#Reflexão: 4º Domingo da Páscoa (08 de maio)

3 de maio de 2022

A Igreja celebra, no dia 08, o 4º Domingo da Páscoa. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura:
At 13, 14. 43-52
Salmo: Sl 99, 2.3.5 (R.3c)
2ª Leitura: Ap 7,9.14b-17
Evangelho: Jo 10,27-30

Acesse aqui as leituras.

 

JESUS BOM PASTOR QUE DÁ SUA VIDA POR TODOS

            Jesus no Evangelho deste domingo se apresenta como “Bom Pastor” (o texto que lemos é a parte final do trecho de Jo 10,11-30). “Eu sou o Bom Pastor” é o título mais desarmado que Jesus procurou aplicar a si mesmo, pois não possui nenhum poder e ao mesmo tempo todo serviço que Ele veio prestar a todos deste mundo. Mas, Cristo não é um pastor comum, Ele é o “Bom Pastor”: o melhor de todos e único.

            No trecho final do Evangelho, temos um resumo de como Jesus se imagina como Pastor da humanidade e principalmente, o que diferencia Ele de outros pastores.

            Um primeiro destaque é a forma de relação entre Jesus, Bom Pastor e suas ovelhas: tudo acontece como grupo e não em caráter pessoal: “escutam minha voz”, “me seguem”, “elas jamais se perderão”… A salvação conquistada por Cristo é um dom a cada pessoa deste mundo, mas a sua ação como Pastor acontece de modo comunitário. Neste mundo, cada pessoa é chamada a ser guiada não individualmente, mas como grupo (Igreja) e rebanho do Senhor. Seria errado imaginarmos Jesus como um Pastor para cada pessoa, pois a direção é comum a todos, o caminho de Salvação é o mesmo que todos devem seguir. Ademais, não é Jesus quem deve se colocar à frente dos meus passos como guia e seguir as minhas escolhas, mas sou eu (cada pessoa) que deve seguir o Pastor. Ele é quem mostra o caminho e vai à frente e nós devemos nos colocar logo atrás e segui-Lo.

            Jesus nos guia com sua palavra, Ele nos fala e por isto, distinguimos sua voz de todas as outras vozes. Ele é nosso guia através de seus ensinamentos e principalmente por meio de Sua Palavra. Mais do que Mandamentos e preceitos, é fundamental escutar sua voz. As leis não devem sobrepor a ninguém, mas a voz de Jesus como Pastor. Nesta relação fundamental, as pessoas que compõem o rebanho do Senhor, são todos aqueles que se colocam em relação com Nosso Senhor acolhendo sua Palavra e colocando em prática seus ensinamentos. É a relação tão desejada por Cristo que é a de Mestre e do discípulo. Ele fala a todos e como “rebanho do Senhor”, mas sua palavra é acolhida como alimento por cada um.

            Jesus continua apresentando sua relação profunda com o seu rebanho: O segundo aspecto é: “Eu as conheço”. O verbo “conhecer” na Bíblia tem sentido de profunda intimidade como uma relação entre os esposos. Fazemos parte do rebanho de Cristo, mas sua relação é profunda e pessoal. Um pastor comum trata todos de um único modo, pois não pode “gastar tempo” com cada ovelha; com Jesus é tudo diferente. Somente Ele é capaz de nos conhecer individualmente e por isto, quando nos guia, Ele tem em mente as necessidades espirituais de cada um que compõe o seu rebanho. A sua relação não é de massa ou “por atacado”, mas suas Palavras e sua relação toca cada pessoa. Guiando seu rebanho (todos nós), Ele tem em mente todos os nossos desafios e necessidades como rebanho, como também os riscos e problemas que enfrentamos, pois Ele venceu todos, assim, basta ao rebanho acolher e confiar em sua direção.

            O quarto aspecto é que todas as suas ovelhas O seguem. O seguimento de Jesus é algo dinâmico (sem em movimento) e não algo parado ou intimista. Jesus quer ser Pastor não dentro do cercado onde se encontram suas ovelhas, ou seja, na Igreja, mas no mundo, enfrentando juntos os desafios de sermos discípulos de Cristo colocando em prática seus ensinamentos. Jesus quer nos guiar e não somente nos acudir em nossas necessidades; Ele quer mostra o caminho e não somente curar nossas feridas; Jesus quer nos conduzir e nos proteger quando nos colocamos a serviço uns dos outros, quando promovemos o amor e a caridade como Ele mesmo nos ensinou.

            Com estas palavras, Jesus esclarece que a sua missão não se encerrou neste mundo com sua subida aos céus, mas Ele continua e quer ser nosso guia durante todo tempo que durar a nossa história. Jesus prossegue descrevendo como é a sua relação com o seu rebanho e o que O torna diferente de outros pastores. Ele dá sua vida, a vida Eterna, como nos mostra a segunda leitura. Qualquer outro pastor, o máximo que consegue é providenciar bens materiais para a subsistência de suas ovelhas, Jesus nos dá a vida eterna e por isto, as ovelhas jamais se perderão. Jesus é Pastor que não rouba nada de ninguém, não explora e nem se interessa por nada de material, pelo contrário, Ele próprio é que nos dá, mas não coisas materiais, mas sim, o dom da eternidade. Os mitos de deuses pagãos mostram que eles não concedem de nenhum modo a eternidade a seus seguidores; Jesus é diferente: Ele mesmo ofereceu gratuitamente sua vida e a eternidade a todos nós.

Nenhum poder neste mundo é capaz de roubar nada do Bom Pastor, somente Ele é capaz de doar livremente tudo a todos. O pastor é a força do rebanho. Em situações normais quando o pastor é morto, as ovelhas se veem abandonadas e se tornam presas fáceis dos lobos que atacam e matam o rebanho. Mas, com Jesus e o seu rebanho foi o contrário. A vida dada a todos e o seu sangue derramado não enfraqueceu o seu rebanho, mas transformou aquelas ovelhas do primeiro rebanho em novos pastores. Seguir realmente a voz do Bom Pastor torna cada pessoa forte e capaz de vencer o mal, pois o Pastor Jesus jamais se ausenta de suas ovelhas.

            As ovelhas de Cristo devem estar atentas em relação àqueles que se apresentam como “Novos Pastores”. Jesus não tem somente boas propostas, mas uma vida de testemunho de amor; os falsos pastores são pessoas somente da palavra, mas não do exemplo; propõem para os outros, mas não colocam em prática o que ensinam. Olham as pessoas, mas enxergam vantagens pessoais. Constroem relações de acordo com as vantagens que visualizam, mas os interesses terminam quando acabam os benefícios que não recebem mais. Procuram convencer as pessoas que para tudo é necessário dinheiro: uma graça, uma bênção, um benefício pessoal, um cargo, uma cura etc. Uma relação que acontece na base de troca de alguma coisa. As ovelhas são convencidas que a fé, a confiança e as graças de Deus devem ser medidas pela capacidade de dar dinheiro e fazer ofertas, como se Deus de alguma forma precisasse disso. Não, este não é o Jesus Pastor que encontramos no Evangelho!

            A salvação promovida por Jesus Cristo é expressão da gratuidade de Deus que não obriga ninguém a nada, não cobra e nem força ninguém a receber o que Ele quer doar, pelo contrário, exatamente porque é fruto do eterno amor de Deus é oferecida, doada e partilhada. Quem aceita, acolhe e escuta sua voz recebe os frutos necessários que conduzem a salvação eterna.

            No mundo, muitos se apresentam como “novos guias” e buscam conquistar o espaço que Jesus deve ter em nossas vidas. Mas, contrários a Jesus Bom Pastor, esses guias para oferecer algo, pedem primeiro; antes de doar alguma coisa, arrancam tudo que podem de suas “ovelhas”. São guias que prometem aquilo que não podem dar, pois nada possuem; iludem com situações momentâneas de prazer para esta vida, mas são incapazes de oferecer a felicidade da vida eterna já doada por nós por Jesus. Não guiam e não estão a frente, se limitam e indicar direções que eles mesmo não acreditam e nem assumem.

            Aqueles que se dispõem a ser ovelhas de Cristo, que aceitam fazer parte de seu rebanho e se deixam conduzir por sua voz, Jesus nos fala que “jamais se perderão”, pois neste mundo enfrentarão desafios e obstáculos, mas esses não estão sozinhos uma vez que quem se encontra a sua frente é o próprio Senhor Jesus. Ninguém aprecia muito o título de “ovelha”: animal que segue cegamente alguém, que não reclama; mas, ou somos ovelhas de Jesus como Bom Pastor ou alguém ocupará este lugar.

            Jesus termina seu ensinamento afirmando que o seu rebanho, na realidade é o próprio rebanho de Deus Pai, pois entre Eles a relação é perfeita e eterna: há uma única vontade e direção. Nosso Senhor reforça aquilo que disse anteriormente: “ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai”. Estamos em “mãos seguras”! Cristo nos dá toda segurança, mas é fundamental que cada um se disponha a fazer parte do seu rebanho, acolher sua voz e se deixar guiar por seus ensinamentos.

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