#Reflexão: 32º domingo do Tempo Comum (12 de novembro)
A Igreja celebra o 32º Domingo do Tempo Comum, neste domingo (12). Reflita e reze com a sua liturgia.
Leituras:
1ª Leitura: Sb 6,12-16
Salmo: 62(63),2.3-4.5-6.7-8 (R. 2b) ou mais breve 4,13-14
2ª Leitura:1Ts 4,13-18
Evangelho: Mt 25,1-13
Estar sempre preparado para o encontro
Estamos próximos de terminar o ano litúrgico da Igreja e o ano civil. O Evangelho de Mateus também nos coloca diante de uma espera que termina em uma festa de matrimônio: alegria, encontros e um grande banquete. Jesus, certamente, ao contar esta parábola atraiu a atenção de todos, pois o matrimônio era um momento de grande festa pra todos. Mas, como é próprio nas histórias de Jesus, há muitos detalhes que deixaram pensativos seus ouvintes.
Jesus utiliza um costume da época em relação à realização de um casamento. O casal celebrava o noivado e depois cada um voltava para suas famílias e, cerca de um ano depois, com tudo preparado para o matrimônio, o noivo ia de encontro aonde morava a noiva e aconteciam, então, os festejos do matrimônio. Quando o noivo se aproximava da casa da noiva, um cortejo era montado tendo a noiva a sua frente com moças do vilarejo, neste caso, aquelas que ainda não se casaram (“virgens”). Os ouvintes de Jesus conheciam e assim faziam quando celebravam um casamento, mas na parábola de Jesus, alguns aspectos são diferentes.
A parábola foi contada por Jesus para explicar o que é o Reino dos Céus (“Reino de Deus”). O noivo que era esperado por todos, mas ele se atrasa. Na história de Jesus não tem a noiva, mas somente as jovens que acabam que dormindo por causa do atraso do noivo. Este início da parábola retrata muito bem uma ideia que surgiu depois de décadas da fé cristã. Todos deste o início acreditavam que a vinda de Jesus seria logo, mas com o passar dos anos, muitos começaram a duvidar e a desanimar: a esperança estava se apagando entre muitos cristãos.
As leituras sugerem o tema do encontro: da Sabedoria com cada pessoa (1ª leitura); de Jesus em um momento da história que virá ao nosso encontro (2ª leitura); e as 10 virgens que saem ao encontro da noite (Evangelho). Segundo Jesus, o grupo com dois tipos de jovens moças que sai para encontrar-se com o “noivo” (Jesus) quando Ele chegasse, possui alguns pontos em comum, mas foram as diferenças que determinaram o resultado final da história. Todas saem esperançosas pelo encontro, levam consigo inclusive lâmpadas (espécie de lamparinas) para ir ao encontro do noivo se ele chegasse ainda durante a noite, ficam a espera juntas e acabam adormentando todas ao mesmo tempo. Jesus diz, no entanto, que a metade também levou óleo a mais em pequenos vasos, prevenindo-se em caso de um possível imprevisto ou atraso do noivo.
As 10 virgens iniciaram uma espera e possuíam uma expectativa que era igual para todas: ir ao encontro do noivo, mas o óleo em suas lâmpadas não foi suficiente para um período mais longo de espera e para toda a noite. Na parábola, o encontro com o noivo que elas esperavam acontece no momento onde a noite é mais profunda (meia noite), quando se tem a impressão que o escuro impera e tudo já está em silêncio.
Nesta espera pelo “Noivo” que virá, muitas dificuldades se apresentam e os desafios a serem vencido são muitos, mas quando se tem “óleo suficiente” mesmo que o cansaço caia e o sono chegue sobre todos, mesmo que a noite se imponha sobre tudo e todos, no momento justo, o “óleo” de reserva será suficiente.
Jesus continua a parábola dizendo que no momento que o “noivo atrasado” chega, todas se levantam e correm ao encontro dele. Mas, para recebê-lo e juntos (as virgens e o noivos) entrarem no local da festa e do banquete, era preciso ter as lâmpadas acesas. Assim, elas o reconheceriam e ajudariam no cortejo até onde seria a festa. Com as lâmpadas acesas poderiam caminhar sem medo, cantando e se alegrando com o Noivo pelo momento tão esperado.
Vem-nos, naturalmente, a pergunta: O que, afinal, é este “óleo de reserva”? Todas possuem as lâmpadas e nelas o óleo em seu interior, mas segundo a parábola é preciso alimentar a chama sempre, principalmente quando as duas realidades opostas se encontram: de um lado aquele que Vem para a festa (Noivo) e de outro lado, a noite com sua escuridão.
No momento esperado, as moças prudentes colocam o óleo de reserva em suas lâmpadas e a quantia é suficiente para retornarem durante a noite para o local da festa. Surge o primeiro drama da parábola: as virgens prudentes percebem que não é possível compartilhar o óleo de reserva, pois assim, as 10 não conseguirão acompanhar o cortejo com o Noivo. Todas tiveram a mesma chance de se encontrar com o noivo e sabiam do risco do atraso. As cinco moças prudentes, no entanto, não pensaram somente em algo para certo tempo, mas levaram óleo para perseverarem na espera até o final: o momento do encontro com o noivo.
Na primeira leitura, o autor do livro da Sabedoria fala da importância da sabedoria em nossa vida. Ele descreve como algo próprio de Deus, mas que todos devem procurar. Ela é mostrada como se fosse uma pessoa que nos espera e vem ao nosso encontro. Ela nos ajuda a perceber o que é justo, o que é fundamental e aquilo que nos garante como importante para a nossa vida. Em nossa existência, nos deparamos com inúmeras situações e temos que fazer escolhas importantíssimas, pois o nosso destino é definido pelas escolhas que fazemos em nossa história. As cinco virgens prudentes sabiam de sua missão, mas não se limitaram a algo por um tempo somente: se preveniram para que nunca faltasse o óleo necessário para se encontrar com o Senhor.
Na parábola, as virgens prudentes não tiveram como dar aquilo que cada uma deveria ter consigo sempre. Elas, no entanto, sugeriram às imprudentes que tentassem, no meio da noite, arranjar o óleo que deveriam ter sempre. A nossa fé (a chama da lâmpada) é alimentada pela nossa esperança (óleo). Elas estão profundamente interligadas e são fundamentais para que permaneçamos na expectativa de um dia também nós, tendo que passar pela “meia noite” encontrarmos o Senhor que vem ao nosso encontro. Tudo tem seu momento certo de acontecer (como nos diz Paulo na segunda leitura), por isto não podemos deixar de estar preparados com nossa chama da fé sempre acesa alimentada pela nossa esperança.
A parábola inicia com a bela imagem de jovens que desafiam a noite para se encontrar com o noivo. Saem alegres, mas com o passar das horas, encontram o cansaço da espera e o sono de uma expectativa que não se realiza. Como muitos cristãos no início da Igreja que se animavam por uma solução imediata de tudo (2ª manifestação de Jesus), mas com o tempo, se cansaram e adormeceram. Os dois grupos de jovens moças se diferenciam em um aspecto fundamental: as imprevidentes demonstram ter uma convicção em suas crenças, que tinham tudo sob controle, que tudo iria acontecer conforme esperavam; as virgens prudentes, se preveniram, levaram mais óleo. Com o tempo é preciso recorrer ao “óleo de reserva” (nossa esperança) que não tem como ser dividido, pois é pessoal e cada um tem que reabastecer sempre. Como na parábola, o tempo para encher nossas lâmpadas pode ser a qualquer momento, até mesmo no meio da noite.
Assim, o reino dos céus, o mundo como Deus sonha, é semelhante aos que “vão de encontrar”, é semelhante a dez pequenas luzes à noite, a pessoas corajosas que se colocam na estrada e que desafiam a escuridão e o atraso do seu sonho. É de quem tem a esperança no coração, porque aguarda alguém, “um Noivo”, um pouco de amor em sua vida e o esplendor de um abraço no meio da noite. Todas acreditavam nisso! Mas, todas adormeceram. Porque o esforço de viver, o esforço de desbravar as noites em nossa vida de fé, nos leva a momentos de abandono, de sonolência, talvez até de desistir de tudo. A parábola então nos conforta: uma voz sempre vai nos despertar. Não importa se você adormece, se estiver cansado, se a espera for longa e a fé parece secar. Uma voz virá! Até mesmo no auge da noite e a voz de transformará em luz para todos! (Ermes Ronchi).
Jesus termina a parábola com duas cenas contrastantes: de um lado, o início da festa com as moças que conduzem o Noivo para o local do banquete; de outro lado, a realidade das outras virgens que tentaram arranjar, na última hora, óleo para também acolher e conduzir o noivo, mas tudo foi em vão.
O óleo que conduziu as virgens prudentes ao banquete foi preparado com antecedência, ao longo da vida, através de uma fé e esperança com cada escolha e cada momento de suas vidas, assim, elas tiveram o suficiente para receber, conduzir e festejar com o “Noivo”. As outras cinco correram na última hora para ter o óleo suficiente, mas foi tarde de mais. Não basta chegar com “óleo necessário” no último momento, pois pode ser que o tempo do encontro passe e a pessoa ainda se encontre tentando “comprar óleo” no meio da noite.
A palavra final do noivo encerra a história com um veredito que ilumina a parábola: “não vos conheço”. A forma de nos fazermos conhecer por Jesus que vem ao nosso encontro é cultivar uma vida de fé e esperança, esta é a melhor maneira de mantermos os nossos vasos sempre cheio de óleo. Não é suficiente ter “momentos” ou “circunstâncias” de fé e esperança, pois pode-se correr o risco de no momento justo, não nos encontrarmos preparados com o óleo da esperança quando o Noivo vier.
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