#Reflexão: 19º domingo do Tempo Comum (13 de agosto)
A Igreja celebra o 19º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (13). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: 1Rs 19,9a.11-13a
Salmo: 84(85),9ab-l0.11-12.13-14 (R. 8)
2ª Leitura: Rm 9,1-5
Evangelho: Mt 14,22-33
JESUS QUE CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS
O Evangelho deste domingo revela muitos particulares na vida dos apóstolos e da Igreja de Cristo. No símbolo da barca, vemos muito bem ilustrada a nossa realidade de discípulos, constantemente atingida por tempestades e ventos impetuosos. Mas, Jesus nos apresenta o caminho para continuarmos perseverando nesta viagem como evangelizadores.
Mateus nos diz que todos tinham experimentado o grande milagre da multiplicação dos pães e peixes. Mais uma vez, os apóstolos viram o poder e a força de Jesus em promover um sinal espetacular que atingiu milhares de pessoas. Estar ao lado de Jesus com todo aquele poder era fascinante e, ao mesmo tempo, tranquilo: qualquer desafio ou problema bastava apresentar a Jesus e Ele faria o resto. Nem o Mal tinha vez e muitos endemoniados foram libertos de suas prisões espirituais.
Mas, Jesus sabia que Ele não iria ficar por muito tempo com os seus. Era necessário prepará-los para a difícil missão que iria iniciar quando Ele partisse. Assim, o evangelista Mateus descreve com particularidade o que Jesus fez e o que aconteceu com os discípulos.
Era necessário que cada um revisse a profundidade da fé no Mestre Jesus. Por isto, Nosso Senhor “obrigou” os discípulos a iniciarem uma viagem sem a Sua presença física. Um detalhe: antes do milagre da partilha dos pães e peixes, os discípulos tinham sugerido para Jesus “despedir” as multidões, agora são os apóstolos que são mandados à frente sem Jesus. Certamente, eles não queriam se distanciar da segurança que representava estar ao lado de Jesus. Mateus nos diz que neste tempo, Jesus se despede da multidão. A experiência dos pães e peixes deixou todos com uma alegria imensa que Jesus não poderia simplesmente “ir embora” sem abraçar cada pessoa. Foi a oportunidade de cada um teve de expressar o seu agradecimento e carinho a Jesus.
Longe dos discípulos (que já tinham partido) e da multidão, Jesus se retira para rezar. Oração para Cristo era estar na presença amorosa de Deus, levando o abraço de cada um e renovando a sua energia nos braços de Deus Pai. Mateus nos diz que a oração foi na profunda intimidade com Deus sem ninguém e durou toda a noite. Jesus descansava de suas atividades no silêncio da oração junto a Deus.
Durante a noite, os discípulos já estavam no meio do lago e este começa a se agitar com ondas e fortes ventos. Eles estavam acostumados com barcos e tempestades, eram pescadores habituados com a violência das águas, mas tudo se mostrava muito mais forte sem a presença de Jesus. Tinham perdido a segurança dos pescadores e a tranquilidade que tinham quando estavam com Jesus.
Quando a noite estava já terminando (horário em que a luz do sol vence a escuridão da noite), Jesus veio em direção da barca onde estavam. Aqueles homens que tinham experimentado o poder e a força de Jesus diante de tantos desafios tinham também se esquecido do rosto amoroso do Mestre Jesus. Para todos, os problemas e os desafios de uma realidade que conheciam (agitação das águas do lago) se revelaram mais fortes que a confiança em Cristo. A fé que todos possuíam ainda estava associada a sinais de poder, milagres e curas e não propriamente na pessoa de Jesus.
Estavam tão absorvidos pelos ventos contrários e as fortes ondas que nem perceberam que Jesus estava novamente próximo deles. Ao verem Jesus que caminhava sobre as águas, eles se mostraram, mais uma vez, desorientados concluindo que se tratava de um fantasma e nem se lembraram do Mestre que eles conheciam.
Para os apóstolos, quando tudo estava em ordem, era muito fácil expressar confiança e fé em Jesus. Após a ressurreição de Cristo, era necessário que os apóstolos estivessem preparados para enfrentar a ausência física do Mestre Jesus. A fé teria que ser algo que fosse além dos desafios e diversidades. Do outro lado do lago, estava a terra dos pagãos: pessoas que não possuíam a mesma fé judaica. Esta foi a missão da Igreja de Jesus desde o início: evangelizar todos os povos e nações em todos os cantos da terra.
Jesus procura tranquilizar todos afirmando ser o mesmo Mestre que conheciam e por isto, não precisavam mais ter medo. Os discípulos ainda não estavam prontos para a missão. A solicitação de Pedro mostra ainda a insegurança de todos. O pedido do apóstolo pescador é semelhante às palavras do tentador de Jesus no deserto: “Se tu és (Filho)…”. O medo que estavam enfrentando quase que tinha cancelado até as mínimas certezas sobre Mestre Jesus. Eles conheciam Jesus em diversas situações, mas não desafiando as águas agitadas do lago, caminhando sobre elas.
Mas, Jesus é paciencioso inclusive com os apóstolos e se sujeita a proposta de Pedro para ensiná-lo o que é fundamental. O apóstolo propõe ao Mestre o que Ele deveria fazer. Era uma ordem para contentar a falta de confiança nas palavras de Jesus. O Mestre teria que se sujeitar aos caprichos do discípulo para provar quem Ele era. O pedido ainda tinha uma solicitação importante: “… ir sobre as águas até junto de ti!”. Ele possui um bom objetivo final, mas o meio para realizá-lo não era nada fácil.
Pedro sai da barca no meio do lago. Com seu olhar fixo em Jesus, ele faz o mesmo que o Mestre, mas ao iniciar seu caminho, o apóstolo volta a se preocupar com o vento e as ondas. Jesus estava ali e próximo do apóstolo, mas ele dá mais importância ao que está acontecendo ao redor. Ele começa a afundar porque novamente se esqueceu do Mestre Jesus e passa a considerar o tumulto das águas algo mais importante que Jesus.
Jesus tinha convidado Pedro para ser “pescador de homens” e ele é que acabou sendo salvo (pescado) por Jesus das águas do lago agitado. O grito do apóstolo (“salva-me, Senhor!”) recoloca a confiança de Pedro no justo lugar: em Jesus. Antes o medo tinha desvirtuado a confiança no Mestre, mas Jesus toca o principal (a fé) que todos deveriam ainda aprofundar na presença e no caminho com Jesus.
Era necessário ter uma fé que não tivesse como base provas da manifestação de Deus. A fé verdadeira é aquela que não desafia, não coloca condições e nem exige caprichos para se acreditar. É necessário confiar e depositar toda certeza em Jesus, mesmo que o mar da nossa vida esteja agitado e o barco de nossa fé esteja constantemente atingido por ventos contrários e fortes ondas. É fundamental uma fé que sinta a presença de Deus desde a brisa do vento (1.ª leitura), no ar que respiramos, nas coisas pequenas e quase insignificantes da vida, pois Deus está sempre junto de nós.
A missão da barca de Jesus (sua Igreja) sempre terá todos os tipos de diversidades e desafios. Mas, é fundamental recordar que Ele é que está na direção de tudo, está sempre conosco e quer nos guiar. Como discípulos, nós devemos fazer o máximo que podemos para que todos possam experimentar a mesma fé e o mesmo amor de Deus que vivenciamos. Paulo revela sua dor e sofrimento por tantos irmãos de fé judaica que negavam Jesus como Salvador da humanidade. Cabe a nós que estamos hoje na barca de Cristo, recordar que Ele está sempre conosco, nos guia pelo mar agitado da vida e nos protege sempre, independentemente de qualquer situação em que o mundo esteja, basta não perder o olhar naquele que possui todo poder sobre todas as coisas.
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