#Reflexão: Solenidade de Pentecostes (05 de junho)

1 de junho de 2022

A Igreja celebra, no dia 05, a Solenidade de Pentecostes. Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura:
At 2, 1-11
Salmo: 103 (104),1ab.24ac.29bc-30.31.34 (R. cf. 30)
2ª Leitura:1Cor 12,3b-7.12-13
Evangelho:Jo 20,19-23

Acesse aqui as leituras.

PENTECOSTES

            No Domingo passado, celebramos a subida (Ascensão) de Jesus aos céus. Depois de se despedir dos apóstolos, Nosso Senhor retorna para o Pai Eterno, mas sem nos abandonar e nos deixar sozinhos neste mundo. Em suas últimas palavras, Cristo renova sua promessa de mandar o Espírito Santo sobre todos e assim, permanecer com todos até o final dos tempos.

Naquele momento de despedida, um dos apóstolos fez uma última pergunta a Cristo. Ele queria saber se seria naquele momento que Israel seria reconstruído. A pergunta revela a limitada visão dos discípulos sobre Jesus e também em relação a eles mesmos. Os apóstolos ainda imaginavam uma ação de Jesus como um revolucionário e limitada ao campo social e político: uma libertação política dos romanos. Mas, a missão de Jesus era algo muito mais amplo que duraria até o final da história. Os apóstolos deveriam continuar o projeto iniciado pelo Mestre Jesus, não no âmbito político, mas no coração das pessoas. Mas, para que isto acontecesse, todos deveriam receber uma força especial de Deus. Tal presença especial aconteceu no dia de Pentecostes.

            Passados 50 dias da festa da Páscoa judaica, durante a celebração da solenidade de Pentecostes dos judeus (quando se lembrava da Lei de Deus doada para o seu povo), aconteceu outra grande transformação e doação de Deus: o Espírito Santo. Com a vinda do Espírito Santo, a Igreja de Cristo é revestida com as graças necessárias para iniciar sua missão. Não pensemos uma Igreja templo, construção, instituição ou um local de rituais sagrados. A Igreja de Cristo é formada de pessoas: nós somos o verdadeiro Templo de Deus!

Lucas no seu livro dos Atos dos Apóstolos nos conta como foi o nascimento da Igreja. Reunidos em oração, “de repente veio do céu um ruído forte como se soprasse um vento impetuoso”, isto nos lembra quando Deus agia no AT: sempre com fortes sinais da natureza; “encheu toda a casa”, todos recebem a mesma graça e força de Deus; “Apareceram espécie de línguas de fogo”, fogo sempre nos lembra de luz, iluminação, mas também de purificação e separação (das impurezas); “se repartiram e pousaram sobre todos presentes”, a experiência era comunitária, mas a graça foi pessoal.

Com esta linguagem simbólica, Lucas nos ensina que o dom do Espírito Santo vem de Deus e não algo que alguém consegue atingir; ninguém merece tal graça, mas ela é dada como dom de Deus. A origem é única e exclusiva e não algo que, de tempos em tempos, alguém cria afirmando ser uma nova fonte. A verdadeira Igreja de Jesus nasce no dia de Pentecostes e não em outro período da história.

O primeiro dom concedido pelo Espírito Santo foi a oração. De fato, uma missão do Espírito de Deus é nos ajudar a rezar, nos colocar em comunhão com o nosso Deus e Pai. Logo em seguida, todos foram conduzidos pelo Espírito Santo para anunciar às pessoas daquele lugar. O Espírito de Deus é amor e por isto é um grande dom que se manifesta em uma grande alegria e alegria a gente não retém pra nós: logo queremos compartilhar!

            A Igreja que nasce no dia de Pentecostes possui características bem definidas: é formada pelas mesmas pessoas que caminharam com Jesus que não foram tão fiéis a sua missão, mas com força do alto, Espírito Santo, foram transformadas: de medrosos que estavam no início, passaram a anunciar com coragem e alegria a todo mundo tudo que tiveram a graça de ver, escutar e experimentar junto de Jesus. Outro aspecto que percebemos é o forte caráter comunitário do grupo: passam a fazer tudo como uma grande família (oração, pregação, vida em comum etc.). Por fim, eles se tornam instrumentos nas mãos de Deus. Fazem tudo seguindo a vontade de Deus que procuravam discernir através da oração e comunhão entre todos.

O evangelista João, do seu modo, explica como foi o Pentecostes. Os apóstolos estavam reunidos, mas ainda cheios de medo e temor por tudo que tinham presenciado em relação à morte de Jesus. O próprio Cristo ressuscitado ao se revelar a eles, lhes concede como primeiro dom a paz (para tranquilizar os seus corações) em seguida, lhes transmite a graça do Espírito Santo. Deveriam usar da Força do Alto para produzir paz e concórdia. O Poder do Alto concedido por Jesus sobre todos não era para ser usado para produzir guerra e vingança, mas gerar paz. Para Jesus, enquanto os corações estiverem mergulhados no pecado e sem o perdão, jamais conseguirão experimentar a paz e o amor de Deus.

Esta é a principal missão da Igreja de Cristo: semear paz e perdão no coração das pessoas. Jesus insiste que o modo de realizar tudo é através do testemunho, principalmente, do Mandamento do Amor. O mundo e aqueles que estão associados ao mal, procuram somente produzir morte e medo; os discípulos de Cristo devem fazer o contrário.

A festa do Pentecostes não é somente um momento de comemorarmos um fato ocorrido no passado, mas de renovarmos também a nossa missão. O Espírito Santo é um grande dom que é concedido a uma pessoa no dia do seu Batismo, de forma gratuita e generosa da parte de Deus; quem recebe o Dom do Alto é chamado a compartilhar com outras pessoas.

A Igreja de Cristo continuará sempre presente no mundo através do Batismo. De fato, no momento em que alguém recebe este Sacramento, tal pessoa se torna Templo de Deus; nosso Deus toma posse e no batizado faz sua morada e nada e ninguém jamais será capaz de expulsá-Lo. No dia de nosso Batismo, passamos a nos tornar uma morada permanente da Trindade e Templo de Deus. E isto tudo jamais deve ser visto como privilégio ou exclusividade, mas como graça que recebemos e de graça devemos compartilhar com as outras pessoas. O Batismo nos torna missionários do Amor de Deus e os novos anunciadores das maravilhas que Deus tem feito em nossa vida. Assim, celebrar o Pentecostes é renovar a nossa missão: proclamarmos ao mundo a nossa fé, mas principalmente o grande amor que Deus tem por nós! Cada cristão é chamado a anunciar tudo isto com seu testemunho e a sua vida.

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