#Reflexão: 25º Domingo do Tempo Comum (24 de setembro)

18 de setembro de 2023

A Igreja celebra o 25º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (24). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 55,6-9
Salmo: 144(145),2-3.8-9.17-18 (R. 18a)
2ª Leitura: Fl 1,20c-24.27a
Evangelho: Mt 20,1-16a

 

Acesse aqui as leituras.

 

MEUS PENSAMENTOS NÃO SÃO COMO OS VOSSOS PENSAMENTOS

Sabemos que o modo de agir de Deus é algo que nem sempre conseguimos compreender. Enquanto nós vemos alguns fatos e analisamos alguns elementos, somente Deus é capaz de saber todas as nossas necessidades e a nossa história.

O profeta Isaías descreve muito bem como é o modo de agir de Deus. Nosso Deus sempre se deixa encontrar, basta buscá-Lo. E o modo de realizar isto é abandonando todo mau comportamento e a vida de pecado. Já se começa a buscar Deus quando se deseja mudar de vida. Mas, o fundamental é ir de encontro ao Senhor. Isaías, no entanto, nos alerta que é necessário entrar na lógica e no modo próprio de agir de Deus que não é somente diferente do nosso jeito de fazer as coisas, mas é muito superior e mais profundo. Somente Deus nos conhece com profundidade; somente Ele é capaz de nos dar muito mais do que merecemos e que nossas leis nos oferecem. O exemplo concreto e profundo sobre o modo de agir de Deus, nós encontramos na parábola que Jesus conta neste domingo.

O Evangelho deste domingo possui uma ligação importante com o texto que o precede. Nesse, temos a passagem de um jovem rico que, por apego aos seus bens, não consegue responder favoravelmente ao convite de Jesus. O triste apego aos bens deste mundo. Assim, Jesus demonstra em uma parábola como se pode dispor dos bens deste mundo.

O personagem principal da parábola do Evangelho de Mateus é apresentado por Jesus como um proprietário muito diferente e superior a qualquer outro. Comporta-se como alguém que possui uma necessidade pessoal (trabalhadores para sua vinha), mas aproveita desta para ir além das normais conhecidas por todos. Ele age acima das regras e da lógica humana.

Jesus descreve o dono da vinha como um “homem patrão de casa”, ou melhor, “um pai de família”. Não é somente um “empresário” interessado em contratar operários, mas alguém ligado, em parte à própria realidade dos trabalhadores. Algo já estranho se escuta no início da parábola: O próprio dono da vinha é que sai para chamar operários, o normal era isto ser feito por encarregados. Isto revela a urgência do trabalho a ser realizado, por isto, o patrão mesmo é que se apressa em chamar os trabalhadores.

Os operários estão desocupados não por motivo de preguiça ou desinteresse, mas porque ninguém quer contratá-los. Mas, o dono da vinha chama a todos e ajusta aquilo que era a paga normal: um denário. Este salário era aquilo que se pagava por um dia de serviço e que era suficiente para um trabalhador manter sua família, assim, era um salário justo e um dia de trabalho bem remunerado.

A partir deste primeiro grupo, o dono da vinha se mostra como alguém muito mais preocupado pela realidade dos trabalhadores do que da sua vinha propriamente. Além dos primeiros trabalhadores nas primeiras horas do dia (6:00 da manhã), tudo se repete em outros momentos: na terça hora (9:00), na sexta hora (12:00), na nona hora (15:00) e por fim, na undécima hora (às 17:00). Com os primeiros operários (6 da manhã), fica claro a forma de pagamento (um “denário” = uma moeda de prata), para os outros, há um suspense em relação à forma de pagamento (“salário justo”). O importante é que todos foram acolhidos na vinha para o trabalho.

Na parábola, a história das pessoas e suas necessidades são mais fortes do que o próprio trabalho. Talvez outro patrão teria já contratado o número de operários que necessitaria já nas primeiras horas e depois teria passado o dia junto com eles na plantação. Este patrão percorre outros lugares e continua contratando mais trabalhadores.

Na hora do pagamento, segundo Jesus, no final do dia, todos se reuniram para receber pelo trabalho realizado. De propósito, o dono da vinha manda pagar pelo serviço realizado começando pelos últimos (se ele tivesse feito o contrário, talvez não teria criado nenhuma murmuração). Os primeiros que enfrentaram o dia de sol e de trabalho duro tiveram que esperar ainda um pouco mais para receber pela jornada de trabalho. Estranhamente, o encarregado – seguindo as ordens do dono da vinha – dá aos últimos que trabalharam somente uma hora, o mesmo salário de um dia de serviço. Quando os últimos receberam o mesmo salário de um dia de serviço (um denário), se sentiram “injustiçados”, pois o patrão tratou a todos como iguais.

As palavras destes últimos revelam o modo comum e “justo” naquele tempo de se remunerar por um trabalho realizado. O critério é o tempo de serviço (todo o dia, 12 horas de trabalho) e o sacrifício realizado (debaixo do calor do sol). Os primeiros contratados não sabiam nada da vida dos operários de última hora (contratados às 5 da tarde) e nem estavam interessados em suas necessidades, mas julgaram o dono da vinha colocando eles mesmos como centro e critério de justiça. Os primeiros operários se sentem injustiçados não porque o salário combinado não foi pago, mas porque os últimos (os das 5 da tarde) foram tratados do mesmo como os primeiros (os das 6 da manhã).

Neste momento da parábola, Jesus muda o nome do proprietário da vinha e chama-o de “Senhor”, uma clara menção que nos ajuda a entender que se trata de Deus Pai. Mas, o Senhor da vinha procura raciocinar com os primeiros que nada do que foi combinado com eles deixou de ser realizado. Primeiramente, chama um deles de “amigo”. Não obstante as murmurações, o dono da vinha não muda seu modo de tratar os trabalhadores. Depois, recorda aos primeiros, o critério fundamental de justiça e aquilo que o Senhor (Deus Pai) tinha combinado com eles e todos receberam conforme o contrato no início do dia. Eles deveriam ter ficado alegres, pois tiveram oportunidade de trabalhar e receber o que necessitavam para suas famílias.

O senhor, em seguida, pede que se retire e retorne para sua família. O Proprietário da vinha se mostra muito mais preocupado com as pessoas do que com as regras e os pensamentos de cada um. Ele possui seu próprio modo de ver as necessidades de cada pessoa.

A lógica de Deus é conceder a cada trabalhador o que ele necessita para sua família e não aquilo que é segundo as regras humanas e a nossa lógica. Ele dá o melhor de si para que cada um tenha o que é digno. Ele não é injusto em relação aos primeiros trabalhadores (os das 6 da manhã): Ele é misericordioso e generoso em relação aos últimos (os das 5 da tarde). Deus não paga, Ele doa! Aos últimos como dos demais que trabalharam menos, não foi só um pagamento, mas um presente!

O patrão não tira nenhum direito dos primeiros, mas, ao contrário, ele vai além do direito em relação aos últimos. Ele não é injusto, mas generoso. As leis do mundo é dar a cada um o que é de direito, que lhe pertence e foi conquistado; as leis de Deus é dar a cada um o melhor que precisa para ter dignidade.

Aos olhos de Deus, todos nós somos “operários de primeira hora”, não em mérito ao que fazemos, mas segundo o que somos. Deus não nos ama (ou nos “paga”) em base ao que fazemos, mas segundo o seu coração de Pai que ama a todos.

Na parábola, o patrão em vez de usar salários para reforçar distinções, ele os usa para expressar igualdade e solidariedade. Ao final, ele afirma que, pagando a todos eles o mesmo e os tratando como iguais, não só fez “o que é justo”, mas fez algo de bom ao modo de Deus.

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