Solenidade de São Pedro e São Paulo Apóstolos

26 de junho de 2023

A Igreja celebra a Solenidade de São Pedro e São Paulo, neste domingo (02). Reflita e reze com a sua liturgia.

Leituras:
1ª Leitura: At 12,1-11
Salmo: 33(34),2-3.4-5.6-7.8-9 (R. 5)
2ª Leitura: 2Tm 4,6-8.17-18
Evangelho: Mt 16,13-19

Acesse aqui as leituras.

SOLENIDADE DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO

Sobre a festa deste final de semana, diz Santo Agostinho (354-430): “Hoje é para, nós, dia sagrado, porque nele celebramos o martírio dos apóstolos São Pedro e São Paulo… Na realidade, os dois eram como um só; embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho”.

Pedro foi preparado por Jesus para uma missão muito especial dentro da comunidade dos discípulos e na sua Igreja. Era fundamental que ele fosse a principal referência para os demais apóstolos e discípulos. Alguém que pudesse passar a segurança necessária e a fé profunda em Jesus, que continua presente e conduzindo sua Igreja. Os doze apóstolos, logo no início foram reconhecidos como “colunas” da Igreja (cf. Ap 21,14; Gl 2,9). E Pedro foi constituído pelo próprio Jesus como pedra de fundamento.

No Evangelho desta solenidade, Jesus questiona os seus sobre Ele e a sua missão, quase como uma pesquisa de opinião: “O que dizem as pessoas que eu sou?” A opinião do povo é bonita, mas incompleta: dizem que Jesus é como um profeta! Uma criatura de fogo e luz, como Elias ou o Batista; que é a boca de Deus e a boca dos pobres, como foram os profetas.

Mas Jesus não é simplesmente um profeta ou um grande personagem do passado, mesmo considerando-o como o maior entre os profetas. Assim, o Mestre quis saber dos seus discípulos que caminhavam há um tempo com Ele: “Mas, e vocês quem dizem que eu sou?” Em primeiro lugar, existe um “mas, e vocês”, em oposição ao que o povo dizia. Vemos que Jesus, mais do que oferecer respostas, Ele oferece perguntas; não dá aulas, mas conduz com delicadeza a busca interior.

Pedro responde: “Tu és o Messias (Cristo)”. É um reconhecimento que as profecias espalhadas no AT se realizam em Jesus. O povo de Deus rezava sempre pedindo um novo “ungido” (“Cristo” em grego) e Pedro professa uma fé afirmando que a promessa se realiza no seu Mestre. Sabemos que a compreensão sobre “Messias”  de Pedro era diferente de Jesus, mas isso, o próprio Mestre vai ajudar seus discípulos a compreender.

E Pedro ainda completa: “Tu és o Filho do Deus vivo”. O primeiro discípulo, do seu modo, continua com uma expressão que é um grande salto de fé, pois afirmar “Filho do Deus Vivo” é estabelecer que entre Jesus e Deus há uma ligação profunda e diferente de todas as seres humanos. Uma filiação única e exclusiva, não de predileção ou de escolha, mas entre um Pai e um Filho.

Jesus como Messias com uma ligação filial única com Deus Vivo, sabemos como Ele realizou estas palavras da fé de Pedro. Jesus que se entregou por todos e não tirou a vida de ninguém. É o único que não engana ninguém com falsas promessas. Ele possui um amor desarmado, que não se impõe, que nunca entrou nos palácios dos poderosos senão como prisioneiro. É amor que vence sempre, mesmo depois da morte em cruz.

A Páscoa que celebramos é a prova de que a violência não é a dona da história e do coração dos homens; vimos que o amor é mais forte, pois “a luz é sempre mais forte que a escuridão” (Papa Francisco). Para cada ser humano, Deus tem um amor indissolúvel: “Nada, vida ou morte, anjos ou demônios, tempo ou eternidade, nada jamais nos separará do amor” (Rm 8,38).

Diante da fé profunda de Pedro, Jesus lhe propõe uma grande missão. Esta não nasce do conhecido correto e completo sobre quem é Jesus, mas daquilo que o discípulo pescador conseguiu alcançar. A fé, mesmo que ainda imperfeita, já é suficiente para Jesus. Assim, muda o seu nome de “Simão” para “Pedro”, palavra próxima de “pedra”.

Em seguida, Jesus completa o primado de Pedro a partir de sua fé com dois símbolos: “Eu lhe darei as chaves” e “ligar no céu e na terra”. Pedro e – segundo a tradição – os seus sucessores são a rocha da Igreja enquanto continuam a anunciar Cristo como o Filho do Deus vivo. Assim, cada um de nós é uma rocha para toda a humanidade se repetirmos incansavelmente que Deus é amor; que Cristo está vivo, um tesouro vivo para toda a humanidade.

A Pedro ainda lhe concede uma autoridade especial: “o que ligarás na terra…” os laços que Pedro construir, as pessoas que se unirem a fé da Igreja em Pedro, encontrarão para sempre ligação no céu. A oferta da fé deve ser livre e a aceitação também deverá ser livre, por isso, é algo que deverá ser ligado. Mas, aqueles que se separarem desta fé presente na Igreja de Jesus, a decisão deles será respeitada: “O que tu desligares na terra, será desligado no céu”.

A Igreja de Cristo tinha que ter firmeza e fundamentos estáveis e definitivos, pois ela tem um único alicerce que é o próprio Cristo Jesus. A Igreja é o Corpo de Cristo na história; todos os batizados são membros deste mesmo corpo (cf. Rm 12,4-5; 1Cor 12,12.27; Ef 4,4; 5, 29s; Cl 1,24). Quem inicia e a mantém é o próprio Cristo Jesus, pois Ele é a sua cabeça (cf. Ef 1,22; 4,15; Cl 1,18). Pedro foi escolhido como o início e a base desta Igreja que permanece presente na história até o final dos tempos. Por isso, o apóstolo pescador desde o começo da caminhada da Igreja de Jesus tornou-se a principal referência para os cristãos como representante de Cristo.

Na 1ª leitura, ouvimos um exemplo da grande importância de Pedro para a Igreja de Cristo. O rei Herodes já tinha mandado matar a espada o apóstolo Tiago e mandou prender Pedro. A “Igreja rezava continuamente a Deus por ele”. Dois poderes em jogo: da espada e da oração. Deus intervém de uma forma espetacular. O céu vem em auxílio com um anjo que liberta sem violência e sem mortes. Pedro tem a proteção de Deus e dos seus anjos. E em sua vida, o apóstolo, pedra da Igreja de Cristo, cumpriu com grande exemplo de fé sua missão até o seu martírio em Roma. Pedro passou, mas a Igreja de Cristo continua sua missão.

Paulo é o exemplo mais concreto que é o próprio Cristo Jesus que está à frente de sua Igreja. Jesus continua escolhendo pessoas segundo os seus critérios. Saulo de Tarso perseguidor da Igreja, aos olhos de todos, não seria o mais adequado para fazer parte do grupo dos discípulos. Mas, Cristo escolheu Paulo pessoalmente. Se Pedro representa o início e o fundamento da fé em Cristo vivo e ressuscitado para a Igreja, Paulo foi outra coluna importantíssima para a missão de implantar o Reino de Deus neste mundo. Era necessário levar o anúncio da salvação em Cristo para todas as pessoas e em todos os tempos.

Paulo chamado por Jesus de um modo diferente se sentia tão apóstolo como os demais. Assumiu com o mesmo empenho a missão de espalhar a Boa Nova da Salvação de Cristo para todos. Paulo sempre atuou com uma equipe missionária como se percebe no início de suas cartas, criou diversas comunidades, escreveu cartas e plantou a mensagem do Evangelho nas principais cidades daquela época. Homem corajoso na fé e firme na esperança, Paulo de Tarso deu testemunho de Cristo a partir da sua própria vida. Foi dedicado e zeloso no judaísmo e da mesma forma, foi um cristão fervoroso e fiel a Cristo depois de seu chamado. Enfrentou dificuldades, perseguições dentro e fora da comunidade cristã, mas jamais desanimou e deixou de evangelizar.

Na 2ª leitura, ouvimos seu testemunho e consciência: afirma que lutou um bom combate, completou sua missão e guardou a sua fé. Como Pedro também Paulo percebeu que o mais importante é se deixar guiar pelo próprio Jesus que governa e conduz a sua Igreja. Animados por estes dois grandes homens da fé, peçamos a mesma coragem e perseverança para todos nós e para aqueles que nos guiam hoje à frente da Igreja de Cristo.

Faça o download da reflexão em pdf.