#Reflexão: 2º domingo do Tempo Comum (15 de janeiro)

10 de janeiro de 2023

A Igreja celebra, no dia 15, o 2º domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Is 49,3.5-6

Salmo: 39(40),2.4ab.7-8a.8b-9.10 (R. 8a.9a)
2ª Leitura: 1Cor 1,1-3
Evangelho: Jo 1,29-34

Acesse aqui as leituras.

JESUS, CORDEIRO DE DEUS, QUE VEM AO NOSSO ENCONTRO

A última celebração do tempo litúrgico que tivemos ainda ligada ao Natal do Senhor foi a solenidade da Epifania (domingo passado), mas na segunda-feira, dia 9 de janeiro, tivemos também a festa do Batismo do Senhor. Para marcar o início de sua missão e vida pública, Jesus se deixou batizar por João nas águas do rio Jordão. Nosso Senhor não precisava de nenhum rito de penitência e nem havia pecado para receber o batismo de João Batista, mas naquele ritual antigo e provisório, tornou-se público e teve início o tempo novo e uma nova realidade de Deus em meio ao seu povo. No Batismo de Jesus temos a revelação daquilo que acontece em nosso Batismo: filiação divina de Deus que se apresenta como Nosso Pai.

Terminada as festividades do Natal de Jesus, iniciamos o Tempo Comum na Igreja e este ano, vamos caminhar refletindo em nossas celebrações dominicais o Evangelho de São Mateus. No entanto, na celebração de hoje, temos uma passagem do quarto Evangelho, logo após o Batismo de Jesus.

Neste domingo, o Evangelho ainda nos recorda de Jesus no rio Jordão com o Batista. O evangelista narra que é Jesus quem vem ao encontro de João. Este gesto já é algo expressivamente simbólico, pois está sempre em sintonia com o Natal (Deus que vem habitar entre nós) e será por toda a vida de Jesus: a iniciativa é sempre de Deus que vem ao encontro de cada um de nós.

No Evangelho quem fala e dá testemunho é somente João Batista. Jesus Cristo é reconhecido e indicado por João como alguém muito especial e profundamente diferente de tudo que se esperava. João não chama Jesus pelo seu nome com tantos outros qualificativos que são usados para se referir a alguém importante e ao Messias (rei, filho de Davi, Filho de Deus etc.). João aponta e testemunha Jesus como sendo “Cordeiro de Deus”.

Jesus vem ao encontro do Batista não com uma fera ou um animal feroz que se impõe e causa medo (como nos grandes impérios da antiguidade), mas como um animal conhecido por todos, pois era usado no Templo durante os sacrifícios. Jesus vai se encontrar com João (como o faz com cada pessoa), desarmado, que não tira a vida de ninguém, mas que se oferece por todos (como cordeiro); não causa medo, mas é dócil por natureza; que não espanta, mas encanta com sua bondade. João Batista tinha intuído que Jesus, realmente, não se enquadrava em nenhum esquema de messias e de salvador que nem ele mesmo esperava.

João continua seu testemunho dizendo que Jesus é alguém muito superior a ele, pois Sua história é maior que a dele (de João Batista). Sua existência coincide com a própria existência de tudo. Jesus é alguém que rompe a compreensão de tudo que conhecemos, pois, sua missão é muito mais do que algo limitado àquele tempo e àquelas pessoas. De fato, na primeira leitura, Isaías fala da missão do “servo escolhido” que deve ir além de Israel: a salvação que deverá realizar deve chegar até os confins do mundo. O profeta diz que é alguém formado por Deus desde sempre para ser luz do mundo.

No momento do Batismo de Jesus, João tinha tido a revelação de quem realmente era Cristo Jesus. Era alguém tão superior como realidade que o Batista afirma duas vezes “eu não o conhecia”. Talvez eles tivessem se encontrado na adolescência e ou na juventude, mas tudo que João sabia do seu parente Jesus eram coisas simples e sem valor; no Batismo, o céu se abriu e também a mente de João se iluminou em relação a grandeza daquele que ele batizava.

A confirmação vinda do céu (Espírito Santo em forma de pomba e a voz de Deus) foi uma revelação que João jamais conseguiria descobrir: Jesus era alguém muito maior e muito mais importante do que ele imaginava. Dessa forma, João Batista é muito mais do que aquele que simplesmente batizou Jesus nas águas do Jordão; ele é aquele que primeiro recebeu a revelação do céu e depois fez questão de anunciar apontando Jesus com o Cordeiro de Deus entre nós. O Batista diz: “Aquele que me enviou”. João é instrumento de Deus e cumpri muito bom sua missão de anunciar a chegada do Messias. Na segunda leitura, Paulo também se sente chamado para uma missão.

Diante de Jesus que vem ao seu encontro, João reconhece a diferença até mesmo em relação ao batismo que realizava. O seu era um rito de penitência para os pecados que todos reconheciam e buscavam mudar de vida. João decreta que o Batismo de Cristo é muito mais profundo e salvífico.

João Batista quando aponta e testemunha que Jesus é o Cordeiro de Deus, ele também afirma que Ele “tira o pecado do mundo”. Jesus, como Cordeiro de Deus que se deixa imolar por todos nós (conforme recordamos e celebramos na Semana Santa), cancelou tudo aquilo que impedia nosso acesso a Deus. O sacrifício da Cruz nos libertou do “Pecado” principal (observe que está no singular!) que nos impedia de nos tornarmos filhos de Deus e de herdarmos o céu como morada (no Batismo, isto tudo nos vem garantido). Por isto, João acrescenta que o Batismo de Cristo Jesus não será o mesmo que o seu, mas “no Espírito Santo”: celebrado uma única só vez e de forma definitiva. Com o Batismo, o cristão passa a ser morada da Trindade e “marcado” pelo Espírito Santo como “propriedade de Deus”.

O Batismo de penitência de João encerrou-se com o fim da sua missão. Cumpriu a sua função que era preparar as pessoas, através de um rito penitencial, para acolher o verdadeiro Salvador com o definitivo Batismo conforme a vontade de Deus. Assim, podemos dizer que o Batismo de João limpava o externo, o Batismo de Jesus penetra e transforma dentro de cada pessoa.

O “Pecado” que nos impedia de termos acesso a filiação divina, foi cancelo pelo sangue do Cordeiro, mas permanece a realidade de conversão e de penitência para os nossos pecados individuais que constantemente cometemos. Jesus vence o pecado e nos liberta da morte não da morte física, mas da morte eterna. A Salvação nos foi garantida por Jesus com a sua Paixão, Morte e Ressurreição e tudo recebemos como promessa e dom no dia do nosso Batismo, mas tudo isto precisa ser conservado e cultivado durante a nossa existência neste mundo. É um dom que precisa ser aceito e desenvolvido em uma vida de santidade e constante conversão. Por isto, precisamos ainda de muita penitência e arrependimento, como no tempo de João Batista, para que possamos cada vez mais sermos merecedores de tudo que Jesus Cristo realizou por todos nós.

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