Santo Cura d’Ars

3 de agosto de 2022

Com este artigo, a Pastoral da Comunicação da arquidiocese de Pouso Alegre (MG) inicia a divulgação de textos de espiritualidade nas suas mídias digitais. O conteúdo de espiritualidade é preparado por padres e cristãos leigos da arquidiocese, orientados pelo padre Reinaldo dos Santos. Os textos serão postados semanalmente, às quartas-feiras. Você acompanha, a seguir, texto elaborado pela Thais Aparecida Salles Afonso, da paróquia São José, em Paraisópolis (MG), sobre São João Maria Vianney. Esperamos que o nosso conteúdo lhe ajude a fortalecer e viver a fé cristã!
Boa leitura! Compartilhe!

 

Era o ano de 1818, um dia que parecia ser como outro qualquer. Eis que em uma pequena estrada da França, um humilde sacerdote caminha à paróquia que lhe foi confiada. Era um padre de origem muito simples, filho de camponeses, nascido em 08 de maio de 1786, em Dardilly, um vilarejo francês. Ele havia enfrentado com sua família o difícil período da Revolução Francesa, quando muitos sacerdotes perderam suas vidas ou tiveram que ficar foragidos, pois houve o fechamento das igrejas sob ordens das autoridades e o povo muito sofreu com a ausência de padres. Mesmo assim, havia vários padres que eram corajosos e enfrentavam perigos para administrar os sacramentos.

Assim nasceu no coração daquele homem o desejo pela vocação sacerdotal. Porém, ele havia sido privado dos estudos, tendo a oportunidade de se alfabetizar somente na juventude, o que resultou em grandes dificuldades na preparação para o sacerdócio, pois não tinha facilidade em aprender o latim. Fora reprovado dos exames no seminário, pois não o achavam apto para receber o Sacramento da Ordem. Mas aquele simples homem do campo, nunca desistiu de sua vocação. Faltava-lhe instrução acadêmica, no entanto ele recebeu a sabedoria que vem do céu.

Com muito esforço e dedicação, foi ordenado padre em 1815. Entretanto, no início, teve um impedimento grave: não poderia atender confissões! Os superiores achavam que ele não teria capacidade de orientar e dirigir a vida espiritual dos fiéis. Mas aqueles sacerdotes jamais imaginariam que estavam diante de um dos maiores confessores da história da Igreja!

Tinha pouco tempo de ministério quando foi nomeado cura da vila mais miserável da França: Ars. Um lugar com pouco mais de 200 habitantes, onde as pessoas se encontravam muito distantes de Deus. Aquele pequeno vilarejo, ao qual fora designado, tinha uma geração toda perdida devido aos males causados pela Revolução. Era um povo sem padre, sem catequese, sem sacramentos, que não guardava o domingo e não gostava de rezar… Mas a providência divina, que jamais abandona, enviou para cuidar daquelas pequenas ovelhas o padre João Maria Batista Vianney.

Quase chegando ao vilarejo, o sacerdote encontra-se com um pequeno pastorzinho e lhe pergunta qual seria o caminho para Ars.  O menino responde e São João Maria Vianney lhe diz: “Tu me mostraste o caminho para Ars. Eu te mostrarei o caminho para o Céu”. Com fé, ele disse, ao chegar em seu destino: “Esta igreja não será capaz de conter a quantidade de pessoas que virão”.

E de fato, este santo pároco, com amor e excepcional ministério pastoral, conseguiu incutir o amor a Deus nos corações daquelas pessoas. Além do seu redil de Ars, o humilde pastor também soube cuidar e conduzir tantos outros milhares de ovelhas, que vinham de todas as partes do país. Sentado por horas no confessionário e rezando sem descanso pela salvação do seu rebanho, o Santo Cura d’Ars conseguiu converter o coração de muitos.

Viveu até os 73 anos, sendo beatificado em 1905 pelo Papa Pio X, e canonizado em 1925, pelo Papa Pio XI, que o proclamou, em 1929, “Padroeiro dos párocos do mundo”. No centenário de sua morte, em 1959, o Papa São João XXIII dedicou-lhe a Encíclica “Sacerdotii nostri primordia” colocando-o como modelo de santidade a todos os sacerdotes. Nessa belíssima carta, as virtudes destacadas de São João Maria Vianney também inspiram a todos nós a seguir seus exemplos. Os pontos fundamentais de seu ministério sacerdotal foram a penitência e a oração. Dizia ele que “o padre, antes de tudo, deve ser homem de oração”.

Vianney tinha uma profunda piedade eucarística, e isso fez com que este santo sacerdote vivesse em uma constante união com Deus, dedicando mais de 16 horas por dia no confessionário e sendo instrumento da misericórdia divina a tantas pessoas de todas as partes da França que enchiam a igreja de Ars para buscar os sacramentos e os ensinamentos do Evangelho. Sem dúvidas, aquele humilde pároco de aldeia teve um extraordinário zelo pastoral e um ministério tão fecundo por ser um sacerdote de profunda oração, intimidade e imitação de Cristo, pois em seu coração estavam marcadas as palavras de nosso Senhor: “Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5).

O Santo Cura d’Ars viveu num total desprendimento dos bens deste mundo. Deu exemplo de amor e caridade, sobretudo com os pobres de sua paróquia, os quais tratava com verdadeira ternura. Teve sempre o espírito de obediência, vivia para Igreja e somente trabalhava para ela, como palha que se consome no fogo.

Recordar São João Maria Vianney no dia 4 de agosto é, sobretudo, um convite para que todos nós intensifiquemos nossas orações pelos sacerdotes. Muitos nunca rezam pelo seu pastor, e ainda tem costume de maldizer os padres. Devemos sempre lembrar que “o sacerdote é o amor do Coração de Jesus”, como nos ensinou Santo Cura d’Ars.

Rezemos pelos nossos padres, para que, a exemplo desse grande sacerdote, levem o amor e a misericórdia de Deus a todas as pequenas ovelhas que lhe foram confiadas. Rezemos para que sejam bons pastores, amem seu povo e mostrem sempre o caminho para o Céu, assim como vez São João Maria Vianney ao povo de Ars.

Oração pelos sacerdotes (indulgenciada por S. Pio X)

Ó Jesus, Pontífice Eterno, Divino Sacrificador! Vós que, no Vosso incomparável amor, deixastes sair do Vosso Sagrado Coração o sacerdócio cristão, dignai-Vos derramar, nos Vossos sacerdotes, as ondas vivificantes do Amor infinito. Vivei neles, transformai-os em Vós, tornai-os, pela Vossa graça, instrumentos de Vossas Misericórdias. Atuai neles e por eles, e fazei que, revestidos inteiramente de Vós pela fiel imitação de Vossas adoráveis virtudes, operem, em Vosso nome e pela força de Vosso Espírito, as obras que Vós mesmo realizastes para a salvação do mundo.

Divino Redentor das almas, vede como é grande a multidão dos que dormem ainda nas trevas do erro; contai o número dessas ovelhas infiéis que ladeiam os precipícios; considerai a multidão dos pobres, dos famintos, dos ignorantes e dos fracos que gemem ao abandono. Voltai-Vos para nós por intermédio dos Vossos sacerdotes. Revivei neles, atuai por eles e passai de novo através do mundo, ensinando, perdoando, consolando, sacrificando e reatando os laços sagrados do amor entre o Coração de Deus e o coração humano. Amém.

São João Maria Vianney, intercedei por nós e por todos os sacerdotes de Cristo!

Imagem destacada da notícia apresenta um monumento dedicado a São João Maria Vianney, a 1 Km de Ars. Fonte: Vatican News.

 

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