#Reflexão: Natal do Senhor

20 de dezembro de 2021

A Igreja, nesta sexta (24) e sábado (25), celebra o Natal do Senhor. Reflita e reze com a liturgia da missa da Noite do Natal.

1ª Leitura – Is 9,1-6

Salmo – Sl 95,1-2a.2b-3.11-12,13 (R. Lc 2,11)

2ª Leitura – Tt 2,11-14

Evangelho – Lc 2,1-14

Acesse aqui as leituras.

 

NASCEU PARA NÓS UM SALVADOR

Para bem celebrar este grande momento da nossa fé, a Igreja nos propõe duas celebrações no dia 24 de dezembro (à tarde e à noite) e duas para o dia 25 (aurora e dia do Natal). Todas possuem leituras e Evangelhos próprios.

A cena do Natal é conhecida por todos nós, mas, com o passar dos tempos, foi-se acrescentada muita coisa desnecessária ao redor da festa do nascimento de Jesus e, praticamente, o principal está quase que obscurecido. O Natal nos mostra uma simplicidade que até nos espanta e, para alguns, até mesmo escandaliza. Se contássemos a história do nascimento de Jesus para uma pessoa que nunca ouviu falar de Cristo, provavelmente, tal pessoa ficaria talvez até revoltada com Deus. Uma família de gente simples, cuja mulher, estando grávida, foi obrigada a se deslocar para outra região. Enquanto estavam em viagem, longe de tudo e de todos, a mulher deu à luz o seu filho na pequena cidadezinha de Belém. Não encontrando lugar nas casas, Jesus nasceu em um lugar simples: não teve um berço, mas o local onde os animais comiam palha (manjedoura). O recém-nascido, por fim, foi envolvido em faixas de pano. Alguém poderia perguntar: “onde Deus estava”? Mas, exatamente, na história de Maria e José, é onde Deus mais se faz presente entre nós.

As profecias que ouvimos durante o Advento falaram de um tempo novo e completamente diferente daquilo que as pessoas viviam. Um tempo de paz, de justiça, de igualdade e dignidade. Mas, no Natal, tudo se mostra diferente: não temos coisas grandes, nem grandes sinais, nem mesmo um evento que foi percebido pelas pessoas daquele tempo… O grande sinal proposto por Deus aos pastores é “um menino enrolado em faixas e deitado em uma manjedoura”. O Natal é uma grande surpresa de Deus escondida em pequenas coisas!

No Antigo Testamento, encontramos manifestações de Deus que tremem as montanhas e provocam grandes agitações na natureza (raios e terremotos). Os profetas falam de um Messias forte que reinará sobre todas as nações com sua força. Porém, tudo, aparentemente, foi diferente e quase irreconhecível.

Deus decidiu fazer tudo do seu modo. Escolheu a simplicidade profunda de pessoas com um coração imenso e prontas para serem instrumentos para a humanidade: José, Maria, Isabel e João Batista. Levou a diante um projeto no qual uma nova humanidade seria recriada e transformada, mas de dentro para fora. Era necessário mostrar ao mundo que a revolução das profecias não era no social e na política, mas no coração: era preciso criar mulheres e homens novos! E tudo isso teve início no Natal do Senhor.

A cena que temos em nossos olhos do nascimento de Jesus revela particulares que nem sempre conseguimos entender sua profundidade. Chama-nos atenção as ausências no presépio: de uma casa, de segurança, de estabilidade, de aconchego, de acolhida e de reconhecimento. Tudo se mostra sem instabilidade: até o último momento do parto “não havia lugar para eles”. Para nossa lógica: faltava tudo! Porém, é aqui que o Natal de Jesus começa a nos ensinar os verdadeiros valores que são fundamentais para a nossa vida.

O Natal de Jesus não é só uma realidade marcada por “tantas carências” que nos espantam, mas a “verdadeira presença” daquilo que é fundamental em nossa vida. Todas as ausências citadas (casa, aconchego, segurança…) são situações importantes para todos nós, mas aquilo que é fundamental para nossa existência ganha o principal destaque no Natal de Jesus: as pessoas! Um pai, uma mãe e um bebê. Em torno das pessoas que compõem nossa existência, é que temos que fundamentar nossa vida. No nascimento de Jesus, tudo ao redor da família de Nazaré é tratado como algo secundário para que o essencial fosse identificado.

Em nossa vida, de fato, experimentamos constantemente isso. Quando as pessoas que compõem a nossa existência e dão sentido a nossa vida ocupam o centro de nossa realidade, conseguimos enfrentar com coragem todas as outras ausências. O contrário nós também vemos: pessoas que colocam as coisas materiais e as comodidades da vida no centro de tudo que vivem passando por frustrações e tristezas.

Na noite do Natal de Jesus, tudo é profundamente significativo, mas do modo de Deus. Enquanto o mundo da época tinha sua atenção voltada para o grande Cesar de Roma e suas leis, outra história estava iniciando no meio da humanidade. Há aí dois homens da história, mas somente um deu realmente sentido à vida das pessoas.

Aqueles que querem ser reconhecidos como “grandes homens” precisam fazer muito barulho para serem notados e necessitam impor seu poder e causar medo para serem respeitados. No Natal, Deus resolveu fazer o contrário: no silêncio da noite, na periferia de uma pequena cidade, entre animais e sem nenhum grande público, Jesus Nosso Deus veio habitar entre nós. Belíssima história de Deus, que não quis conquistar com braço poderoso, mas com o encanto que é próprio de cada criança; não se impôs a ninguém, mas foi solidário com todos; não chegou fazendo barulho, mas nos fascinou com sua simplicidade e pequenez.

No Natal, aprendemos que a simplicidade não é sinal de ausência, mas presença daquilo que é fundamental. A humildade da família de Jesus não significa falta de valores, mas exatamente a presença daqueles que são principais para nós: fé, obediência e confiança. Aquela era uma noite especial, na qual tudo, aparentemente, conspirava para sofrimento e tristeza. Entretanto, nos foi revelada como cheia de luz e de louvor. O grande sinal deixado por Deus na manjedoura não nos remete ao divino somente, mas ao mais profundo da nossa realidade humana. Lá, onde o belo do humano se encontrou com o maravilhoso de Deus, encontramos um menino recém-nascido. Naquela noite feliz do Natal de Jesus, a humanidade ganhou não somente mais uma criança de uma família simples e humildade, mas o verdadeiro sentido de nossa presença neste mundo.

FELIZ NATAL A TODOS!

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