#Reflexão: Batismo do Senhor (9 de janeiro)

4 de janeiro de 2022

A Igreja, neste domingo (9), celebra o Batismo do Senhor. Reflita e reze com a sua liturgia.

1ª Leitura – Is 42,1-4.6-7

Salmo – Sl 28,1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R.11b)

2ª Leitura – At 10,34-38

Evangelho – Lc 3,15-16.21-22

Acesse aqui as leituras.

 

BATIZADO PARA ANUNCIAR O REINO DE DEUS

A festa do Batismo do Senhor serve de ponte entre o Natal e o início da vida pública de Jesus. Todas as promessas da parte de Deus que foram trazidas por Jesus são atualizadas em cada Batismo que é celebrado. Através do Batismo, no Filho de Deus, todos nos tornamos filhos e filhas, irmãos e irmãs.

O Natal nos espanta pela generosidade e pela solidariedade de Deus para com toda a humanidade. Ele escolhe vir a este mundo de uma forma plenamente humana e nos revela sua a máxima riqueza em uma criança e uma família. O rosto de Deus resplandece e brilha dentro de uma família!

O profeta Isaías nos lembra do amor predileto e pessoal de Deus, que elege e cobre de afeto seu Filho amado coberto pela sua graça e, por isso, até o seu modo de proceder, profetizar e anunciar demonstram o cuidado e a misericórdia divinas. O Messias não é alguém escandaloso e nem barulhento, não extingue a esperança que ainda se mantém tênue e frágil com uma chama, mas a transforma em fogo abrasador. O amor possui essa capacidade de atingir o coração e produzir uma revolução dentro das pessoas, que, depois, é traduzido em gestos e atitudes concretas de solidariedade, como a “verdadeira religião”, a qual anuncia o profeta Isaías, que se preocupa com a pessoa humana, começando pelas suas necessidades mais elementares e básicas. Os últimos e abandonados tornam-se os primeiros. Lá onde impera a escuridão no abandono e da exclusão de tantas pessoas, onde estão os esquecidos, justamente lá, iniciará a resplandecer a nova luz trazida por Jesus Cristo.

No tempo de Jesus, havia uma grande necessidade de algo novo, profundo e acessível a todos que a religião oficial em Jerusalém não conseguia mais oferecer. No deserto e junto a um homem forte nas palavras, o povo encontrou uma nova esperança de que novamente Deus estava próximo: “Pensavam que João Batista fosse o Messias”, nos diz Lucas. Exatamente nesse contexto, João esclarece sua missão. João proclama que ele é somente uma simples amostra da força e do poder daquele que viria depois dele. É maior e mais forte, pois tudo em Jesus rompe o tempo e a história, uma grandeza que atinge todo o mundo e toda a humanidade. O batismo de João era de água e atingia somente o corpo e o desejo de mudança com o reconhecimento do pecado. Um banho (“batismo”) que preparava para a verdadeira transformação e a purificação que Jesus iria inaugurar.

A simplicidade de tudo até o momento do Batismo revela ainda mais a grandeza da encarnação do Verbo que passa quase toda uma vida (30 anos), aprendendo e convivendo com os seus para, no momento justo, iniciar sua missão. Nesse ato quase corriqueiro do batismo e entre tantas pessoas, desponta o Messias. Jesus nunca buscou privilégios, sempre esteve entre os simples. Do meio deles, Jesus se deixou batizar por João no rio Jordão.

Jesus não precisava ser batizado por João (para o perdão dos pecados), mas era necessário que acontecesse a “passagem”, na qual Ele se tornaria público; para que a missão de João se encerrasse e a missão de Jesus iniciasse. A partir daquele momento, a força redentora de Deus começaria sua missão com Jesus. De fato, se Jesus entrou nas águas como mais um a ser batizado. Ele saiu do rio Jordão diferente conforme o evangelista anuncia. João podia somente oferecer a cada penitente arrependido um rito de purificação superficial. Somente Jesus podia e pode oferecer algo que expressa a força transformadora de Deus: o fogo do Espírito Santo! Logo que Jesus deixa as águas do Jordão, os céus se abriram e Ele viu e ouviu a confirmação de Deus para o início de sua missão. Encerrava-se, assim, o batismo de João, pois Deus tinha algo muito maior para oferecer a todos: o Espírito Santo.

A experiência no momento do Batismo foi algo profundo e veio confirmar o amor de Deus para com Jesus. Com o Batismo, Deus Pai tirou Jesus do anonimato e o manifestou ao mundo. Deus Pai proclamou: “Tu és o meu Filho Amado”. A máxima relação entre Jesus e Deus na forma pessoal e íntima de se relacionar: “tu”, em uma relação profunda e de posse; “meu”, na ligação mais significativa que pode existir entre pessoas; “filho e pai”, de um jeito mais expressivo de acontecer tudo; “amado”, com a profunda relação entre Pai e Filho; “em ti ponho minha afeição”, como uma conclusão. O Batismo de Jesus é uma perfeita declaração de amor entre Deus Pai e Jesus, seu Filho.

Tudo isso não foi algo pessoal e exclusive com Jesus. Em Cristo, nos tornamos filhos no Filho e herdeiros do mesmo amor. Cada pessoa batizada recebe o mesmo tratamento e recai sobre ela o mesmo amor. Jesus não diz nada em todo o relato. Ele é passivo diante do amor de Deus e das graças do Espírito Santo, que descem sobre ele. Da mesma forma, ao ser batizado e batizada, cada pessoa recebe o mesmo amor que inunda e transforma toda pessoa. O Batismo marca o início da vida pública de Jesus. Com a confirmação e unção para a missão, Jesus inicia o anúncio da Boa Nova.

Jesus sai confirmado pelo amor de Deus para iniciar sua missão de anunciar o Reino de Deus e, depois, salvar a humanidade. O nosso Batismo deve também nos impulsionar a viver e anunciar o mesmo amor de Deus a todos que ainda não o conhecem e aprofundá-lo com os irmãos e irmãs que já o receberam. Por isso, o Batismo não se limita a um rito que termina com a celebração, mas, dali, deve iniciar uma longa missão que perdura por toda vida do cristão. Primeiro, na convivência e na partilha da fé e do amor com os pais. Depois, na missão que o cristão deve assumir e viver por toda sua vida, pois o amor de Deus não tem limite e fim, é algo que já experimentamos neste mundo e que será pleno na eternidade.

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