#Reflexão: 19º domingo do Tempo Comum (07 de agosto)
A Igreja celebra, no dia 07, o 19º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Sb 18,6-9
Salmo: Sl 32(33),1.12.18-19.20.22 (R. 12b)
2ª Leitura: Hb 11,1-2.8-19
Evangelho: Lc 12,32-48
O MAIOR TESOURO É SERVIR AO SENHOR.
As duas leituras deste domingo recordam o exemplo de nossos pais na fé. Homens e mulheres que movidos pela fé deixaram tudo para cumprir a vontade de Deus. Pessoas que confiaram e arriscaram muito para descobrir que ao final de tudo, Deus sempre quis o bem de todos. Eles aprenderam que acreditar em Deus é se colocar a caminho, construir junto com Deus um projeto de comunhão e de felicidades que tem suas raízes na história, mas os verdadeiros frutos não são colhidos neste mundo.
Estes grandes personagens nos mostram que a fé não cega as pessoas (diferente do fanatismo), mas abre os olhos para valores importantes que vão além da realidade e do presente. Aprenderam a crer em um Deus que sempre está pronto a caminhar e a ajudar a cada um em sua estadia neste mundo. Um Deus que constrói história conosco. Por isto, nossos patriarcas da fé aprenderam que nossa presença neste mundo é algo passageiro: somos peregrinos e temos uma pátria e um Deus que nos espera!
Jesus nos ajuda no Evangelho a entender como devemos caminhar neste mundo e onde devemos colocar nossa esperança e fé:
As primeiras palavras de Jesus completam a parábola de domingo passado do rico agricultor insensato. Naquela história, um homem que já era rico, obteve uma grande colheita e seu pensamento foi somente conservar e acumular ainda mais bens. Um pobre homem em uma realidade onde somente ele, seus bens e projetos pessoais tinham espaço. Ninguém mais fazia parte de seu mundo. Por isto Jesus no Evangelho deste domingo, aconselha seus discípulos chamados de “pequeno rebanho” [Jesus tinha consciência que sua proposta era pra poucos] de vender tudo e dar em esmola, ter bolsas que acumulem riquezas junto de Deus. O melhor celeiro onde devemos carregar nossos tesouros é o nosso coração: onde ele estiver, estará a nossa riqueza. Mas, como podemos ter este tesouro que nunca será roubado ou corroído? Com mais uma parábola, Jesus explica o caminho.
Jesus narra um ambiente conhecido de um senhor com seus servos, mas não é uma casa igual àquelas que todos os seus ouvintes conheciam. Os servos são retratados como todos conheciam: obedientes, serviçais, aplicados e atentos ao serviço que deveriam fazer. O patrão confia tanto que se sente tranquilo em sair e voltar a qualquer hora, pois sabe que seus servos são vigilantes. Tais servos são descritos como felizes por Jesus não porque estão em uma condição de servidão ou submissão, mas porque compreenderam o sentido do serviço que o próprio Jesus tinha ensinado. A casa representa a comunidade cristã onde todos devem se sentir iguais no serviço e que ninguém se sente como patrão, mas discípulos serviçais.
A novidade nesta primeira parábola de hoje é atitude do senhor e proprietário da casa. Mesmo voltando à noite (cansado e com fome), Ele mesmo servirá seus servos. Nesta casa diferente, todos são servos, todos se preocupam com o bem comum, todos são obedientes. Estão sempre prontos pra servir: com os “rins cingidos” (roupa amarrada na cintura como um trabalhador ou missionário) e “lâmpadas acesas” (não dormem jamais!). O senhor da casa é o primeiro a servir seus servos, por isto, todos os servos são aplicados e felizes. É fácil perceber que tal senhor é o próprio Jesus que de diversos modos procurou servir a todos, até o final de sua vida. O Lava pés não um ato isolado, mas o mais significativo de uma vida servindo e lavando os pés de todos. Para Jesus, a vida de serviço é a fonte de felicidade e o melhor modo de estar preparado para quando Ele vier.
Nesta história, estranhamento, o senhor da casa “bate à porta”, pois está de volta. Se ele é o dono da casa, não precisaria “bater à porta”. Aqueles que batem a nossa porta são os pobres e necessitados, nosso Senhor vem constantemente até nós e onde nos encontramos, naqueles que necessitam de nossa caridade, de dia e de noite.
Para aqueles que estão apegados aos seus bens, quem se aproxima se apresenta como ladrão e “rouba” suas coisas, diferentemente dos servos que estão sempre a serviço, não são donos, mas compartilham o que possuem. Mas, nosso Senhor afirma que virá uma próxima vez, de forma definitiva ao nosso encontro. Para muitos, Jesus chegará como ladrão; para os discípulos, Cristo se manifestará como servo e nos servirá. Assim, precisamos esperar o Senhor não “olhando para o céu”, mas atentos ao que acontece ao nosso redor, em relação aos nossos irmãos e irmãs. É necessário sempre acolher e servir aquele que bate a nossa porta, pois em cada pessoa, Jesus está presente.
As palavras de Jesus sobre a riqueza e a parábola anterior foram tão expressivas que Pedro achou que não seriam somente para eles, os discípulos. Jesus não responde a pergunta de Pedro, mas lhe propõe outra parábola para que ele refletisse ainda mais:
O ambiente é o mesmo: patrão e servos, mas desta vez, aparece um administrador. Alguém que tinha uma responsabilidade de coordenar o serviço de todos. Sua função não era algo para ser tomado como uma forma de exploração e opressão, mas com um peso de coordenar o bem comum de todos. Um servo com maior responsabilidade. Quem ocupava aquele cargo de administrador – segundo Jesus – deveria sempre se recordar do seu senhor e se inspirar nele. O administrador foi colocado em um cargo de responsabilidade e deveria tudo realizar sempre com este princípio fundamental: tudo que tenho e possuo, me foi dado em confiança!
Quem possui um peso de responsabilidade sobre outros deveria sempre se lembrar que tudo é um dom e tudo deve ser exercido como um serviço. Quanto mais poder alguém recebe, mais e melhor deve servir. Para Jesus, quem administra não deixa de ser servo e sempre deve se lembrar que Cristo é o melhor exemplo que temos de quem foi administrador e servo em plenitude.
Mas, a segunda parábola possui também um exemplo daquilo que é muito comum acontecer quando alguém recebe o cargo de administrador. Muitos se comportam não como servo, mas como um mercenário. O patrão, segundo Jesus, reconhece o bom serviço dos servos e, inclusive, se coloca a serviço deles; o mercenário está interessado em somente obter lucros e vantagens. Sua posição de superioridade em relação aos outros, ele encara como uma vantagem para explorar e maltratar seus companheiros de serviço. Pobre administrador! O pouco que ele consegue obter de alegria (comendo e bebendo), logo se transforma em tristeza aos olhos do seu patrão. O péssimo administrador não percebe que se comportando de um modo que nem seu patrão se comporta, ele nada ganha, mas perde tudo.
Assim, Pedro e os discípulos deveriam entender que a posição que ocupavam dentro do projeto de Jesus (Igreja), eles não deveriam ter como um privilégio para ganhar vantagens diante do povo, mas como serviço especial que deveriam colocar em prática com mais cuidado e obediência. No Reino de Deus que nos foi dado através de Jesus, o tesouro maior que se pode conseguir não se consegue senão em uma vida de serviço e doação. O despojamento dos bens deste mundo não é uma perda, mas uma forma de acumular tesouros junto de Deus, mas o meio fundamental é uma vida de serviço, em outras palavras, viver como Jesus viveu.
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