#Reflexão: Sábado Santo (16 de abril)

13 de abril de 2022

A Igreja celebra no dia 16 o Sábado Santo, a Vigília Pascal. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: Gn 1,1-2,2 ou mais breve: 1,1.26-31a
Salmo: Sl 103(104),1-2a.5-6.10.12.13-14.24.35c (R. cf. 30) ou Sl 32(33),4-5.6-7.12-13.20.22 (R. 5b)
2ª Leitura: Gn 22,1-18 ou 22,1-2.9a.10-13.15-18 (mais breve)
Salmo: Sl 15(16),5.8.9-10.11 (R. 1a)
3ª Leitura: Ex 14,15-15,1
Cântico: Ex 15,1-2.3-4.5-6.17-18 (R. 1a)
4ª Leitura: Is 54,5-14
Salmo: Sl 29(30), 2.4.5-6.11.12a.13b (R. 2a)
5ª Leitura: Is 55,1-11
Cântico: Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3)
6ª Leitura: Br 3,9-15.32-4,4
Salmo: Sl 18(19),8.9.10.11 (R. Jo 6,68c)
7ª Leitura: Ez 36,16-17a.18-28 ou Is 12,2-3.4bcd.5-6 (R. 3) (quando há batismo)
Salmo: Sl 41(42),3.5bcd; Sl 42(43),3.4 (R. 3a) ou Sl 50(51),12-13.14-15.18-19 (R. 12a) (quando há batismo)
Epístola: Rm 6,3-11
Aclamação: Sl 117(118) 1-2.16ab-17.22-23
Evangelho: Lc 24,1-12

Acesse aqui as leituras.

SÁBADO SANTO

É sábado da alegria, sábado do Aleluia na Igreja! A Vigília Pascal é o ponto alto de toda fé e caminhada cristã, pois nesta noite do “1º dia da semana”, domingo, Cristo Ressuscitou! Somente consegue mergulhar na riqueza desta celebração quem entende o sentido da Cruz.

Observemos a cruz de Cristo. São João mostra que, em tudo que acontece com Jesus, Ele é quem toma a iniciativa. Judas não consegue apontá-Lo para os soldados, mas é Jesus que se revela. Na humilhação da coroação de espinhos, Ele é quem vai para fora, onde está Pilatos, e é apresentado como “eis Homem!”. É o próprio Jesus que carrega sobre os seus ombros a cruz. No Evangelho de João, não temos a ajuda de Simão Cirineu.

Deus Pai não quis a Cruz para o seu Filho! Nenhum Pai quer que seu filho sofra e, pior ainda, morra após imenso sofrimento. A vontade do Pai é que o Amor entre os dois fosse semeado gratuitamente em todas as realidades humanas e em todas as circunstâncias. A cruz foi consequência do Amor de Jesus.

Jesus não buscou nenhum sofrimento. Sentindo o que iria acontecer, pede para o Pai que o livrasse do Cálice do sofrimento, mas pede ainda que prevalecesse a vontade do Pai. Essa vontade, Jesus conhecia bem: vencer tudo pelo amor. Assim, livremente, Jesus abraça a Cruz sabendo o que significava: um grande sofrimento!

Jesus não cumpre um destino! Destino, como algo pré-determinado por Deus, para nós cristãos, não existe! A cruz de Cristo foi consequência de sua liberdade e de sua escolha. Em nossa vida cristã, tudo deve acontecer como escolha livre e consciente que fazemos. Ninguém cumpre nada forçado por alguém ou por Deus. Só o Amor e a liberdade podem produzir libertação! Jesus nos deu o exemplo, escolhendo viver o amor de Deus, intensamente, até as últimas consequências, até mesmo diante da morte dolorosa e horrível na cruz.

Entretanto, o amor venceu a morte! A partir de hoje, por cinquenta dias, vamos mergulhar na ressurreição de Jesus, que também é a esperança que temos para a nossa vida. A celebração da Vigília Pascal acontece “no terceiro dia” da morte de Jesus: Ele morre na tarde de sexta-feira (1º dia). Após às 18h de sexta-feira, começa o 2º dia (já sábado para os judeus). Após às 18h de sábado, dá-se o 3º dia. Foi na noite de sábado até a aurora de domingo, no terceiro dia, que Jesus ressuscitou.

Esta celebração tem suas raízes na história do AT. Essa história se iniciou com a criação do mundo. Deu-se também na libertação da escravidão do Egito, com uma nova história. Isaías nos lembra de que os caminhos do Senhor não são os nossos caminhos. Tudo está dentro de um plano de salvação que tem, na Ressurreição de Jesus, a expressão plena.

A nossa celebração começou no silêncio e na noite, como foram os dois dias de espera. Dias de noite e insegurança. Porém, o grão que cai na terra precisa de tempo! Os discípulos não sabiam o que fazer. Qual caminho percorrer? Precisavam de tempo para pensar e decidir o que iriam fazer de suas vidas. Para eles, parece que tudo tinha se encerrado como uma “pesada pedra no sepulcro”. Pelo menos, permanecem reunidos, talvez, somente para fazer memória ou desorientados sem o Mestre.

Os Evangelhos nos narram como tudo começou. Inicia-se uma reviravolta. Foram as mulheres que seguiram Jesus até a cruz que foram bem cedo ao sepulcro Dele. Era quando o dia começa a vencer a noite. Enfrentam riscos, pois a morte e o sepultamento de Jesus foram resultados das maiores forças em Jerusalém: os religiosos judeus e Pilatos. O Mestre Jesus foi condenado como um subversivo; tratado como um perigo e executado como um criminoso. Ir ao seu sepulcro era se associar a ele, mas elas vão mesmo assim.

Na noite de sábado, olharam onde Jesus fora colocado e preparam aromas e perfumes. Para elas, Jesus ainda merece o melhor, o mais digno, como qualquer outra pessoa. Por isso, elas vão ao túmulo para terminar o ritual de sepultamento do Mestre Jesus. Os líderes religiosos tentaram convencer o povo de que Jesus seria um criminoso. Nada mudou no coração daquelas mulheres. Jesus continua sendo o mesmo! Elas queriam oferecer esse último gesto de carinho e amor pelo Mestre. O amor tem essa grandeza no coração de quem ama: não se deixa abalar pelo ódio dos outros.

A Páscoa desta noite significa passagem daqueles que, movidos por amor, enfrentam tudo e todos para se encontrar com a pessoa que ama. No entanto, elas foram para prestar homenagem a um cadáver, um corpo sepultado que não recebeu a preparação adequada para o sepultamento. Observam o preceito do sábado. Estão ainda na perspectiva da religião judaica. Entretanto, há uma novidade: jamais se ungia um corpo após duas noites no túmulo! Elas o fazem!

O costume para os judeus era a unção logo após a morte, somente com óleo e depois envolvê-lo em um lençol. As mulheres, mesmo depois de um dia e meio, vão ungir o corpo de Jesus. Perfumes e aromas eram, normalmente, reservados aos reis. Lucas diz que elas chegam ao início do Novo Dia e acharam a “pedra rolada de diante do túmulo”, mas não viram o corpo do Senhor Jesus. Seus olhos estavam ainda com a cena antiga do enterro.

A Ressurreição não é uma descoberta ou conclusão de algo, mas uma revelação divina. Elas enxergam o passado. Era necessário ver o presente da vida nova em Cristo Jesus. “Dois homens” (com os dois discípulos e testemunhas enviados por Jesus) revelam o que aconteceu. Elas olham para o chão, procurando o corpo. Os “dois homens” convidam a deixar o passado e abraçar o novo: “por que procurais o vivente entre os mortos? Ele não está aqui, mas ressuscitou!”

O sepulcro vazio é a constatação de algo novo. Porém, somente com o anúncio dos “dois homens”, é que tudo tem sentido. Ele sabe o que elas procuravam: aquele homem que elas conheciam, mas Ele ressuscitou! Ele vive e não está aqui! Ele vive e deve ser procurado fora do sepulcro. O sepulcro vazio é um sinal para quem conhece Jesus, como elas!

A história de Jesus não terminou com as mãos dos homens que O assassinaram, mas tudo tem um novo sentido com as mãos de Deus, que rompe a imensa pedra colocada no sepulcro. A ressurreição de Cristo não é uma história que continua só com os apóstolos (como outros mestres), mas é uma história de Cristo Jesus com os seus discípulos. A ressurreição de Jesus Cristo não é algo que acontece no outro lado da vida, mas em nossa vida e história, como algo novo, diferente e cheio de esperança para nós!

As mulheres acreditam que algo novo e inesperado aconteceu. Elas “voltaram do túmulo e relataram tudo aos onze e a todos os outros”. De alguma forma, elas começaram a recordar e acreditar também nas palavras e promessas de Jesus quando estava com todos. Os apóstolos ainda levariam um pouco mais de tempo para acreditar na ressurreição do Mestre.

Ao longo dos próximos domingos, vamos também fazer essa passagem de Jesus de Nazaré, que todos conheceram, para o Cristo, Vida Nova, Ressuscitado.

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