#Reflexão: 19º Domingo do Tempo Comum (Ano B – 8 de agosto)

6 de agosto de 2021

A Igreja celebra neste domingo (8), o 19º domingo do tempo comum. O padre Dirlei Abércio da Rosa nos ajuda a refletir e rezar a liturgia deste dia.

Leituras:

1ª Leitura – 1Rs 19,4-8

Salmo – Sl 33,2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 9a)

2ª Leitura – Ef 4,30-5,2

Evangelho – Jo 6,41-51

JESUS É O ALIMENTO DE VIDA ETERNA

Na primeira leitura deste Domingo, Elias recebeu de Deus um alimento especial e sobrenatural. O pão e a água não somente saciaram a fome e a sede do profeta, mas proporcionaram energia e força para continuar sua jornada pelo deserto por quarenta dias e quarenta noites. Este alimento físico e espiritual de Elias nos lembra o maná que o próprio Deus deu ao seu povo durante o período do povo também no deserto.

Jesus, no Evangelho de João que estamos lendo, procura aprofundar o tema sobre o que é fundamental pra vida. Diante da necessidade humana, Jesus nos ensinou sobre a partilha: solução para a fome do mundo. Mas, é necessário ir além das coisas materiais. Há um alimento que dá a vida eterna para a humanidade.

A fé em Cristo foi o momento decisivo para acontecer o milagre da partilha dos pães e peixes. Diante da fome, a solução não veio de uma ideologia sobre a divisão de bens, mas da partilha a partir da fé.

O maná no deserto foi oferecido por Deus de uma forma milagrosa; no milagre da multiplicação dos pães e peixes, Jesus nos ensina que podemos multiplicar este milagre, não esperando que tudo caia dos céus, mas que brote de nossas mãos, através de nossa partilha. Foi um milagre feito em parceria, onde entramos com os nossos dons através da partilha e Jesus com suas mãos multiplica e todos ficam saciados. Ninguém perde o que é necessário quando coloca nas mãos de Jesus, pelo contrário, todos se alimentam, ficam saciados e ainda sobra.

Nos dois casos anteriores: Maná (domingo passado) e Elias (1ª leitura de hoje), somente com a intervenção de Deus, todos ficaram saciados. Com Jesus não é diferente, pois Ele e o Pai são um só. A relação entre Jesus e Deus é expressa em uma linguagem humana bem conhecida: da paternidade. Os homens podem dar aquilo que está em sua natureza limitada, somente Deus é capaz de dar alimentos capazes de não somente saciar as necessidades humanas, mas de dar a vida eterna. Jesus aproveita o milagre da partilha dos pães e dos peixes para falar de Si próprio e do dom maior que iria oferecer: um alimento capaz de dar a vida eterna.

Mas, o povo entendeu tudo ao contrário. Eles queriam Jesus somente como rei, isto é, alguém poderoso como os reis deste mundo. Alguém que eles poderiam recorrer sempre que precisassem de alimento deste mundo. A relação que procuravam construir com Jesus era algo somente no nível humano e conforme as necessidades do corpo. Jesus procura aprofundar tudo que Ele tinha feito. Um rei pode dar somente algumas coisas deste mundo e nada mais. Nosso Senhor veio oferecer algo que dura em eterno.

Ao ouvir Jesus falar de sua relação com Deus Pai e que veio do céu, a multidão começou a murmurar, primeiro contra Jesus e depois, entre si. Queriam fazer Jesus como rei deles e assim, conseguir pão em abundância. A relação que criaram com Jesus foi somente segundo a lógica e a necessidade que possuíam. Eles acreditavam em Cristo somente como alguém para ser monarca, mas não igual a Deus. Eles acreditavam naquilo que viam e conheciam de Jesus (filho de José e Maria), consideravam Cristo como alguém capaz somente de ser rei para dar pão quando precisassem, mas quando Jesus convidou a todos a ir além das aparências e necessidades humanas, todos começaram a murmurar, pois era necessário acreditar realmente em Jesus como Ele é e não como eles queriam que Jesus fosse (um rei que enche a barriga de todos).

Acreditar em Jesus é a condição fundamental para tudo acontecer na vida de uma pessoa. O milagre da partilha dos pães e dos peixes somente aconteceu quando alguém acreditou em Jesus como alguém que iria fazer algo por todos. Fé não é algo que nós “criamos” com nossos critérios para se aproximar de Jesus, mas acreditar Nele que é capaz de tudo, mesmo quando nada está conforme nós desejamos. A fé em Cristo não transforma o mundo como eu desejo, mas me ajuda a enfrentar o mundo com seus desafios e problemas.

Aquelas pessoas criaram uma fé em Jesus ao modo delas: um rei para saciar a todos de pão e nada mais. Jesus convida todos a deixarem este modelo pessoal de fé e mergulhar em seu amor e em sua misericórdia, pois Jesus jamais decepciona. Assim, fundamental é acreditar em Jesus como Deus, pois Ele é o caminho e o destino do mundo. Novamente, tudo tem sua força e misericórdia no coração de Deus Pai com Jesus.

Neste caminho de fé apresentado por Jesus, Ele começa a preparar todos para o maior dom deixado neste mundo para aqueles que creem nele: A Eucaristia. Este dom divino é capaz de alimentar espiritualmente todos, pois é o próprio Jesus presente nele. Todos os alimentos dados (inclusive o maná) foram limitados, apesar de serem especiais. A Eucaristia será diferente, pois ela é capaz tornar eterna a nossa vida. Não se trata de um alimento qualquer, mas o próprio Senhor Jesus presente no pão e no vinho consagrados.

Assim, não acreditar na presença de Jesus na Eucaristia é não acreditar no próprio Senhor Jesus. Ele não diz algo vago ou simbólico, mas algo decisivo e profundo: Ele é o pão vivo que dá a vida eterna. A Eucaristia, assim, é o próprio Jesus presente em nosso meio; um alimento que nutre muito mais do que o corpo; ela fortalece e inunda a alma de graças especiais capazes de dar vida eterna a quem dela se aproximar.

Paulo convida a comunidade dos cristãos de Éfeso a uma vida plena de alegria, não obstantes os sofrimentos e desafios, perseguições e desavenças, pois ele sabe que aquele que recebe Jesus em seu coração não pode se sentir triste e desamparado, pois o próprio Senhor Jesus se torna parte da pessoa que passa ser morada de Deus. Peçamos sempre este dom da Eucaristia que nos ajuda a superar nossos pecados e já obter para nós aquilo que é promessa decisiva feita por Jesus: a Vida Eterna.

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