua palavra. É em provável que os dois discípulos devem ter anunciado algo bom sobre Jesus, mas na primeira dificuldade ou recusa, eles procuram resolver tudo com violência e ódio, pois “Jesus precisa ser protegido e respeitado”. Decisivamente, Tiago e João não entenderam nada sobre Jesus. Nosso Senhor jamais impôs ou obrigou alguém a seguir seus passos. A missão dos discípulos é a mesma de Jesus: salvar as pessoas!

Em sua caminhada até Jerusalém, Jesus terá diversos encontros pelo caminho. Lucas, inicialmente, relata três histórias de pessoas que queriam fazer parte do grupo de Jesus e fazer a mesma viagem até a Cidade Santa:

O primeiro que se propõe a seguir Jesus se oferece sem condições e limites. Um discípulo ideal. Mas, mesmo assim, Jesus esclarece e recorda algumas condições que Ele mesmo vive. Cristo não impõe ao vocacionado, mas informa que o modelo de vida a seguir não é aquele que a pessoa possuía, mas aquele que o próprio Cristo vivia. Jesus não tinha nenhuma posse, nada lhe pertencia como bem pessoal, nem mesmo uma casa ou uma local para descansar. Nosso Senhor sabia que nada de fundamental jamais Lhe faltaria, pois Deus Pai sempre era providente. Jesus não convida o sujeito para viver na miséria, mas na providência de Deus. Uma radicalidade de vida onde a missão deve ser o único bem e propriedade. Jesus não impõe nada, mas compartilha o seu próprio jeito de viver e suas prioridades.

Ao segundo, o próprio Jesus convida com um decisivo convite: “Segue-me!”. Mas, o mesmo faz um pedido a Jesus: sepultar seu pai. A missão de Jesus era urgente e o caminho para Jerusalém não podia esperar, mas a pessoa apresenta um motivo, talvez o maior de um filho: dar sepultura ao seu pai (ficar com ele até o final de sua vida). Nem mesmo a família e tudo que acontece após a morte dos pais (herança e bens) devem ser obstáculo para responder ao chamado de Jesus. O coração do discípulo deve estar em anunciar o Reino de Deus.

O terceiro caso vocacional, como o primeiro, a pessoa se oferece como discípulo, mas também está dividido, neste caso, com os familiares vivos. É preciso olhar pra frente e seguir caminhando com Jesus. Nem mesmo a família deve ser um obstáculo e motivo para não responder ao chamado e às exigências do discipulado.

Na primeira leitura, temos o exemplo de Eliseu que, diante do chamado de Elias, prontamente deixou tudo e seguiu o profeta. Antes, ele dá de comer ao povo, matando dois bois que ele usava para seu trabalho (decisão radical de não voltar atrás) e depois vai se despedir de seus pais antes de partir, Elias ainda permitiu isto, mas Jesus não. O caminho para Jerusalém que Cristo tinha iniciado deveria ser percorrido com radicalidade de vida e firme propósito de seguir o Mestre Jesus sem olhar para trás ou estar dividido.

            Sabemos que este “tipo de Jesus” não agrada muito as pessoas. Muitos querem um Jesus que doe algo: cura, milagres, resolva os problemas, os males da vida… Um Jesus que se limite a resolver problemas pessoas e relacionados ao nosso mundo. Mas, quando Ele nos pede e nos convida a sermos seus discípulos, seguindo seus passos e suas condições, poucos se propõem a caminhar com Ele e seguir o mesmo caminho. Busca-se ainda hoje um Jesus para solução de algo momentâneo (doença, problema, dificuldades da vida…), mas não Jesus como sentido para toda vida.

Jesus era uma pessoa livre em relação a qualquer parâmetro deste mundo: material, familiar e afetos. Mas, ao mesmo tempo tudo estava a sua disposição não como posse, mas como instrumento para fazer o bem e semear o amor entre as pessoas. São Paulo nos lembra muito bem isto na segunda leitura. Com Cristo nos tornamos livres, mas para exercermos a liberdade diante das coisas e pessoas, e não para nos tornamos escravos. A melhor forma de sermos livres é viver como Jesus viveu, principalmente, na vivência do amor recíproco.

Partir para Jerusalém, para Jesus era fazer um caminho de renúncias e, principalmente, momento de cumprir sua missão que ia além de curar e enfrentar demônios. Mas, este caminho de salvação também nós devemos hoje cumprir, pois estamos caminhando para uma Nova Jerusalém e ao longo desta estrada da história, inúmeras pessoas vamos encontrar até os últimos momentos de nossa vida. A obra de Jesus deve continuar em nós e principalmente através de nós, para que assim, mais e mais pessoas, possam experimentar Jesus que nos ensinou que somente através do Amor é que a humanidade pode se salvar. Agora toca a nós respondermos ao chamado que diariamente Ele nos faz.

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