#Reflexão: Domingo da Ressurreição do Senhor (17 de abril)

13 de abril de 2022

A Igreja celebra, no dia 17, o Domingo da Ressurreição do Senhor, a Páscoa. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 10,34a.37-43
Salmo: Sl 117(118),1-2.16ab-17.22-23 (R. 24)
2ª Leitura: Cl 3,1-4 ou 1Cor 5,6b-8
Evangelho: Jo 20,1-9 ou Lc 24,13-35 (nas Missas Vespertinas)

Acesse aqui as leituras.

PÁSCOA: CRISTO RESSUSCITOU!

Nós nunca estamos preparados para enfrentar a morte e, sempre, ela será um grande mistério para todos. Diante da morte de alguém, inúmeras perguntas brotam em nossa mente e muitas angústias afloram em nossos corações. É um encontro que nos assusta, pois não temos nenhuma resposta que nos ajude a entendê-la e suportá-la. A morte de Jesus também foi uma experiência frustrante e decepcionante para todos os discípulos.

Eles conviveram com Jesus por, pelo menos, três anos. Desde o início de sua vida pública, Jesus se mostrou como alguém com uma proposta inovadora e revolucionária. Os discípulos presenciaram um Mestre (Jesus) que não se deixava intimidar por nada e ninguém. Até mesmo o Mal fora derrotado por Cristo em diversas circunstâncias. Os discípulos O viam como um “super-herói” imbatível. Entretanto, nos últimos dias de Jesus em Jerusalém, Ele se mostrou, aparentemente, igual a qualquer outra pessoa. Ele foi humilhado, sofreu muito: dores insuportáveis e foi desprezado. Tudo e todos demonstravam ser mais fortes que Jesus. Definitivamente, para os discípulos, Aquele que se entregou silenciosamente à morte não era o Senhor que eles conheciam.

Pedro acompanhou incrédulo o processo injusto da morte de Jesus, talvez, até, esperando alguma reação, algum milagre da parte Dele para se livrar dos soldados e da condenação certa. Porém, nada aconteceu. Quando Pedro afirma, por três vezes, que não conhecia “aquele homem”, no fundo, ele estava certo: não era o Jesus que ele viu fazer todas as categorias de milagres. O pescador apóstolo não conseguia entender o que estava acontecendo.

Na lógica humana, a morte não tem nenhum sentido e, para Pedro, se revelava uma loucura maior alguém que, poderia se livrar dela, resolve escolher livremente morrer, aparentemente, como mais um inocente condenado injustamente. Alguns devem ter afirmado: para que serve sofrer como nós sofremos, ser humilhado como tantos são humilhados, morrer como todos nós? Eles queriam um Mestre que resolvesse o problema da dor, dos sofrimentos e da morte e não alguém que fosse solidário a todos que percorrem esse caminho. Os discípulos não entenderam quase nada da proposta de Reino de Deus que Jesus procurou ensinar. A morte do Mestre Jesus se revelou como algo estranho e longe da lógica humana.

Páscoa significa “passagem”. Jesus fez a sua passagem desta vida para Verdadeira Vida com a sua Ressurreição, mas os discípulos precisavam também fazer uma “passagem” para entrar na verdadeira proposta de Deus para humanidade. Era necessário abandonar todas as ideias pessoais, interesseiras e limitadas sobre Jesus que todos construíram seguindo o Mestre Jesus pelas terras da Galileia. Jesus Cristo é algo muito mais profundo, mais abrangente e perene do que eles imaginavam. Era necessário entrar na “lógica de Deus”.

O relato da Ressurreição de Jesus no Evangelho de João que meditamos neste domingo é mais centrado em fatos e detalhes significativos sobre a Páscoa de Jesus. O “túmulo vazio” representa uma grande ausência e um imenso vazio em relação às ideias limitadas sobre Jesus. Nosso Senhor não foi somente alguém que foi útil para curar doenças, resolver problemas, dificuldades pessoais e sofrimentos desta vida, muito menos alguém como uma proposta revolucionária e social. Jesus é muito mais do que isso! Era necessário “enterrar” essa ideia de um Deus que é útil somente quando nos serve ou resolve nossas dificuldades.

O relato da Páscoa de Jesus inicia ainda com as cores da sua morte e da decepção dos discípulos. Também o sábado ficou para trás e tudo tem início no primeiro dia da semana: o domingo. São as mulheres entre os seguidores de Jesus que se rebelam e não se contentam com a última cena que viram aos pés da cruz. As mulheres possuem a capacidade de acreditar também com o coração e não somente com a lógica. Ademais, amar e crer estão profundamente ligados: nós verdadeiramente acreditamos quando amamos. Elas foram fiéis até o último momento. Entretanto, tudo não tinha ainda sido suficiente para Madalena. A discípula queria ainda chorar diante do túmulo do Mestre Jesus. A dor da perda ainda era imensa e sem solução. Ela vai ao encontro de alguém que se associava a tantos outros no sono da morte. Ela procura Jesus ainda na noite da decepção e da derrota para o único inimigo (a morte) que ninguém — até então — tinha uma solução ou resposta.

Os seus olhos procuravam um morto, mas Madalena se depara com um túmulo vazio. Tudo indica ter um ritmo diferente e agitado: ela corre do túmulo e, depois, os discípulos também correm para ver o sepulcro de Jesus. Ela transmite a primeira mensagem da Páscoa: o túmulo está vazio e falta um corpo na lista dos mortos. Para Maria (e outras mulheres que estavam com ela), houve um roubo. Porém, foi a morte quem foi assaltada pela ressurreição de Jesus.

A corrida dos discípulos é descrita como uma competição entre o ver e o acreditar. O discípulo descrito como “amado de Jesus” chega primeiro, mas respeita aquele que foi escolhido como “primeiro apóstolo”. Os dois veem o sepulcro e constatam os detalhes que revelavam algo novo e inexplicável.  O primeiro discípulo que chegara, aquele que tinha se inclinado ao peito de Jesus durante a última ceia, começa a acreditar que mais uma vez, Jesus estava surpreendendo a todos. O evangelista João apresenta uma observação sobre o espanto dos discípulos diante do túmulo sem o corpo de Jesus: eles não tinham entendido as Escrituras.

A Páscoa de Jesus não muda o último destino da realidade humana: a morte. Jesus, ao escolher enfrentar este inimigo da humanidade, completa a sua missão de Pastor de todos os homens e mulheres. Era necessário também guiar a todos por esse último caminho que percorremos neste mundo. Entretanto, Jesus vai além de, simplesmente, sofrer e morrer na cruz. Ele abre uma nova via e ensina a todos que até a morte pode ser vencida por todos aqueles que acreditarem Nele e viverem o que Ele mesmo ensinou. O ato de Jesus foi único, pois a sua doação na cruz foi expressão do Amor total e infinito de Deus. Somente o Verdadeiro Amor pode vencer a morte. Esse Amor, pleno e cheio de Misericórdia de Deus, destruiu todos os obstáculos que nos separavam de Deus. Não foram somente os sofrimentos e as dores que Jesus sofreu e carregou até à Cruz que nos salvaram, mas o Amor de Deus que abraçou todos os pecados e suas consequências (sofrimentos de todos os tipos). É o Amor pleno e total de Jesus que o conduziu da morte à Ressurreição. Assim, a Ressurreição não foi uma vitória somente de Jesus, mas também de todos os seres humanos, pois, com Jesus que morria na Cruz, estávamos todos nós. No Cristo que ressuscita, também todos nós estamos presentes. Agora, nós também podemos “passar pela morte” e ressuscitar como Jesus Ressuscitou, percorrendo o mesmo caminho.

Pedro, na primeira leitura, se apresenta como alguém que anuncia a Boa Nova da Ressurreição de Jesus, mas o quer fazer não somente com discursos e ideias inovadoras, mas como testemunha. A sua vida e de todos os que anunciavam Jesus Ressuscitado é a prova mais convincente de que tudo é realmente transformador e verdadeiro. A Ressurreição de Jesus não é um fato ou uma mera novidade, mas algo que revolucionou a vida de todos que O conheceram. Ela pode sempre produzir o mesmo bem a quem acreditar em Cristo como sentido pleno e total de sua vida. É uma proposta de vida que inicia neste mundo e tem sua máxima manifestação não na morte (coisa certa para todos), mas na vida além da nossa existência. Aquele que crê, como nos diz São Paulo, deve viver tudo com os pés neste mundo, tendo o coração e a sua vida na Verdadeira Vida que Jesus inaugurou com a sua ressurreição. Buscamos não as coisas passageiras, mas aquilo que nos conduz para o alto, para Deus. Assim, devemos viver intensamente o Amor de Deus já, neste mundo, para podermos compartilhar o pleno Amor Dele na eternidade.

Uma boa e feliz Páscoa a todos!

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