#Reflexão: 4º Domingo da Páscoa (21 de abril)

17 de abril de 2024

A Igreja celebra o 4º Domingo da Páscoa, neste domingo (21). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 4,8-12
Salmo: 117(118),1.8-9.21-23.26.28cd.29 (R. 22)
2ª Leitura: 1Jo 3,1-2
Evangelho: Jo 10,11-18

Acesse aqui as leituras.

ESCUTAR E SEGUIR JESUS, BOM PASTOR   

A Igreja sempre no IV domingo da Páscoa celebra uma das mais belas imagens que o próprio Jesus aplicou a si mesmo: Bom Pastor. Pastor que cuida de suas ovelhas é uma imagem presente desde o Antigo Testamento. Nasce com Davi, rei pastor, passa pelos profetas e, por fim, o próprio Jesus também utiliza para si. Esta profissão era comum para o povo do tempo e da região de Jesus. Eles não eram bem vistos, pois precisavam deslocar suas ovelhas por pastos que não eram deles e levavam seu rebanho para beber água em rios que estavam em outras propriedades.

O pastor com seu pequeno rebanho, no entanto, era a imagem da profunda relação que existia entre os animais e o seu dono. As ovelhas são animais sem muita visão, medrosas e completamente indefesas, facilmente vítimas de qualquer animal feroz. Sobrava somente para elas a audição para confiar. Do rebanho, o pastor tira todo o seu sustento: lã para roupas, o leite, o queijo, a manteiga e a carne. Defender o seu rebanho era garantir sua própria subsistência.

Ao anoitecer, o rebanho era reunido em um local provisório, feitos de amontoados de pedras. Era comum, vários pastores reunirem os seus rebanhos em um mesmo local para se distanciar por um tempo. No dia seguinte, bastava cada pastor chamar pelo nome suas ovelhas que elas iam ao seu encontro. No Evangelho de São João, esta comparação de Jesus como Bom Pastor foi colocada logo depois da cura do cego (Jo 9). Ele escuta e crê na voz de Jesus que o cura.

Jesus afirma que o pastor comum cuida do seu rebanho e pode até defendê-lo, mas jamais daria sua vida pelas ovelhas. Jesus é um pastor diferente: Ele dá sua vida mesmo que o rebanho não esteja em perigo. Fascinante: um Deus que não pede, mas se oferece; não pretende nada de nós, mas oferece o melhor de si; não tira nenhuma vida, mas doa a sua própria. Doar-se completa e totalmente é o que diferencia Jesus dos demais pastores.

            Jesus não é só “um pastor” que possui ovelhas, mas no Evangelho de São João é um pastor que luta por suas ovelhas. Que possui um amor por cada uma a ponto de doar a sua vida de uma forma total. O Pastor Jesus assim o faz porque ama a todos. O seu amor não é um amor sentimento que vivemos em nossas relações pessoais. É um amor que chega ao ponto de doar-se completamente até a morte sem pedir nada em troca.

O mercenário

Por sete vezes no Evangelho de João, Jesus se apresenta com a expressão “Eu Sou…” (…o pão da vida; luz do mundo; …porta das ovelhas etc.; cf. Jo 6,35; 8,12; 10,7ss; 10,11ss; 11,25; 14,6 e 15,1.5). É uma forma de apresentação do Cristo Jesus presente somente no quarto Evangelho que lembra o nome de Deus do AT. A última ocorrência desta importante expressão “Eu Sou”, Jesus profere quando os soldados do Templo chegam para prendê-Lo, após Jesus perguntar: “A quem buscais?”. Ele não recua e nem foge, mas afirma sua identidade própria: “Eu sou” (no lecionário encontramos: “sou Eu”).

A expressão “Bom Pastor”, o autor São João usa um adjetivo que não significa somente “bom”, mas também “belo”. O evangelista não quis falar da bondade de Jesus como pastor, mas de sua beleza em relação àquilo que ele faz. Ele não cuida somente das ovelhas, mas conhece a todas e doa-se completamente por elas. O mercenário (ou assalariado) somente trabalha com elas e recebe o seu salário, mas não faz mais nada muito menos doar-se completamente pelas ovelhas.

O alerta de Jesus vale sempre para os dias atuais: há muitos que se colocam como pastores de pessoas, dizem coisas de Deus, mas não querem saber de se doar completamente pelo seu rebanho. Recebem tudo, mas jamais serão capazes de doar a vida por cada ovelha do seu rebanho. Como Jesus afirma, são “mercenários” fazem tudo somente pelo dinheiro que o rebanho pode oferecer. Ao abandonar suas ovelhas, tornam-se iguais ao lobo (o mal) que devora e mata.

Em seguida, Jesus descreve quem é o verdadeiro pastor: “ele chama as ovelhas pelo nome”. A relação do pastor com as suas ovelhas, é algo pessoal: ele conhece cada uma. Tratar as pessoas como números não cria ligação e nem afeto. Chamar pelo nome representa uma profunda ligação entre eles. Após chamar pelo nome, “elas saem do local”. O pastor não quer que as ovelhas fiquem no local (numa segurança de pedras), mas convida a caminhar com Ele, por isso, chama cada uma para sair e se deixar guiar por Jesus.

O Pastor tira as ovelhas daquele local, reúne o seu rebanho e caminha a frente dele. As ovelhas que o conhecem e aceitam o seu chamado, fazem parte do seu rebanho e por isso, aceitam o seu comando. Com Jesus, elas caminham para abundância de água e para a vida. Mas, entre o Pastor e as ovelhas é necessário ter uma profunda confiança. Ele chama e convoca, e cada um deve decidir ir ao seu encontro.

“Ouvir sua voz”. Todos nós reconhecemos nossas limitações espirituais e muitos se deixam iludir por aquilo que veem e aquilo que encanta, mas o verdadeiro Pastor tem uma voz que deve ser diferenciada de outras vozes. Mais do que ver milagres, são os ensinamentos a “voz do pastor” que temos que aceitar.

“Ouvir sua voz e sair”. Muitas vezes, as pessoas criam locais fechados e realidades que as cercam, mas não as protegem; locais contaminados pelo pecado e às vezes até de morte (mentira, egoísmo, traições…). É preciso ouvir a voz do Bom Pastor e seguir o seu ensinamento. Além de ouvir, Jesus nos convida a nos deixarmos conduzir por Ele. É preciso caminhar, tendo Jesus Bom Pastor como guia, mas devemos segui-lo como um só rebanho. Assim, é necessário nos colocarmos como ovelhas imitando o Bom Pastor que quer o bem de todos; que unir a todos e transformar cada pessoa como um irmão e uma irmã. Um rebanho composto por diversas e variadas ovelhas que têm em comum o único Pastor Universal.

“Ser ovelha” não é algo que nos aguarda. Ovelha é um animal frágil que precisa sempre de um guia; quem indique o caminho. Todos somos um pouco “ovelhas”, seguimos alguém, algo ou ideias. Mas, só Jesus se oferece como Pastor que doa sua vida por nós. Muitas querem Jesus como Pastor, mas não aceitam que Ele realmente guie sua vida. Querem um pastor que faça mais a vontade deles, mas não aceitam que Ele os conduza realmente para aquilo que dá vida em abundância.

Na imagem proposta por Jesus no Evangelho de hoje, o Pastor guia um rebanho e não ovelhas isoladamente. Ele nos conhece, mas o seu caminho é sempre um só. Ele que vai à frente e temos que segui-lo, juntos, logo atrás dele. Mas, existem “ovelhas” que querem um “pastor pessoal”. Um pastor que siga os seus passos e que aceite o seu caminho. Não existe pastor de uma ovelha só, mas sim Pastor de um único rebanho. A estrada que o Pastor segue é uma só, nós é que temos que nos reunir como um só rebanho.

Assim, é fundamental aceitarmos ser guiados por Jesus Bom Pastor: ou seguimos Jesus ou seguimos outras pessoas ou o nosso próprio pastoreio (“eu sou o meu próprio pastor!”). Como Igreja, nós caminhamos como um único rebanho e pela igreja escutamos sua voz vivendo como irmãos e irmãs como sempre desejou Jesus e propõe em seus ensinamentos, o que ouvimos na 2ª leitura.

Muitos, ainda hoje, querem somente receber do pastor o “melhor pasto” e “água mais refrescante”, o melhor de coisas materiais, mas o que realmente promete oferecer a nós como Bom Pastor é Ele próprio, Sua vida por nós! É a experiência de fé que vemos de Pedro na 1ª leitura que redescobriu Jesus não somente como alguém com belos ensinamentos, mas um Pastora que doou sua vida por toda a humanidade, inclusive pelos seus próprios assassinos. Por isso, o único caminho de Salvação é aceitar e se deixar guiar por Jesus vivendo os seus ensinamentos.

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