#Reflexão: 2º Domingo do Tempo Comum (16 de janeiro)

10 de janeiro de 2022

A Igreja, neste domingo (16), celebra o 2º Domingo do Tempo Comum. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 62,1-5

Salmo – Sl 95,1-2a.2b-3.7-8a.9-10a.c (R. 1a.3b)

2ª Leitura – 1Cor 12,4-11

Evangelho – Jo 2,1-11

Acesse aqui as leituras.

 

AS BODAS DE CANÁ

No domingo passado, recordamos o início da vida pública de Jesus, que tem seu ponto de partida com o Batismo que Ele recebeu de João Batista. Com Jesus, todas as promessas de Deus começaram a se realizar para o povo de Deus. Entre tantas, Jesus procurou desfazer a imagem de Deus severo, distante e frio, que todos conheciam, mostrando que nosso Deus é próximo e Pai de todos.

Isaías, na 1ª leitura, nos diz que o nosso Deus é irrequieto em relação ao seu povo. Procura resgatar de todos os modos, recuperar e animar seus filhos, apesar da imensa dor e sofrimento que todos ainda estavam enfrentando com a destruição promovida por povos estrangeiros. Nosso Deus prometeu um compromisso pleno e duradouro, da mesma forma quando um casal celebra seu matrimônio.

Bodas de Deus com seu povo, talvez, essa tenha sido a motivação do evangelista João ao narrar o primeiro sinal público de Jesus, não pregando e realizando milagres entre os pobres e doentes, nem mesmo participando de uma celebração, mas em uma festa de matrimônio.

Para as Bodas do Evangelho, tudo estava preparado e tudo indicava que se tratava de uma família importante pela quantidade de talhas para purificação de todos. Os noivos até contrataram um mestre de cerimônias. Todos os convidados já estavam festejando o casamento e a Mãe de Jesus estava no local. Jesus é mencionado como alguém que se somou aos outros convidados. Sua mãe é que tem atenção dos noivos.

O casal, os principais do casamento, pouco aparece. Há todo um movimento de outras pessoas (Maria, Jesus e os servos) que descobrem o problema e procuram uma solução. Quem preparou as Bodas foi duplamente ineficiente: em relação à quantidade de bebida e não percebeu ainda o que estava por acontecer.

A “festa” na Bíblia é sempre um sinal de felicidade entre as pessoas que festejam e, juntos, se alegram. O “vinho” expressa sempre a alegria que o ser humano é chamado a viver neste mundo: ter vinho e consumi-lo é sempre sinal de tranquilidade, de conquista através do trabalho humano que culmina com banquete e bebida. Porém, o casal estava próximo de um vexame com a possível falta de vinho. Nem tudo estava perfeito no casamento. A Mãe de Jesus estava atenta a tudo e se moveu para resolver o problema. Ninguém ainda conhecia Jesus, mas sua mãe, sim! Ela apresentou a questão ao seu Filho. Maria representou todo Israel que acreditava nas promessas de Deus e pedia incessantemente por sua gente. Jesus respondeu, procurando conter a ansiedade de sua Mãe, mostrando que tudo tem seu tempo. Ademais, aqueles que eram os responsáveis e os noivos (os principais interessados) nada pediram a Ele. Porém, qual filho deixa de atender um pedido de sua mãe?

As palavras de Maria são o centro de toda história: “façam tudo que Ele pedir”! João nos informa haver lá seis jarros para a purificação conforme o costume dos judeus. Estavam vazios (já cumpriram sua função). Eram de pedras (difíceis de serem movidas) e utilizadas, normalmente, no Templo para os rituais de purificação. O casamento foi realizado seguindo todos os costumes judaicos, mas não foi suficiente para dar a alegria perfeita para o casal, pois o vinho estava por acabar. Aqui temos a dica que não se trata somente de um casamento para o evangelista João, mas esse casamento representava a própria situação da religião da época: tudo conforme as leis, mas tudo estava por terminar sem alegria e numa grande frustração.

Os servos da festa se tornaram a peça fundamental no desenrolar da história. Primeiro, eles creram na palavra de Maria e ela solicitou que eles acreditassem nas palavras de Jesus. Os servos demonstraram serem pessoas com profunda fé, mas, principalmente, eram pessoas do serviço, pois faziam tudo: eles encheram as ânforas de água e, depois, sempre confiantes em Jesus, levaram ao mestre-sala.

O organizador do casamento descobriu se tratar de um vinho muito bom e fez um comentário com o noivo sobre a qualidade espetacular do vinho que ele achava estar escondido. Tudo aconteceu nas mesmas ânforas que estavam vazias, que Jesus pediu que fossem enchidas de água. Jesus preencheu o vazio da religião judaica. Jesus não rompeu com a religião judaica, mas veio oferecer um “vinho melhor” dentro dela.

Os dois vinhos que, segundo o Evangelho de hoje, eram usados nas festas (primeiro o bom vinho, depois um vinho inferior) recordam a própria história da religião de Israel. Tudo inicialmente foi um “vinho bom” que a religião concedia um tempo atrás ao povo judeu, mas, depois, passou a servir somente “vinho ruim” e, no tempo de Jesus, até o ruim estava acabando. Jesus é aquele que transforma água, que representa “vida”, em vinho bom. O “vinho ruim” que todos já beberam já acabara bem antes do “vinho melhor”, servido no início da festa. Jesus oferece não somente algo novo (mais vinho), mas algo melhor (vinho bom).

Jesus é o “Noivo” que prepara o “vinho novo e melhor”, é a fonte de tudo que o povo esperava. Foram usadas seis talhas de pedra. Esse número representa a imperfeição, mas Jesus é a nova fonte de toda alegria. Ele encheu as talhas antigas e se ofereceu como fonte perene e nova para o povo de Deus.

Na passagem de hoje, os noivos das bodas não foram mencionados para que tudo se concentrasse naquele que é o “Novo Noivo” para o povo de Deus. Maria representa o povo de Deus, que acredita na nova promessa que é Jesus e confia sempre em Deus, mesmo sem ver sinais: é o povo que não perdeu a esperança. Ela conclama os servos a fazem o mesmo: confiar nas palavras de Jesus. Maria é a pessoa de fé que ensina a crer em Jesus, em suas palavras, independentemente de qualquer sinal ou milagre.

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